tanta ocasião gloriosa para eu morrer...” (José Plácido de Castro)
domingo, 9 de dezembro de 2012
RIO BRANCO -ACRE (PARTE I)
Hiram Reis e Silva, Rio Branco, Acre, 04 de dezembro de 2012.
“Só lamento
é que, havendo tanta ocasião gloriosa para eu morrer, esses heróis me viessem
matar pelas costas. Enfim... em Canudos fizeram pior...” E em seguida, dirigindo-se
ao irmão: - “Logo que puderes, retira daqui os meus ossos. Direi como aquele
general africano: 'Esta terra que tão mal pagou a liberdade que lhe dei, é
indigna de possuí-los’. Ah, meus amigos, estão manchadas de lodo e de sangue
as páginas da história do Acre! (...)
tanta ocasião gloriosa para eu morrer...” (José Plácido de Castro)
tanta ocasião gloriosa para eu morrer...” (José Plácido de Castro)
- Município de Rio Branco
A bela capital acreana é cortada pelo Rio Acre.
Segundo o censo, de 2011, do IBGE, sua população é de 342.298 habitantes, colocando-a
como a sexta maior cidade da Região Norte. A população ordeira e simpática é
muito prestativa e sabe receber os visitantes com uma cortesia de fazer inveja
aos meus conterrâneos gaúchos. O Ciclo da Borracha e as secas motivaram uma
intensa migração de nordestinos. A grande maioria destes sertanejos era de
cearenses, estado que mais sofria os efeitos das estiagens. Estes valentes
desbravadores estimularam o desenvolvimento do Município e promoveram uma
intensa miscigenação com nativos locais dando origem a uma nova casta – a “raça
acreana”, que carregava nos seus genes tanto a capacidade de sobreviver à
inclemência da árida caatinga como aos inúmeros obstáculos da hiléia indomada.
- Seja de Bronze a Sombra dos Heróis!
Fonte: (MEIRA)
Pátrio
Dever
Quintino
Cunha
Não basta
adoração, amor não basta,
vênias
augustas, méritos reais,
para a
grandeza imensamente vasta
dos
belicosos seres imortais.
O ferro,
o bronze, que a Ciência gasta
nos
vultos dos heróis que a vida faz,
Ah! nunca
mais que, tu, morte nefasta,
nunca
mais o consomes, nunca mais!
Escreva
pois a Pátria esta sentença,
grande na
forma, de pensar extensa,
escreva a
Pátria, em tímidos alardes,
em nossa
História - espaço de mil sóis:
- Seja de
lodo a sombra dos covardes,
seja de
bronze a sombra dos heróis!”
O herói Rio-grandense foi covardemente assassinado
aos 35 anos de idade, permanecendo esse crime eternamente impune. Próximo à
propriedade do seu assassino, os fiéis amigos de Plácido de Castro ergueram uma
lápide de mármore, assinalando o local da emboscada. Seus ossos, porém, foram
sepultados no Cemitério da Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre. Na
fronte do pedestal, a família fez gravar o nome completo de seus catorze
algozes. (MEIRA)
- Barão de Rio Branco
A capital acreana presta uma justa homenagem a José
Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, diplomata, geógrafo e
historiador. A história, porém, não pode olvidar, jamais, que os esforços
diplomáticos tiveram sucesso porque muito antes deles um punhado de heróis teve
a coragem de defender a ferro e a fogo esta valorosa terra.
Na época o títere governo brasileiro afirmava
oficialmente que não havia problema a respeito do Acre, porque o Acre não era
brasileiro – “o Acre era boliviano”. Ruy Barbosa, Serzedello Corrêa,
Antônio de Paula Freitas, inúmeros intelectuais e patriotas discordavam
sustentando, porém, que segundo, o Tratado de 1867, o Acre Setentrional, ao
Norte da Latitude de 10º20’, era brasileiro.
Foi necessário, portanto, recorrer-se à força das
armas para defender o que já era nosso pela força do direito. A diplomacia do
Barão não seria suficiente, para tornar o Acre brasileiro, se não tivesse sido
precedida das ações e reações enérgicas do chefe revolucionário José Plácido de
Castro, do Marechal Gregório Thaumaturgo de Azevedo, do General Belarmino
Augusto de Mendonça Lobo, de Euclides Rodrigues da Cunha, de Joaquim Francisco
de Assis Brasil, e tantos outros que participaram ativa e decisivamente na “Questão
do Acre”, que teve seu termo com a assinatura do Tratado de Petrópolis,
acordado entre Brasil e Bolívia, pondo fim ao conflito dos dois países em
relação ao território do Acre.
- Acre toponímia
Fonte: (ANDRADE/GUIMARÃES)
O nome, que passou do Rio ao território, em 1904, e
ao estado, em 1962, origina-se, talvez, do tupi a'kir ü “rio verde” ou
da forma a'kir, de ker, “dormir, sossegar”, mas é quase certo que
seja uma deformação de Aquiri, modo pelo qual os exploradores da região
grafaram Umákürü, Uakiry, vocábulo do dialeto Ipurinã. Há também a hipótese de
Aquiri derivar de Yasi'ri, Ysi'ri, “água corrente, veloz”.
Na viagem que fez ao Rio Purus, em 1878, o
colonizador João Gabriel de Carvalho Melo escreveu de lá ao comerciante
paraense visconde de Santo Elias, pedindo-lhe mercadorias destinadas à “boca
do rio Aquiri”. Como em Belém, o dono e os empregados do estabelecimento
comercial não conseguissem entender a letra de João Gabriel ou porque este,
apressadamente, tivesse grafado Acri ou Aqri, em vez de Aquiri, as mercadorias
e faturas chegaram ao colonizador como destinadas ao Rio Acre.
- Cronologia Histórica de Rio Branco
Fonte: www.riobranco.ac.gov.br
1882
- O vapor sobe o rio Acre e desembarca os
Irmãos Leite no seringal Bagaço. Neutel Maia decide ficar algumas milhas acima
e no dia 28 de dezembro funda o Seringal “Empreza”, na volta do rio onde
está situada a Gameleira. Depois o mesmo vapor ainda deixa Manuel Damasceno
Girão na foz do Xapuri, onde fundou o seringal Xapuri.
1902
- 18 de setembro: Primeiro Combate da
Volta da “Empreza” - vitória boliviana.
- 5 a 15 de outubro: Segundo
Combate da Volta da “Empreza” - vitória acreana.
1903
- 4 de abril: Ocupação da “Empreza”
por tropas brasileiras, sob o comando do General Olympio da Silveira.
1903
- 13 de maio: O General Olympio da Silveira
proclama, em “Empreza”, o término da Revolução Acreana.
1904
- 18 de agosto: Toma posse da
Prefeitura do Departamento do Alto Acre, o Coronel Raphael Augusto da Cunha
Mattos.
- 22 de agosto: Instaladas a delegacia
de polícia e uma escola primária.
- 7 de setembro: Decreto Nº 7 -
mudança de Nome de “Empreza” para Vila Rio Branco - provisoriamente sede
do Governo da Prefeitura Departamental.
1908
- É criada a Comarca do Alto Acre - Cidade “Empreza”
– Sede.
1909
- 13 de junho: Prefeito Gabino Besouro
- muda a sede do Departamento de “Empreza” (atual 2º Distrito) para
Penápolis (atual 1º Distrito).
1910
- 10 de agosto: Instalava-se em
Penapólis uma agência dos correios.
1912
- 3 de outubro: Por ato do Prefeito
Departamental Deocleciano Coelho de Souza Penápolis e “Empreza” passam a
se chamar Rio Branco.
1913
- 7 de maio: É instalada uma estação
de Rádio Telegrafia, tirando os acreanos do isolamento total.
- 13 de junho: É criada uma nova organização
ao território, razão da qual é instalado oficialmente o Município de Rio
Branco.
1914
- 7 de janeiro: Primeiras eleições
municipais.
1915
- 1º de maio: É inaugurado o primeiro
grupo escolar da cidade.
1916
- 13 de maio: Inaugurado o serviço de
luz elétrica.
1920
- 1º de outubro: Território do Acre -
extinção do departamento e unificação dos municípios em torno de um só governo,
Rio Branco é escolhida a capital do Território do Acre.
1962
- 15 de junho: A Lei 4070 – eleva o
Território do Acre à categoria de Estado.
Fontes:
ANDRADE,
Fernando Moretzsohn de; GUIMARÃES, André Passos. ACRE. In: Enciclopédia Mirador
Internacional. São Paulo: Encyclopædia Britannica do Brasil Publicações, 1993.
MEIRA,
Sílvio de Bastos. A Epopeia do Acre - Brasil - Rio de Janeiro, 1961 - Ed.
Record.
- Livro do Autor
O livro “Desafiando o Rio-Mar – Descendo o
Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS –
PUCRS e na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br). Para
visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:
Coronel de
Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA); Presidente
da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS); Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul
(IHTRGS); Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional.
E-mail: hiramrs@terra.com.br
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário