
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
NÃO É CARTA BRANCA, MAS DEU “BRANCO”

Por José Eugênio
Maciel
“Para bom entendedor, um pingo é
pingo. Se entender letra, já entendeu tudo errado”
(Anônimo)
Cerca de meio milhão de
paranaenses foram reprovados no exame de habilitação para motorista realizado
em 2012, segundo dados do DETRAN – Departamento de Trânsito do Paraná e
conforme noticiou a Gazeta do Povo na edição de sexta passada. De acordo
com o mencionado Jornal a parte teórica é o grande obstáculo para 46% dos que
pretendem ter a carteira nacional de habilitação. “Não tem como a gente
atribuir as reprovações a algum fator específico, mas conseguimos perceber que
a cada ano as reprovações aumentam”, avalia o coordenador de habilitação do
DETRAN-PR, Larson Orlando, acrescentando ser possível apontar que a falta de conhecimento
e nervosismo contribuem enormemente para a elevada reprovação.
Chega a 48% o índice de reprovação no
interior do Estado em termos do conteúdo teórico, enquanto que na capital o
insucesso maior é na prova prática, 50%.
Fora de qualquer dúvida, é grande o
índice de reprovação. Comum é os que submetem ao exame afirmarem que a prova é
muito difícil, afirmação feita para tentar escamotear genuína incompetência,
tantas vezes notória.
O nervosismo é natural do ser humano
diante dos desafios que integram o curso das nossas vidas. Entretanto, o
elevado nervosismo e o descontrole emocional existem ou se afloram não só em
razão da personalidade e circunstâncias, também em face às atitudes ou omissão
que o próprio ser humano revela-se incapaz de ao menos controlá-los. O
despreparo, no caso o desconhecimento diante de cada questão em que o candidato
sequer imagina o que está sendo perguntado, evidentemente que o nervosismo
aumenta, dá “branco” no indivíduo e ele perde a cor ou fica “roxo”.
No caso do DETRAN o grande número de
reprovados na parte teórica tem uma causa absolutamente evidente: A falta de
leitura. O paranaense, como de resto os brasileiros, em maioria absoluta não
leem ou quando tem contato com a leitura é esporádica, sem transcender os
limites da obrigação escolar. A escolaridade baixa e também o baixo grau de
cultura levam uma situação lamentavelmente péssima, caracterizada pela enorme
incapacidade de sequer interpretar corretamente uma pergunta, consequentemente,
sem condições de entender, não supõem minimamente qual seria a resposta.
Se existem os que não vão além de
interpretar uma questão, os que conseguem podem não produzir algumas linhas
capazes de demonstrar o conhecimento, no caso, que sabe resolver a questão,
neste caso o nervosismo passa a ocorrer ou aumenta, pois saber a resposta mas
não saber expressá-la no papel é mesmo um pânico.
A leitura é conhecimento que
proporciona o senso crítico da compreensão de tudo que está a nossa volta, é a
autonomia do saber, ela é também a base para a interpretação e produção de um
bom texto, além de dar consistência a nossa comunicação, oral ou escrita. Bem
ao contrário de quem não lê, sem entender a pergunta, menos ainda capaz de
responder, tanto é assim que existe um ditado desvirtuado de há muito, “quem
tem boca vai à Roma”, quando o verdadeiro é “quem tem boca vaia Roma”.
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