sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
KIRCHER, O INQUIETO EXPERIMENTADOR
Por Luiz Antonio Domingues
Acaba de ser lançado um interessante livro chamado:
"A Man of Misconceptions: The Life of an eccentric in an age of
change" ("Um homem de equívocos: A vida de um excêntrico em uma Era
de mudanças").
Trata-se da biografia de um homem chamado
Athanasius Kircher, um padre jesuíta de origem alemã, que viveu no século XVII.
Desde criança, Athanasius Kircher demonstrava ter
interesse por diversos assuntos e assim enveredou por estudos sobre matemática,
filosofia, biologia, acústica, magnetismo, astronomia e outras matérias.
Mesmo depois de ordenado padre, seus estudos
prosseguiram com muito entusiasmo e ainda muito jovem, já tinha diversos trabalhos
concluídos sobre assuntos variados e mais que isso, revelando-se um autêntico
cientista, fazia experimentos e criava inventos.
Nessa biografia, são inúmeras as curiosidades por
ele inventadas. Muitas são absolutamente geniais; outras são surpreendentes
pois anteciparam os rudimentos de outras que seriam inventadas definitivamente
depois, por outros inventores e algumas são exóticas ao extremo.
Por conta das invenções absurdas, Kircher acabou
sendo injustiçado por muito tempo, porque foi ridicularizado e claro, ganhou
fama de lunático incorrigível.
Kircher fez muitos estudos por exemplo, sobre o
aperfeiçoamento de microscópios e telescópios, que influenciaram outros
pesquisadores, decisivamente. Nesse campo, criou um objeto que denominou como
"lanterna mágica". Nele, conseguia de forma ainda que primitiva,
criar a ilusão de movimentos em ilustrações. Esse invento rudimentar foi sem
dúvida o precursor remoto do projetor cinematográfico que só viria a ser criado
no final do século XIX, de fato.
Portanto, é inacreditável que Kircher tenha pensado
em algo assim, em pleno século XVII.
No campo do magnetismo, Kircher fez muitos estudos.
Obcecado por conhecer a fonte de magnetismo do
planeta, chegou a aventurar-se num perigosíssimo rapel, dentro do vulcão Vesúvio.
Um invento seu entrou para o anedotário e hoje em
dia causa repulsa aos defensores de animais (aliás, com toda a razão): Kircher
concebeu um piano que não possuía cordas. O músico usaria um teclado
normalmente, mas o som obtido pelo bater das teclas, seria produzido pelo
gemido de gatos vivos, cujos respectivos rabos eram puxados, conforme a tecla
acionada.
Mas não só com excentricidades Kircher contribuiu
com a música. Ele fez também estudos de acústica e amplificação de sons, que
muito ajudaram a desenvolver a engenharia, desenvolvendo e muito a música,
naturalmente.
No campo da biologia, fez inúmeros estudos e
relacionou a peste bubônica a micro-organismos encontrados em cadáveres.
Estudou línguas do extremo oriente, fazendo estudos
morfológicos comparativos. Segundo consta em sua biografia, Kircher teria
deixado 44 livros com seus estudos.
No livro recém lançado, com sua biografia, uma
observação final chamou-me a atenção: o autor, John Glassie, declarou que a
despeito dos acertos, as inúmeras experiências fracassadas, também deram enorme
contribuição à ciência. Sim, grande verdade da ciência, o princípio de
tentativa e erro é ainda o melhor método, desde o tempo da invenção da roda.
Admirável a vida e obra de Athanasius Kircher,
apesar da pisada de bola que deu com os amigos felinos...(in Planet Polêmica).
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