quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

MAL. THAUMATURGO - FOZ DO BREU - MAL. THAUMATURGO

Hiram Reis e Silva, Marechal Thaumaturgo, Acre, 19 de dezembro de 2012
 17.12.2012 – Partida para Foz do Breu

Choveu a noite toda prenunciando um aumento considerável da velocidade das águas do Rio Juruá. A lancha “Mirandinha” iria enfrentar no dia seguinte além da formidável torrente uma dificuldade a mais, a enorme quantidade de troncos e entulhos que por vezes bloqueavam grande extensão de nossa rota exigindo muita habilidade dos piloteiros Mário e Marçal.
Partimos às 09h15, depois de reabastecer a lancha com cem litros de gasolina do crédito de combustível do Destacamento. A viagem transcorreu sem alteração exceto pela chuva fina e fria que só deu trégua na chegada à Foz do Breu. Aportamos na escadaria frontal à Escola Ernestina Rodrigues Ferreira (09º24’39,4”S / 72º42’56,4”O), às 13h20. Seguindo minha intuição procurei a primeira moradora que avistei, a senhora Iris de Fátima da Silva Souza, coincidentemente, responsável pela escolinha e nora da matriarca que empresta o nome ao estabelecimento e que na década de quarenta foi proprietária de um grande seringal no Rio Breu. A simpática comunidade é formada, em grande parte, por descendentes de Ernestina.
O Marçal usou a cozinha da Escola e preparou um delicioso carreteiro que foi servido às quinze horas. O Coronel Angonese e o Sd Mário pescaram alguns barbados que foram magistralmente preparados e servidos no jantar pelo Marçal. O pessoal da comunidade foi incansável em nos apoiar, seja ajudando no descarregamento da lancha ou na doação de pescado e frutas para nosso consumo.
18.12.2012 – Partida para Foz do São João
Acordamos cedo e partimos às sete horas. O Angonese, ainda um neófito na canoagem demonstrou uma coragem e uma determinação invulgar na condução do caiaque “indomável” doado pelo Amigo José Holanda. Remamos oitenta quilômetros até a Comunidade São João situada na foz do Igarapé de mesmo nome (Foz do Igarapé São João - 09º09’15,3”S / 72º40’42,2”O). Quando aportei os nossos guerreiros do Grupo Fluvial do 8º Batalhão de Engenharia de Construção já haviam conseguido autorização para pernoitar nas instalações da Escolinha Calile de Melo Sarah (09º09’21,1”S / 72º40’38,4”O). 
Como a Escolinha não possuía fogão o Marçal entregou nosso arroz e charque a Sr.ª Raimunda, esposa do Sr. Francisco, e solicitou-lhe que preparasse um carreteiro. Almoçamos às quinze horas e depois fomos até à residência do Sr. Francisco onde permanecemos até escurecer ouvindo e contando causos. O Coronel Angonese, nosso Forrest Gump, é um Contador de Histórias nato e cativou nossos amigos ribeirinhos com seus causos e tiradas espirituosas. À tarde choveu forte e o Juruá acrescentou uns cinquenta centímetros à sua cota. 
19.12.2012 – Partida para Marechal Thaumaturgo
Apesar de nos encontrarmos em pleno “inverno” amazônico, a chuva não deu as caras. O percurso hoje era mais curto e resolvi fazer apenas uma pequena parada para substituir as pilhas do GPS. O choque das águas contra as margens arenosas fazia tombar enormes barrancos e não raras vezes árvores imensas que eram arrastadas pela forte correnteza misturando-se aos demais entulhos que as águas das chuvas tinham feito romper de seus galhosos sepulcros. Essas massas informes movimentavam-se qual aríete golpeando a esmo e aqui e ali se enganchavam novamente nas curvas e na vegetação semi-submersa aguardando outra enxurrada para desgarrarem-se e continuarem sua insana sina a procura de incautos navegadores.
Continuei minha navegação sempre preocupado em marcar alguns pontos notáveis que ia vislumbrando pelo caminho. Tais como as fozes dos Rios Acuriá (09º04’25,6”S / 72º41’05,9”O), do Rio Tejo (08º59’02,2”S / 72º42’56,5”O), do Igarapé Arara (08º57’23,6”S / 72º45’38,3”O) e do Igarapé do Crispim (08º57’05,8”S / 72º46’58”O).
Livro do Autor
O livro “Desafiando o Rio-Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS e na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br). Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:
Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS); Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.

Nenhum comentário: