segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

HISTÓRIA DO VINHO DO PORTO RAMOS PINTO


Adriano Ramos Pinto (1859-1927)
A Casa Ramos Pinto depressa se fez notar pela sua estratégia inovadora e empreendedora para a época. Associada a vinhos engarrafados de qualidade, implantou-se no mercado brasileiro no início do século XX e rapidamente se tornou responsável por metade do vinho exportado para a América do Sul, enquanto ia conquistando gerações de fiéis apreciadores em Portugal e na Europa. Estas foram consequências naturais de uma estratégia de vanguarda, apoiada na modernização dos circuitos de seleção, lotagem e envelhecimento e no especial cuidado que Adriano Ramos Pinto dedicou à embalagem e promoção dos seus vinhos.
A invenção do LBV
Os Vinhos do Porto desta Casa são elaborados no centro de vinificação da Quinta do Bom Retiro. No caso dos vinhos de categorias especiais (LBV e Vintage) pisam-se ainda as uvas nos lagares tradicionais, visto que esta técnica ancestral permite conseguir do fruto uma extracção qualitativa mais eficaz e menos violenta. Depois de concluídos os primeiros passos da vinificação, os vinhos são transportados para as históricas caves, em Vila Nova de Gaia, onde cumprem o seu longo processo de envelhecimento.
Na Casa Ramos Pinto os saberes guardam-se religiosamente para que resultem em treze tipos de vinho do Porto, divididos nas categorias Brancos, Twany, Ruby e Vintage. O primeiro LBV de que há registro no Instituto do Vinho do Douro e Porto (IVDP) pertence à Casa Ramos Pinto, e data de 1927. 
 Museu Casa Ramos Pinto, localizado num majestoso edifício mesmo em frente ao Cais de Gaia, onde se pode apreciar os antigos escritórios, mantidos intactos desde os anos trinta, acolhendo testemunhos da história da empresa, feita da história dos seus vinhos, dos rótulos das suas garrafas, das medalhas ganhas ou da publicidade encomendada aos melhores artistas
As Quintas de onde saem os Ramos Pinto:
QUINTA DO BOM RETIRO
A Quinta do Bom Retiro está localizada na região do Douro, sub-região de Cima Corgo, no Pinhão, e é banhada pelas águas do rio Torto. Tem uma área total de 109 ha, que se estendem entre os 110 e os 400 metros de altitude. Destes, apenas 62 ha. são área de vinha, onde estão plantados cerca de 194 500 pés de videira, cuja média de idades ronda os 25 anos. As castas aqui produzidas são exclusivamente tintas e, dentre elas, destacamos as castas Tinta Barroca, Touriga Francesa, Tinta Roriz e Touriga Nacional.
QUINTA DA URTIGA
A Quinta da Urtiga fica localizada na região do Douro, sub-região de Cima Corgo, no Pinhão. Tem uma área total de 4 ha, que se estendem entre os 290 e 324 metros de altitude e, dos quais, 3,5 ha são área de vinha. Aqui estão plantados cerca de 12 500 pés de videira, com cerca de 70 anos de idade. As castas produzidas são todas tintas.
QUINTA DOS BONS ARES
A Quinta dos Bons Ares situa-se na região do Douro, sub-região do Douro Superior, a 600 metros de altitude. Tem uma área total de 50 ha, dos quais 20 ha são área de vinha. As variedades produzidas nos Bons Ares são, maioritariamente, Viozinho, Rabigato e Touriga Nacional.
QUINTA DE ERVAMOIRA
A Quinta de Ervamoira localiza-se na região do Douro, sub-região do Douro Superior, em Muxagata, Vila Nova de Foz Côa. Possuindo 200 ha de área total, que se estendem entre os 110 e os 340 metros de altitude, esta Quinta detém 150 ha de área de vinha, onde estão plantados cerca de 450 000 pés de videira com uma média de 15 anos de idade. Em Ervamoira foi utilizada, exclusivamente, a forma de plantação vertical. Das castas aí produzidas, apenas 10% são brancas. Os restantes 90% repartem-se entre as castas Tinta Barroca, Touriga Nacional, Touriga Francesa, Tinta Roriz e Tinta da Barca.
Filosofia de trabalho
Desde cedo a Casa Ramos Pinto estabeleceu uma rigorosa politica de auto aprovisionamento, isto é, apenas produzir vinhos com uvas procedentes das suas próprias Quintas. Com determinação e um forte investimento, a Ramos Pinto estabeleceu metas de plantação que, ao longo dos anos foi cumprindo, tendo hoje já estabilizado a sua superfície plantada. A Casa Ramos Pinto possui por isso, na Região do Douro, um total de 360 hectares.
Esta politica permite assegurar uma inquestionável qualidade, bem como a melhor seleção das massas vínicas disponíveis.
SELECÃO DE CASTAS
No inicio da década de 80, José Rosas, Administrador da Casa Ramos Pinto, lança a João Nicolau de Almeida, seu sobrinho, o desafio de estudar e selecionar de entre cerca de 70 castas tintas do Douro, as melhores para a produção de vinhos. Em 1981, João Nicolau de Almeida e o seu tio, apresentam na Universidade de Trás-os-Montes o único estudo cientifico jamais realizado até a data sobre castas do Douro. Das 12 castas previamente estudadas, saíram as 5 castas recomendadas, ainda hoje, na Região Demarcada do Douro: Touriga Nacional, Aragonês, Touriga Franca, Tinta Barroca e Tinto Cão.
MÉTODOS DE PLANTAÇÃO
A Casa Ramos Pinto vai mais além, e depois de ter evoluído para a técnica de plantação em patamares, vendo que a forte erosão do clima do Douro impedia uma correta e mais adequada forma de cultivo, decide inovar, iniciando uma técnica de plantação diferente, a davinha ao alto, isto é, de forma paralela ás curvas de nível, possibilitando melhor rendimento da vinha e a mecanização.
SELEÇÃO DE PORTA-ENXERTOS E ENXERTIAS PRONTAS
Se outrora os porta-enxertos eram colocados de forma aleatória na vinha, independentemente das suas características e necessidades, foi a Casa Ramos Pinto a efetuar um rigoroso e pioneiro estudo que lhe permitiu encontrar e selecionar os melhores porta-enxertos para cada uma das castas selecionadas, bem como iniciar, na região do Douro, a utilização de enxertias prontas.
ESTUDO SOBRE IRRIGAÇÃO NO DOURO SUPERIOR
Tendo o Douro Superior um terço da precipitação (400mm/ano) do Baixo Corgo (1.000 – 1.200Mm/ano), e metade da de Cima Corgo (600 - 700mm/ano), a Casa Ramos Pinto decide realizar, na Quinta de Ervamoira, um estudo sobre irrigação. Nunca o seu intuito foi o de aumentar a produção, mas sim de preservar a qualidade, concentração e complexidade das uvas naquela região. Esse estudo, terminado recentemente, permitiu que fosse autorizada a irrigação nessa sub-região tão castigada pelo clima, melhorando significativamente as condições e sustentabilidade da viticultura do Douro Superior
VINHO E MADEIRA
O mais recente estudo que a Casa Ramos Pinto está a realizar tem como finalidade encontrar, mais uma vez, as melhores opções ao nível da madeira a utilizar para um perfeito casamento entre o vinho e a madeira - tipo, dimensão e proveniência. A Casa Ramos Pinto pretende, assim, respeitar a opção de estilo definido por uma grande complexidade e elegância dos seus vinhos.

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