Por João Bosco Leal
Voa a vida e não sentimos. ...E o relógio: tique, taque, tique, taque... |
Percebo pessoas tristes, arrependidas, e outras felizes e orgulhosas, ao se lembrar de seu passado. São posições muito distintas, e, mesmo quando a reação é semelhante, noto que o mesmo sentimento pode ser de intensidade variada.
Infâncias e juventudes mais ou menos abundantes, seja de amizades, namoros, carinho, amor, aproveitamento escolar, ou mesmo de bens materiais, fazem com que cada um, no futuro, sinta esse passado de modo diferente, e isso é normal, pois, como as impressões digitais, todos somos diferentes.
Não somos como produtos industrializados, fabricados em série, numa linha de montagem robotizada, controlada por computadores, onde os humanos participam somente do liga e desliga das máquinas e robôs, ou da colocação de peças específicas nas esteiras rolantes.
Fomos, cada um de nós, gerados em locais, momentos, situações, e por pais e mães diferentes, que nos educaram com maior ou menor rigidez. Crescemos cada um em uma casa, rua e cidade. Estudamos em escolas e tivemos professores e amigos diferentes. Durante o crescimento tivemos algumas doenças, caímos, nos machucamos, sofremos acidentes, tomamos determinados remédios, e, por afinidades, opções, praticamos esportes diferentes uns dos outros.
Assim como o ferreiro tradicional, aquele que molda uma ferramenta a ferro e fogo, de modo rústico, e que mesmo trabalhando no mesmo local, e com as mesmas marreta e bigorna, não consegue fabricar duas peças idênticas, apesar de produzi-las muito parecidas, essas diferenças na geração, criação, educação e crescimento, dos menores aos maiores detalhes, são a nossa moldagem pela vida, que nos tornam seres humanos inigualáveis.
Assim, todos nós tivemos passados com moldagens distintas, mesmo que parecidas, como no caso de irmãos, mas diferentes, e essa compreensão, esse entendimento, pode e deve nos ajudar na convivência com nossos semelhantes, próximos ou distantes, e com o nosso próprio passado.
Quando entendemos isso de modo claro e objetivo, passamos a entender e aceitar melhor as pessoas, e de nada adianta nos lastimarmos ou nos vangloriarmos de nosso passado, pois ele é imutável. O que podemos e devemos, é aprender com o passado, de modo a construir um futuro melhor, e, dentro do possível, com moldagens bem semelhantes entre os que se querem bem, e pretendem permanecer próximos.
Estar vivo já significa possuir um passado, e como alterar o nosso ou o de alguém é impossível, devemos ter maturidade para aceitá-lo, pois ele existiu, e alterar o possível, o futuro, para que mais adiante, não tenhamos os mesmos arrependimentos, e os mesmos desejos de mudar o imutável.
Deixando de lado o egoísmo e o individualismo natural do ser humano, devemos analisar o passado para com ele aprender, para com isso aceitar, perdoar, e tentar, cada um, construir um futuro com menos orgulhos ou arrependimentos individuais, e com mais resultados conjuntos.
Aprender com o passado e colocar uma pedra sobre ele, deixando-o para trás, e não permitindo que caminhe mais ao nosso lado, é certamente o melhor caminho para um futuro melhor, pois desejar que esse passado tivesse sido diferente, ou permitir que caminhe conosco, não é construtivo, mas perda de tempo e energia.
Imagem da Internet -fotoformatação e legenda (PVeiga).
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