sábado, 4 de julho de 2009

OS MAUS LIVROS

Uma jovem foi encontrada morta, tendo ao lado um livro e, dentro deste, um bilhete com os seguintes dizeres: “Morro e entrego minha alma ao diabo, pois pertence só a ele. Entretanto também a alma dos meus pais, que não souberam educar-me e também a do autor deste livro, do qual uma só folha bastou para que eu fosse desonrada, para que eu perdesse a cabeça”.
Pobre criatura, ainda tão moça e já sem esperanças da vida! Pobre criatura, vendo que, em lugar de um futuro radioso, de uma vida promissora e alegre, teria outra, completamente marcada pelo Destino, marcada inexoravelmente por uma única página de um livro. Procurou uma solução e encontrou-a na Morte!
Mas, antes de consumar sua tragédia, culpou a si mesma e culpou erradamente a seus pais, pois, embora eles mantenham sobre os filhos grande vigilância nesse setor, quando queremos, ler determinada revista ou livro, nós o fazemos às ocultas. Culpou também o autor do livro. Os autores de tais obras servem para semear a imoralidade, pois, em maioria obras pornográficas, servem não somente para atingir os jovens, mas as crianças também, em vista de existirem ilustrações e não é errada a afirmativa de que “uma ilustração vale por mil palavras”.
Os autores dessas obras devem ter sobre si grande parte da responsabilidade dos acontecimentos nefastos: mas outra grande parte cabe às autoridades competentes do país, pois, se elas procurassem selecionar os livros, as revistas, os folhetos e tantos outros tipos de publicações, as que, em sua maior parte tratam de um só tema – o sexo – não aconteceriam fatos semelhantes.
Livros são editados aos montões: alguns escritos por pessoas que realmente deveriam escrevê-los: outros por aqueles que nunca deveriam, sequer, pensar em tal coisa. Infelizmente, essa última classe é a que mais produz, fazendo-o com este único intuito: a renda fácil, o vil metal em abundância. São os charlatões, os depravadores da literatura.
Um último exemplo, eis aqui, de quantas tragédias pode causar um mau livro: CENÁRIO – França; PALCO – Uma prisão; PERSONAGEM – Um Rei.
Numa cela escura de um presídio, vamos encontrar Henrique XVI, rei que tinha como trono a pedra fria, como coroa um gorro de detento, como cetro as algemas, como reinado as reduzidas dimensões do miserável cubículo.
De súbito, levanta-se e encaminha-se para as grades: olha o céu daquela França que fora um dia sua. Aquele céu que cobria o seu ex-reinado. E, com lágrimas nos olhos, murmura: “Os maus livros fizeram o que os canhões não puderam fazer – destruíram a minha França...”
<><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><>Este é um artigo do amigo Aroldo Tissot, publicado no Jornal, do qual era Diretor: “O Colégio Estadual do Paraná” - Edição: Ano XVI-Curitiba, Abril e Maio de 1956-Nº 77 – exemplar que contempla o nosso acervo de relíquias publicadas, dentre muitas outras, cujas matérias estamos selecionando para a composição de nosso próximo livro narrando fatos e histórias relacionadas com CAMPO MOURÃO – Pedro da Veiga.

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