segunda-feira, 11 de abril de 2011

DESAFIANDO RIO MAR - LAGOA DOS PATOS

Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 10 de abril de 2011.

A Lagoa dos Patos vista desde satélite.
Bem abaixo está a sua foz com
o Oceano Atlântico, junto à cidade de
Rio Grande. Bem ao norte o estuário
do Rio Guaíba, onde está Porto Alegre.
Foto: Wikipedia
fotoformatação (PVeiga)

Lagoa dos Patos

Jefferson Dieckmann

Minha lagoa

Imenso mar doce

Praias pacatas

Brancas areias

Esguios coqueiros

Sentinelas de pedra

a vigiar nosso banho

Mornas águas,

onde navegam lembranças,

onde se afogam as mágoas,

onde as velas se içam,

onde as redes se tramam,

onde salgam as águas,

onde lavo a alma,

onde sou teu filho,

onde vejo famílias,

onde se abrem sorrisos

Estuário da vida

Berço da minha existência...

– Lendas Amazônicas

A primeira e invariável pergunta dos comunicadores sobre nossas amazônicas jornadas referem-se aos perigosos banzeiros e feras aquáticas como gigantescos sauros e peixes que povoam aquelas águas. Mais uma vez afirmo que o imaginário de quem não conhece a região tem sido alimentado por pessoas mal informadas que por ali rapidamente passaram. O pulsar constante das águas transforma, para estes incautos e apavorados visitantes, inofensivos troncos em formidáveis jacarés-açu (Melanosuchus Níger) e pirararas (Phractocephalus hemioliopterus) gigantescas, cipós em ameaçadoras serpentes... Depois de descer 3.550km, de caiaque, pelos amazônicos caudais posso afirmar, com tranquilidade, que avistei apenas no Rio Negro alguns poucos e assustados jacarés-tinga (Caiman crocodylus) e os gigantescos jacarés-açu apenas na Reserva de Desenvolvimento de Mamirauá, na minha descida pelo Solimões, e em alguns lagos próximos à Itacoatiara, descida do Amazonas. Estes enormes predadores povoam, via de regra, os lagos e igarapés onde a pesca é mais abundante e onde o movimento de embarcações é menor.

– Lagoa dos Patos

Nossa próxima jornada que amanhã, 10 de abril de 2011, se inicia, é na Lagoa dos Patos, RS, um verdadeiro Mar Interior, a maior laguna do Brasil e a segunda da América Latina, com 265 quilômetros de comprimento e até 60 de largura, estendendo-se na direção nor-nordeste/sul-sudoeste, paralelamente ao Oceano Atlântico. Os ventos fortes, por mais de uma vez determinaram que eu, contrariado, abortasse a missão (www.clicnews.com.br). Na Amazônia enfrentei, de caiaque, alguns banzeiros e uma tempestade no Tapajós embarcado, confortavelmente no Barco Piquiatuba.

“O Cavalleiro Carlos Fred. Phil. de Martius, membro da Academia R. das Ciências de Munich, fazendo de 1817 a 1820 de ordem de Maximiliano José, Rei da Baviera, uma viagem scientifica pelo Brazil, e tendo sido aos 18 de setembro de 1819 salvo por misericórdia divina do furor das ondas do Amazonas, junto à Villa de Santarém, mandou, como monumento de sua pia gratidão ao todo poderoso, erigir este crucifixo nesta igreja de nossa Senhora da Conceição, no ano de 1846”. (gravação, em relevo, na chapa de ferro do Crucifixo de Von Martius).

A violenta tempestade, felizmente estava alinhada com nossa proa e não oferecia muita resistência ao vento, o Piquiatuba corcoveava indômito e valente e enfrentava a procela como a nau Argo, do distante pretérito, rumo ao Velo de Ouro. Felizmente nosso competente timoneiro, o Sargento Aroldo Sérgio Barroso, conhecia como ninguém, todas as manhas de sua arte e conduziu com segurança nossa embarcação até o porto distante.

A tempestade fez-me imaginar a tormenta enfrentada por Von Martius, em sua frágil embarcação, no pretérito longínquo. Talvez a repercussão deste fato e outros tantos amazônicos naufrágios levem-nos a pensar que ali se formam as mais violentas tempestades e ondas que audazes argonautas Sul-americanos possam enfrentar em águas interiores.

“É um inferno de ondas revoltas, o caiaque corcoveia nas cristas que quebram e chicoteiam sem parar. Não tem para onde fugir, só resta enfrentá-la”. (André Issi)

A Lagoa ou “Laguna dos patos” é, sem dúvida, bem mais poderosa e perigosa do que os Rios Amazônicos. Amigos vamos descer de caiaque até a cidade de Rio Grande, na companhia do professor Romeu Chala e apoiados pelo Coronel PM Sérgio Pastl e sua equipe, a bordo do veleiro Ana Claci

– Blog e Livro

Os artigos relativos à “3ª Fase do Projeto–Aventura Desafiando o Rio–Mar – Descendo o Amazonas I” estão reproduzidos, na íntegra, ricamente ilustrados, no Blog http://desafiandooriomar.blogspot.com desenvolvido, recentemente, pela minha querida amiga e parceira de Projeto Rosângela Schardosim. O Blog contempla também as duas fases anteriores de minhas descidas pelo Rio Solimões e Rio Negro de caiaque.

O livro “Desafiando o Rio–Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS, rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br), Livraria Dinamic – Colégio Militar de Porto Alegre ou ainda através do e–mail: hiramrsilva@gmail.com

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar (IDMM); Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB); Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br - Blog: http://desafiandooriomar.blogspot.com

E–mail: hiramrs@terra.com.br

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