terça-feira, 2 de outubro de 2012

QUAIS SÃO OS CÂNDIDOS? O VOTO É PARA SER DADO

Por José Eugênio Maciel
“Quem me vir indo pode não me ver vindo” (Gudé).
“Quando eu dava pão aos pobres era chamado de santo,
quando perguntei porque os pobres não tinham
pão, fui chamado de comunista”
Dom Helder Câmara
             A vida é feita de escolhas. Quando não se toma decisões, além da omissão, mais do que abrir mão de escolher, a consequência é que cada escolha interfere na vida, individual e coletivamente. É notório que o resultado das eleições determinará os que assumirão o cargo de prefeito e de vereador.
         Considerando não existir um perfil e um conteúdo igualitário da sociedade, o fato é que os candidatos e todo o processo eleitoral espelham o que é a sociedade. Os postulantes representam o pensamento e a prática da cultura e da política diversas.
Senado da Roma Antiga
As referências mais antigas sobre o processo
eleitoral remontam à Grécia do século IX a.C.
Licurgo, lendário legislador de Esparta, definiu
as regras para escolha da assembleia.
Posteriormente, no século VI a.C., Sólon,
legislador ateniense, tomando por base a
expressão da vontade popular, traçou os
primeiros fundamentos da arte da política,
conseguindo um maior equilíbrio do poder,
antes exercido quase com exclusividade pela
aristocracia.
Nesse mesmo tempo, em Roma, foi instituída a
reforma de Sérvio Túlio que favoreceu a formação
de um corpo eleitoral e dos primeiros processos
de votação
         De onde vem a palavra candidatura auxilia compreender o seu significado histórico para também aplicá-lo na atualidade. Do grego candidus ou canditus significa aquilo que brilha, que tem luz, o que é puro, alvo, branco. Em Roma e na Grécia antigas, administrar ou cuidar os espaços públicos era uma prática relevante, uma honra quando cidadãos se ofereciam para serem os escolhidos. Assim, ao manifestarem tal interesse, os postulantes se vestiam de branco como símbolo de caráter ilibado, a pureza das ideias e das ações. Como se vê, uma propaganda evidente, estar de branco representava não ter mancha. É fácil fazer raciocínio conclusivo, hoje poucos poderiam efetivamente se vestirem de branco. Mas as exceções existem.
         O voto é para ser dado e não poderia ser meramente uma força de expressão. Deveria ser na prática, o eleitor dar o seu voto. Entretanto, além de parcela significativa avidamente estabelecer a barganha do voto, sempre almejando obter uma vantagem particular, mesmo diante da proibição prevista na legislação eleitoral.
         Além do voto que deve (ou deveria) ser dado, quais são os tipos de voto? E quais seriam as motivações determinantes para estabelecer o voto como escolha?
         O voto é pessoal e intransferível, inviolável e secreto, podendo o cidadão expressar a sua vontade ou mantê-la em segredo. Em que pese à condição individual do eleitor, o exame de consciência e critérios que cada um possa deles se utilizar, não pode ser preponderante, ou seja o interesse e vontade individuais devem ser secundários, pois o interesse que deve se sobrepor é o público. 
         “Votar em quem vai ganhar”, “não quero perder o meu voto”. É possível que tais afirmações todos já tenham ouvido alguém – e muitos! - falaram diversas vezes. Os candidatos e os responsáveis pela propaganda investem em sondagens e quando as pesquisas são favoráveis procuram vender tal ideia, com o clima típico do “já ganhou!”. O eleitor supõe e mesmo acredita piamente que a eleição já está ganha para A, B ou C e que o voto dele não irá influenciar e mudar nada. “Eu não quero perder o meu voto!”, afirma muita gente. Mas como pode uma eleição já “estar ganha” se nem chegou o dia do pleito?!
         O voto jamais é perdido, mesmo quando o candidato no qual se votou não figura entre os eleitos, não se perde o voto, mas sim a consciência de não ter escolhido quem realmente se imaginava ou desejava, trocando por outro apenas para estar “com a maioria”.
         Um exemplo histórico serve para ilustrar, quando Collor foi eleito com a maioria dos votos, após ter renunciado devido à corrupção, praticamente não se achava um eleitor do Collor, parecia até que ninguém tinha votado nele. Se existe o “já ganhou”, pode ser que agora ou tempos depois, o “já perdeu” é uma situação que poucos assumem, como o candidato que compra voto, como se ninguém tivesse vendido. |Imagens da Internet via Google - fotoformatação PVeiga |

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