A covardia teatralizada
O Sistema Brasileiro de Televisão, comandado por Sílvio Santos, um dos mais bem sucedidos empresários da era do "Regime Militar", com o qual sempre manteve relacionamento cordial e amistoso, abre sua central de produções para perpetrar um atentado contra a história republicana deste país, ao levar ao ar uma novela que se propõe a utilizar a dramaturgia como objeto de revanchismo, por parte de traidores pátrios derrotados, contra aqueles que, cumprindo o juramento de defender a pátria, ainda que com o sacrifício da própria vida, não permitiram que a bandeira do comunismo ateu, empunhada por maus brasileiros, fosse hasteada em nosso território, como o fora no de outros países que não ofereceram resistência às incursões expansionistas do Urso avassalador do Leste Europeu.
“Amor e Revolução", obra do autor Tiago Santiago, é antes de tudo expressão de covardia, porque se propõe a difundir a milhões de telespectadores uma versão distorcida e unilateral, acerca do que aconteceu naqueles anos difíceis, mas necessários, com a utilização de cenas dantescas de maus tratos e tortura, sempre atribuídas aos agentes do poder constituído, mantendo na obscuridade os atos frios e calculistas perpetradas por representante da guerrilha comunista, muitos deles configurados na eliminação sumária de companheiros "descartáveis", que nada mais tinham a oferecer de positivo na senda terrorista que trilhavam.
Meu velho e saudoso pai sempre dizia que "depois que o touro está no chão" todos os palhaços do circo entram na arena para pisotear sobre animal caído. É algo semelhante a isso que estão fazendo todos os que, movidos por esse vil espírito revanchista, tentam passar à opinião pública, como verdade absoluta, essa mentira teatralizada apelidada de "Amor e Revolução". Faz mais de 25 anos que se vive neste país a plenitude democrática pela qual tantos propugnaram e da qual tão poucos têm se beneficiado, como os que gravitam nas esferas do poder corrupto. Mas só agora, muito tempo depois, é que aparecem os pseudo historiadores das décadas de 1960 e 1970, para contar às gerações de hoje a sua "verdade", que, de tão falsa e cretina, sequer admite a possibilidade do contraditório.
Por: Lino Tavares - jornalista diplomado - colunista na mídia gaúcha e catarinense - integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta e compositor. Blog da União Nacional Republicana.
Por coincidência, apenas mera coincidência, Silvio Santos paga a conta da ajuda ao Banco PanAmericano exibindo uma novela que exalta os feitos dos guerrilheiros da luta armada contra o regime militar.
Carlos Newton
Dizem que, depois dos 40 anos, ninguém mais pode acreditar em coincidências. Por isso, é bom refletir sobre a novela do SBT “Amor e Revolução”. Cuja ação transcorre entre 1964 e 1972, ou seja, nos anos de chumbo da ditadura militar.
A novela deverá ficar centralizada em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas terá gravações em Cuba, no Congo e na Bolívia para algumas cenas especiais, o que indica que um dos personagens será o próprio Che Guevara, que lutou nesses três países. As imagens que se encontram no YouTube mostram pesadas cenas de torturas cometidas pelos militares brasileiros que vão emocionar os telespectadores, especialmente no Planalto Central.
Como todos sabem, o SBT pertence a Silvio Santos, que sempre teve pavor de tocar em assuntos políticos na sua programação. Mas como dizia Vinicius de Moraes, “de repente, não mais que de repente”, eis que o simpático empresário-apresentador muda de comportamento e promove a produção de uma novela tipo cinema-verdade, em que os protagonistas-heróis são justamente os guerrilheiros que pegaram em armas contra o regime militar.
Realmente, Silvio Santos mudou muito desde que esteve com Lula no Palácio do Planalto, em setembro de 2009, pedindo ajuda para tirar da falência o Banco PanAmericano e seu grupo, o que incluía o SBT. É surpreendente como ele deu uma guinada de 180 graus para aceitar exibir no horário nobre as abomináveis torturas cometidas por militares naquele período negro de nossa História.
Por coincidência, mera coincidência, é claro, apenas dois meses depois da visita de Silvio a Lula no Planalto, a Caixa Econômica Federal anunciou a compra de 35,54% do capital social do banco PanAmericano. O valor da operação foi de R$ 739,2 milhões e envolveu a aquisição da participação acionária representativa de 49% do capital social votante e de 20,69% das ações preferenciais do PanAmericano.
Recapitulando: os R$ 739,2 milhões da Caixa foram a primeira ajuda. Não adiantou nada. Depois, em 2010, o Fundo Garantidor de Crédito (órgão criado por bancos privados e estatais, incluindo a própria Caixa) entrou com mais R$ 2,5 bilhões. Também não adiantou. O Fundo então aumentou sua operação de socorro para cerca de R$ 4 bilhões. E não adiantou nada, mais uma vez. Até que, no 11 de fevereiro deste ano, vem a prestimosa presidente da Caixa, Maria Fernanda Gomes Coelho e anuncia que o banco estatal vai injetar mais R$ 10 bilhões no PanAmericano, que tem como controlador o BTG Pactual. Portanto, ao lembrar outro famoso apresentador de TV, Jota Silvestre, poderemos dizer que, no buraco negro do PanAmericano, só o céu é o limite.
É claro que também foi por coincidência, exclusivamente coincidência, que Silvio Santos agora teve a idéia de fazer uma novela exaltando a luta armada dos guerrilheiros contra o regime militar, embora até o presente momento o simpático apresentador jamais tivesse mostrado nenhuma simpatia, compatibilidade ou aproximação com a luta armada.
Muito pelo contrário. Silvio Santos sempre foi um capacho do regime militar. Conseguiu sua primeira TV, o canal 11 do Rio de Janeiro, durante o governo do general Geisel, usando tráfico de influência familiar. Na época, contratou para assessorá-lo na concorrência o jornalista Carlos Renato, que era primo-irmão de Dulce Figueiredo, mulher do então poderoso chefe do SNI, general João Batista Figueiredo, que era tão íntimo de Carlos Renato que o chamava de “Nanato”.
Simpaticíssimo, Carlos Renato passou a ficar de segunda a sexta-feira em Brasília, conhecia todas as autoridades, especialmente no Ministério das Comunicações, onde transcorreria a concorrência. A costura feita por Renato acabou dando certo, porque Roberto Marinho também preferia que Silvio Santos vencesse a concorrência, em vez dos outros dois concorrentes, muito mais fortes, a Editora Abril e o Jornal do Brasil. E assim se fez, o canal 11 caiu no colo de Silvio Santos.
Em 1979, Figueiredo assumiu o poder e Silvio Santos soube retribuir o favorecimento, criando em seu programa o quadro chapa-branca “A Semana do Presidente”. A bajulação deu certo. Sempre assessorado por Carlos Renato, em 1981 Silvio Santos obteve a concessão para operar o canal 4 de São Paulo, que se tornou a TVS da capital paulista. A partir das emissoras do Rio e de São Paulo, surgiu o embrião do SBT, que se expandiu rapidamente através de afiliações em todos os Estados.
Tudo coincidência, é claro, apenas coincidência. E agora esse capacho do regime militar, depois de se livrar da falência com auxílio do então presidente Lula, resolve montar um a novela de época, em que os heróis são justamente os membros da luta armada. E isso ocorre exatamente quando o Congresso Nacional vai discutir o projeto que cria a Comissão da Verdade, destinada a investigar exclusivamente os crimes cometidos pelos militares na ditadura, deixando de fora os crimes cometidos pelos guerrilheiros da luta armada, que mutilaram e mataram muitas pessoas que nada tinham a ver com o regime militar. E isso é mais do que sabido.
É claro que se trata apenas de coincidência, não há dúvida. Inclusive porque, ao final de cada capítulo da novela eletrizante (haverá cenas de tortura com choque elétrico) a ser exibida pelo SBT, aparecerá escrito na tela que “qualquer semelhança com fatos ocorridos na vida real é mera coincidência”. E todos nós vamos acreditar, não é mesmo?
Helio Fernandes (Tribuna da Imprensa)
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