Você liga o rádio e quase todas as estações estão tocando música de baixa qualidade. Na programação das TV's abertas, o fenômeno se repete e agora se espalha também pelos canais pagos, sob a justificativa de que uma nova classe C emergente surgiu e começou a acessar esse tipo de serviço (e que fique muito claro que eu sou a favor da inclusão social e ascensão das classes menos favorecidas às condições melhores sócio-econômicas, não é esse o ponto que crítico).
Então, vai se acostumando com a ideia de que isso é tendência normal, já que a audiência é que dita a grade de tais veículos.
Agora, o que tem em comum os veículos de comunicação neste país? Quase todas as emissoras estão nas mãos de políticos, ou seja, os mesmos que nada fazem, seja no legislativo ou executivo, para melhorar as condições da educação e cultura no Brasil.
Coincidência?
O fato de termos um nível educacional péssimo e baixíssimos investimentos na cultura, naturalmente gera uma consequência e dela se aproveitam, pois usando a ignorância como desculpa, difundem essa subcultura musical ad nauseam em suas estações, causando esse estrago conhecido e enchendo seus bolsos com essa venda de lixo.
Sendo assim, como esperar que esse panorama melhore? Choramingar espaços para artistas injustiçados que a despeito de seu talento e qualidade nunca irão tocar nas rádios e que jamais aparecerão no "Faustão", é perda de tempo.
Por que abririam espaço para artistas que o povo "não quer ver”? A desculpa mercadológica está na ponta da língua...
E em se tratando de empresas comerciais que visam lucros, como podemos exigir que tirem de sua programação o lixo que exibem para colocar artistas de proposta "antipopular", que lhes diminuam a audiência e consequentemente os façam perder patrocinadores ?
O povo quer "pão e circo”... isso parece ser um preceito bem antigo que eles não ousam mudar, não é ?
Então, surge a ideia de criar fomentos para estimular a cultura e através de isenção de impostos, empresas podem patrocinar artistas de todos os ramos. Esse tipo de dispositivo é genial, desde que cumprisse sua função isento de falcatruas, mas não é o que observamos.
Em países como a Suécia, por exemplo, esse tipo de Lei funciona muito bem. Uma banda de Rock iniciante, por exemplo, pode usar desse incentivo para fazer um show bem produzido, com equipamento, estrutura e divulgação profissionais. Mas a diferença, é que isso é feito uma única vez e dali em diante, que aproveite bem a chance e alavanque sua carreira. Aqui, certas máfias do Planalto Central promovem tours o ano inteiro sempre com as mesmas bandas da quadrilha, por anos a fio e usando os recursos da Lei Rouanet...
Então meus amigos, a questão da baixíssima qualidade da música que é massacradamente difundida ao povo, é fruto de um diabólico esquema, onde todos saímos perdendo, até os engravatadinhos que lucram com esse lixo, pois acabam uma hora ou outra, pagando na própria pele com a violência urbana, vítimas de algum facínora que eles mesmo criaram, ao não lhe proporcionar educação de qualidade, acesso à cultura e oportunidade de ascensão sócio-econômica.
Como esperar que um desassistido desses, possa gostar de ouvir Beethoven, Milton Nascimento, Cole Porter, Yes ou qualquer artista de diferentes vertentes que se propuseram a fazer arte de qualidade superior, se seu cérebro não se desenvolveu, graças à subnutrição, violência, miséria e analfabetismo ?
E dá-lhe "funk batidão", com o nível de letras e insinuações que ele consegue entender e se identificar.
Por isso, não critico artistas que fazem o pseudo-funk dos morros do Rio, axé music, duplas sertanejas, pagode, forró e o pop-rock empobrecido da atualidade, pois eles estão na deles e correm atrás de seu sonho de serem ricos e famosos na música.
Os grandes vilões desse estrato de baixo nível, são os que exploram a miséria educacional e cultural deste país e que invariavelmente, são os mesmos responsáveis pela educação e cultura oficial...
A bolacha vende mais porque é mais fresquinha ou está sempre fresquinha porque vende mais? Esse bordão publicitário que fez muito sucesso décadas atrás, parece se encaixar nessa questão.
Texto do Blogueiro Luiz Antônio Domingues – em Planet Polêmica.
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