Por João Bosco Leal
Assistindo um telejornal pela manhã onde o principal assunto era o massacre de crianças ocorrido em uma escola do Rio de Janeiro, me chamou a atenção o quanto o mesmo é desvirtuado quando os microfones e holofotes são dirigidos a políticos, o que me fez pensar sobre o que os move, além dos interesses próprios.
No calor dos acontecimentos, ministros, governadores, senadores e deputados, falam sobre o assunto como se a única saída para que tais fatos deixem de ocorrer no país seja a proibição da comercialização de armas no país e que, portanto, nada melhor do que a realização de um novo plebiscito sobre o tema, como o ocorrido em 2005.
Ao ouvir aquilo pensei estar ouvindo uma piada, mas logo o Ministro da Justiça alegou que o tema realmente precisa ser rediscutido, pois no país fatos como aquele não poderiam mais ocorrer, e, questionado, o Presidente do Senado José Sarney disse que um novo plebiscito se justifica pelo fato de que "o Brasil de hoje não é o mesmo de alguns anos atrás".
O jornalista Alexandre Garcia comentou que as coisas realmente mudam, tanto que em 1984 o próprio Sarney comparecia às reuniões do Congresso com um revolver no bolso, e que precisávamos mesmo era cuidar do cérebro desequilibrado das pessoas, pois o Brasil possui uma legislação extremamente rígida para o comércio de armas, o porte legal é raríssimo e, mesmo assim, ocorreram mais de 50.000 crimes com armas de fogo, enquanto nos Estados Unidos, onde a comercialização é totalmente liberada para os maiores de idade, e possui uma população de 300 milhões de habitantes, no mesmo período ocorreram menos de 15.000 crimes.
Discordo de Alexandre, pois entendo que o cérebro desequilibrado deve ser o de nossos congressistas, ao sequer cogitar um novo plebiscito. A população brasileira já respondeu a isso com 64% votando para a NÃO proibição. E essa mesma população teria que arcar com um novo plebiscito, apenas 6 anos depois de sua realização, com todos os custos envolvidos para a nação, desde as campanhas publicitárias nos meios de comunicação, a instalação de urnas em todo o país, e a locomoção de todos os brasileiros até os locais de votação.
Uma movimentação de tamanha envergadura, que interrompe o período de produção ou de laser daquele que vai votar, impedindo assim a consequente geração de riquezas para o país, e a melhor qualidade de vida de seus cidadãos, além de seu enormes custos, só se justificaria em um assunto de importância extrema que não tivesse sido recentemente discutido.
Assuntos tão importantes como a lei que ficou conhecida como Ficha Limpa, só foi implantada por esses mesmos congressistas a pedido de milhões de brasileiros que assinaram a solicitação, e mesmo assim tiveram que continuar pressionando bastante, para que a mesma fosse votada e aprovada, o que de nada adiantou, pois as artimanhas jurídicas criadas pelos mesmos congressistas, provavelmente já mal intencionados, não permitiram que a mesma surtisse o efeito desejado, e todos os Fichas Sujas eleitos foram empossados.
Como também fartamente demonstrado e documentado pela imprensa nos últimos dias, o Brasil não possui legislação específica contra o terrorismo, e uma política mais dura contra o tráfico ilegal de armas, essas sim as responsáveis por 90% dos crimes ocorridos com armas de fogo no país, o que provoca reações de outros países, como a não aceitação do Brasil como membro do Conselho e Segurança da ONU.
O Brasil precisa de políticos não corruptos, que não se aproveitem dos holofotes jogados sobre os dramas das famílias atingidas para propor mais ações que só acobertarão a realidade, pois os atuais perceberam que o país está mudando, e mudam constantemente a legislação, de modo a continuar atendendo exclusivamente aos próprios interesses, escusos, e continuarem impunes.
Imagens da Internet - fotoformatação (PVeiga).
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