sexta-feira, 8 de abril de 2011

NOSSOS RELACIONAMENTOS

Por João Bosco Leal

(Imagens da Internet - fotoformatação (PVeiga)

Lendo um texto de Mário Quintana, comecei a refletir sobre como encaramos nossos relacionamentos com outras pessoas, sejam com os pais, filhos, amigos, namoradas, esposas, ou qualquer outro.

Desde crianças, temos a tendência de imaginar que precisamos de alguém ou que alguém necessita de nós, de nossa amizade, favores, carinho e amor.

Lembrei da história do menino dono da bola, que não a empresta se ele não jogar junto, ou que, quando contrariado, leva a bola embora, e o jogo acaba. Com o controle da bola ele controla a situação, mas por uma única vez, pois certamente outra bola aparecerá, o jogo continuará, e claro, ele não participará mais.

Quando jovens, passamos a procurar a nossa "cara metade", e isso jamais encontraremos. Como metades, não sobreviveríamos sem a outra parte, seríamos dependentes dela, e tudo o que traz dependência é uma droga.

O que realmente deveríamos procurar seria a "tampa da nossa panela", um outro inteiro, que nos complemente. Assim como nós não somos metades, as outras pessoas são inteiras, completas, e aí está a maravilha da vida.

Alguém do qual necessitamos, precisamos, seria uma simples alternativa, normalmente material, mas apesar de poder nos proporcionar os mais diversos tipos de prazeres, os materiais, jamais nos faria realmente felizes.

Para sermos felizes com alguém, é necessário, principalmente, não precisarmos dessa pessoa, não dependermos dela. Sermos capazes de levar uma vida totalmente independente, sem ela. Quando temos essa consciência, já mudamos radicalmente o modo de nos relacionarmos, e só estaremos com alguém se o desejarmos, e não por necessidade.

Aquela pessoa que você ama, ou acha que ama, em quem pensa o dia todo, com quem se preocupa, a quem tenta agradar com uma simples fruta apanhada no pé, por ser a que ela gosta, mas que não lhe corresponde, não se prende por você, certamente não é a pessoa certa, aquela com quem deveria passar sua vida.

Não perca seu tempo com ela, não se dedique mais, não vale a pena, pois ela pode até simpatizar com você, gostar de suas atitudes, sua dedicação, mas não o amará. E não por culpa dela, mas porque você não é a pessoa que ela procura apesar de você achar que é ela a quem procura.

Não existe a menor possibilidade de um relacionamento, de qualquer tipo, dar certo, a longo prazo, quando esse desejo é unilateral. Nenhuma amizade, namoro ou casamento suportará. E por mais que se tente, pode aumentar a amizade, a afinidade, o carinho, mas o verdadeiro amor não ocorrerá.

Normalmente de onde, e quando menos se espera aparece a pessoa que sempre procurou, aquela com os mesmos sonhos, objetivos e ideais que você, com quem buscará alcançar algo, partilhará as dificuldades, os tropeços, e os sucessos da busca.

Ao lado dela você chorará, sorrirá, e partilhará seu bem mais importante, a vida. Construirá uma história, que, mesmo quando se referir às dificuldades, sempre poderá ser contada com alegria. Essa certamente será sua parceira ideal

Nossas amizades e nossos relacionamentos são assim, ninguém precisa de ninguém. As pessoas que se dão bem se complementam, e permanecem juntas, por estarem dispostas a partilhar algo. As outras se suportam, e isso não vale a pena.

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