Os 76 anos do Fantasma
Ele é um dos mais importantes heróis dos quadrinhos
Na escuridão da selva, os tambores murmuram: Há mais de 400 anos, uma embarcação foi atacada por piratas Singh. O filho de um lorde inglês, que sobreviveu na costa de Bengala, foi acolhido por pigmeus Bandar, Algum tempo depois, recuperado fisicamente, mas ainda tomado pela dor da perda, o jovem Kit, toma o crânio descarnado do assassino de seu pai (reconhecido por trajar as roupas de seu pai), profere o célebre juramento da caveira:
"Juro dedicar minha vida à tarefa de destruir a pirataria, a ganância, a crueldade e a injustiça. E meus filhos e os filhos de meus filhos me perpetuarão".
A partir daí surge a dinastia do fantasma de pai para filho, uma herança é passada. Sempre com o mesmo uniforme, e por séculos combatendo a vilania, surge o mito da imortalidade. Na verdade, o atual herói é da 21ª geração da Dinastia do Fantasma e se chama Kit Walker como todos os seus antecessores.
Ele foi o primeiro herói mascarado e uniformizado dos quadrinhos e marcou várias gerações de leitores no mundo todo. O Fantasma, criação de Lee Falk, surgiu nas tiras de jornais no dia 17 de fevereiro de 1936, ou seja, há exatos 76 anos. Lá dos anos 30 para cá, o personagem mudou muito pouco e este pode ser um dos segredos de sua longevidade, embora esteja bem longe da fama já há algum tempo.
Fantasma é um herói – não tem superpoderes – que vive na África, cenário bem misterioso ainda na época em que surgiu. Lá, ele combate bandidos, ditadores, piratas e é um grande amigo das tribos locais. O 21º Fantasma é o que conhecemos e aquele para o qual Lee Falk (também criador do mágico Mandrake) fez a maior parte de suas histórias. Sua identidade secreta é Kit Walker, descendente de uma linhagem que surgiu há 400 anos quando Sir Christopher Walker teve seu barco atacado por piratas. O jovem foi o único sobrevivente e foi parar em Bengala, no continente africano. Lá, foi ajudado por pelos pigmeus bandar, índios altamente perigosos que vivem na Floresta Negra. Ai, há quatro séculos, Walker jurou devotar sua vida ao combate à pirataria, à crueldade e a toda forma de injustiça. E seus descendentes o seguiriam dali em diante. Este fato fez com que surgisse a lenda de que o Fantasma seria imortal, mas os leitores sabem que a missão é passada de pai para filho e apenas os bandar sabem a verdade.
Os grandes inimigos do Fantasma são os Piratas Singh. Foram eles que destruíram o navio do primeiro herói da linhagem e que volta e meia dão um jeito de aparecer mesmo em tempos modernos. A história de estreia do Fantasma, lá em 1936, foi justamente contra estes vilões numa das melhores HQs do personagem e também dos quadrinhos em geral. O roteiro é ágil, cheio de ação, romance, mulheres bonitas e com uma arte sensacional do desenhista Ray Moore, o homem que concebeu o visual do herói criado por Falk.
Nesta sua primeira aventura o Fantasma conhece Diana Palmer, mulher que seria sua grande paixão, com quem namoraria durante décadas e com quem finalmente se casaria em 1977.
MITOLOGIA
Lee Falk foi genial ao criar a mitologia que cerca o Fantasma. E o mais legal de tudo isso é que os leitores puderam ver isso tudo se desenvolvendo. Aos poucos, no meio de aventuras, o roteirista criava histórias que iam explicando o uniforme de seu personagem. Assim, ele foi adicionando detalhes como a Caverna da Caveira (lar dos Fantasmas), os vários personagens coadjuvantes, o cavalo chamado Herói, o lobo Capeto (que ajuda o Fantasma a combater o crime), todo o romance dele com Diana Palmer, a linhagem familiar e muito mais. Um dos momentos gloriosos para os fãs foi mesmo o casamento, evento altamente aguardado por todos, afinal o Fantasma tem de ter filhos para que o combate ao crime dos Walker não termine. Depois do grande evento, um dos primeiros dos quadrinhos e que chamou a atenção da mídia, a expectativa era pelo nascimento do herdeiro. Teria de ser homem, apesar de já ter havido uma “Fantasma” durante algum tempo no passado. Lee Falk surpreendeu os leitores quando fez surgir os gêmeos Kit e Heloise, que vieram para dar novo sabor aos roteiros de Falk. Falando em mitologia, não dá para deixar de citar a mais importante de todas que é o uso do anel da caveira. O personagem usa o acessório em sua mão direita e sempre que soca um bandido deixa para sempre a marca de uma caveira no rosto da pessoa, como uma maldição. Por outro lado, na mão esquerda, o Fantasma tem o anel da marca do bem, que indica que aquela pessoa está protegida pelo herói. Outro detalhe é que o Fantasma nunca mata.
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Foto: Leon Harrison Gross |
Todo esse material já foi publicado e republicado no Brasil e o Fantasma já foi um dos personagens mais populares por aqui até, mais ou menos, a metade dos anos 80. Inclusive há uma história curiosa do herói com nosso país. Aqui foi um dos poucos países em que seu uniforme era vermelho em vez de roxo, como no original. Tudo por erro e descuido das gráficas locais. Outra explicação é que simplesmente não havia uma indicação de qual era a cor original da roupa e o vermelho teria sido adotado aleatoriamente. Mas até mesmo nos Estados Unidos havia dúvida sobre a cor da roupa, que chegou até a ser cinza. De qualquer maneira, o herói foi publicado aqui durante décadas com as duas cores mais famosas e apenas no final dos anos 80 é que houve a padronização com o roxo.
Atualmente o Fantasma não tem nenhuma revista sendo publicada em bancas, justamente por conta da não renovação de público.
MÍDIAS
O sucesso do Fantasma fez com que ao longo das décadas fosse parar em várias mídias. Ainda nos anos 40 ganhou uma série de curtas-metragens exibidos nos cinemas antes do filme principal. As chamadas matinés. Nos anos 80 ele foi um dos protagonistas do desenho animado Defensores da Terra, junto com Mandrake e Flash Gordon. Não deu lá muito certo, é verdade. Nos anos 90, o Espírito-que-Anda, como é conhecido, ganhou a série animada o Fantasma 2040, com o 22 º da linhagem em ação no futuro. Em 1996 surgiu o longa-metragem com Billy Zane no papel principal. Embora os fãs aguardassem há anos um filme com o Fantasma, a produção não agradou justamente por não saber usar direito toda a mitologia criada por Lee Falk. Em 2010 houve uma nova tentativa de ressuscitar o personagem numa série de TV do Sci-Fi Channel. A ideia era remodelar o herói para o século 21 com um visual futurista, o que não deu certo também. Volta e meia fala-se num novo longa, mas os projetos nunca saem do papel. Uma hora dessas ainda dá certo. O importante agora é mesmo comemorar os 76 anos do Fantasma, que já foi um dos heróis mais populares por aqui e que fez a alegria de várias gerações de aficionados.
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Lee Falk, como era conhecido o escritor norte-americano Leon Harrison Gross (28 de abril de 1911 - 13 de março de 1999), é o autor das populares histórias de banda desenhada (histórias em quadrinhos) Mandrake, o mágico e O Fantasma. Era também escritor e produtor teatral.
Ele literalmente escreveu suas histórias de 1936, quando chegou a Nova Iorque para mostrar seu trabalho ao King Features Syndicate, até seus últimos dias de vida. Seus dois personagens principais estão ainda na ativa e populares. Lee morreu de ataque cardíaco em 1999.
2 comentários:
Na minha infância e juventude fui fã incondicional de O Fantasma. Tinha todos os números de gibis da época.
Foi meu herói.
Pois é caro Anatoli - foi meu também - e o Mandrake o mágico, estou preparando uma matéria sobre esse outro herói dos quadrinhos do mesmo autor Lee Falker...
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