domingo, 12 de junho de 2011

POBRE PAÍS RICO

(*)-Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 11 de junho de 2011.

“Deus estava criando o mundo e quando estava fazendo maravilhas no Brasil, com florestas exuberantes, belos rios e lagos, sem vulcões nem terremotos ou tsunamis, fauna e flora das mais diversificadas, riquezas minerais em abundância e uma natureza privilegiada com encantos mil, de repente um anjo se aproxima do Criador e diz:
- Senhor, não é um exagero! Puseste tantas maravilhas neste País, enquanto que nos outros, quase não valorizaste?
E Deus sabiamente respondeu:
- Ah, mas tu não sabes o povinho que vou colocar aí!!!”.

(Texto adaptado por Arnaldo Jabor)

Ataquem a pulga, deixem passar o cachorro!

A memória popular é, por demais, efêmera. Os escândalos recentes só nos fazem confirmar que os tentáculos da justiça só atingem os carentes, os mais pobres. Quem não se lembra de anos atrás quando o senhor Paulo, desempregado, casado com dona Sônia, grávida de 4 meses, sem ter o que comer em casa foi ao rio Piratuaba em São Paulo onde pescou alguns lambaris, sem saber que a pesca era proibida. Preso e detido, por dois dias, foi solto graças a um amigo que pagou a fiança de R$280,00. Sônia, sem notícias do marido, acabou no hospital e teve aborto espontâneo. A justiça neste caso foi célere.

A PETROBRAS sob o comando de Henri Philippe Reichstul causou um vazamento de quase 2 milhões de toneladas de óleo na Baía da Guanabara, matando peixes, aves e ameaçando todo o ecossistema da Baía e das praias da zona sul do Rio de Janeiro. Reichstul, convocado para depor na Polícia Federal, logo em seguida, foi liberado. O IBAMA calculou, na época, que o tempo necessário para a recuperação do ecossistema da Baía seria de dez anos. Seis meses depois, em julho, um novo vazamento, três vezes maior que o do Rio, ocorreu na Refinaria Presidente Getúlio Vargas, no Paraná. Foram 4 milhões de litros e a PETROBRAS foi criticada por omitir informações e fornecer números subavaliados do vazamento.

Três anos depois deflagrada a rumorosa, pirotécnica e cinematográfica Operação Satiagraha tudo acabou em pizza. O Superior Tribunal de Justiça anulou as provas obtidas pela Operação e, consequentemente, a condenação do banqueiro Daniel Dantas, controlador do grupo Opportunity. Os ministros concederam habeas corpus por entenderem que foi ilegal a participação de dezenas de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na Operação, sob a coordenação do, então, delegado Protógenes Queiroz, hoje deputado. Carlos Eduardo Pellegrini, delegado da Polícia Federal, declarou, na época, que a PF apreendeu, no apartamento do banqueiro Daniel Dantas, documentos que comprovam o pagamento “de propinas a políticos, juízes, jornalistas” no valor de R$ 18 milhões. A Operação serviu, na época, apenas como material de propaganda governamental que tentava mostrar aos seus crédulos e mal informados eleitores que no seu mandato a justiça alcançava também os ricos.

A educação deveria ser dever do Estado!

Minha empresa, a Geremia, tem 25 anos e fabrica equipamentos para extração de petróleo, um ramo que exige tecnologia de ponta e muita pesquisa. Disputamos cada pedacinho do mercado com países fortes, como os Estados Unidos e o Canadá. Só dá para ser competitivo se eu tiver pessoas qualificadas trabalhando comigo. Com essa preocupação criei, em 1988, um programa que custeia a educação em todos os níveis para qualquer funcionário, seja ele um varredor ou um técnico. (...) Meu sonho de consumo sempre foi uma Mercedes-Benz. Adiei sua realização várias vezes porque, como cidadão consciente do meu dever social, quis usar meu dinheiro para fazer alguma coisa pelos meus 280 empregados. Com os valores que gastei no ano passado na educação deles, eu poderia ter comprado duas Mercedes. Teria mandado dinheiro para fora do País e não estaria me incomodando com essas leis absurdas. Mas, infelizmente, não consigo fazer isso. Eu sou um teimoso. (Silvino Geremia)

Silvino Geremia é gaúcho, filho de pequenos agricultores e só concluiu o primeiro grau aos 22 anos. Com o dinheiro do primeiro emprego, estudou eletromecânica e chegou a fazer o vestibular, mas não conseguiu se formar engenheiro mecânico por falta de tempo, pois tinha de administrar a própria empresa, que existe há 25 anos e produz equipamentos para extração de petróleo, ramo que exige tecnologia de ponta e pesquisa. A firma disputa com o Canadá e os EUA porque possui mão-de-obra qualificada e bem remunerada. Em 1988, Silvino criou um programa que custeia a educação em todos os níveis para qualquer empregado: do varredor ao técnico. (...) Este ano um fiscal do INSS visitou a empresa e concluiu que a educação fornecida aos funcionários era salário indireto. Exigiu o recolhimento de contribuição social sobre os valores que a firma paga para as escolas onde os funcionários estudam. Mais é claro, os juros de mora. Querem que Silvino Geremia, um homem de bem, pague R$ 26 mil à Previdência por promover a educação dos seus empregados. Silvino decidiu não pagar e merece o nosso aplauso. Diz ele:

Até hoje me emociono quando vejo alguém se formar na universidade. Quis fazer com meus empregados o que gostaria que tivessem feito comigo. Cada ano pago mais, pois muitos funcionários estão chegando à universidade. O Estado brasileiro está falido. Mais da metade das crianças que iniciam o curso básico não o concluem. A Constituição diz que a educação é dever do Estado e o Estado somos nós. Se a União não tem recursos e eu tenho, acho que devo pagar a escola dos funcionários. Não cobro nada ao Estado, mas não quero que ele me penalize por cumprir o seu (dele) dever. Se a moda pega, outras empresas que proporcionam benefícios a trabalhadores vão recuar. (Fonte: Caderno B do Jornal do Brasil de 25/01/2007)

Silvino Geremia fez-me lembrar do meu caso. As despesas médicas com minha esposa forçam-me a entrar no vermelho, todo o mês. Estes valores são similares aos que pago com o Imposto de Renda e embora já tenha entrado na justiça, nossos “doutos” juízes resolveram que não há lei que ampare minha petição. A única diferença é que sou descontado em folha e não tenho a prerrogativa de deixar de pagar ao fisco.

STF, "uma atividade lítero-poético-recreativa"!

Só que o fato do estado ter agido de maneira adequada e de acordo com as suas leis não quer dizer que aqueles rapazes que eram delinquentes políticos na época não devam ser considerados criminosos políticos. (Tarso Genro).

Cesare Battisti, ex-integrante do grupo Proletário Armados pelo Comunismo, foi condenado pela justiça italiana à prisão perpétua por quatro assassinatos cometidos quando tentava implantar o regime comunista na Itália nos anos 70. Tarso Genro, Ministério da “IN”justiça, em 2009, simpatizante da causa de Battisti, concedeu refúgio político ao italiano, contrariando parecer da Procuradoria-Geral da República e decisão do Comitê Nacional para os Refugiados. O ato do então Ministro da “IN”justiça foi, logo depois, referendado por decreto de Lula.

Tarso Genro, para variar, como “bom democrata” destila sua ira contra a imprensa fazendo uma afirmação bombástica e contraditória:

Na verdade, ocorreu durante o caso Battisti no Brasil uma brutal manipulação da informação pela grande imprensa. A mídia, com as exceções normais, ocupou-se em divulgar meias verdades, meias mentiras. Essa campanha, inclusive, escondeu o fato gritante de que, nos processos judiciais na Itália, nenhum assassinato atribuído ao Battisti foi comprovado segundo as regras normais do processo penal vigentes em países democráticos.

A Itália, um país do “Direito”, manifestou sua indignação e revolta com a decisão do STF e anunciou que apresentará recurso à Corte Internacional de Justiça de Haia. O primeiro-ministro Silvio Berlusconi afirmou em comunicado oficial:

Não se leva em consideração a expectativa legítima de que se faça justiça, em particular para as famílias das vítimas de Battisti.

Não me surpreenderia se Battisti viesse, futuramente, a ocupar algum cargo na nossa malfadada “Republiqueta de Bananas”.

(...) Tarso Genro poderia nomeá-lo Coordenador para Assuntos de Moral e Civismo de seu governo. E Dilma? Quando ministra da Casa Civil, ela levou para o Ministério da Pesca a mulher do narcoterrorista colombiano Olivério Medina. Battisti poderia, sei lá, ser secretário-executivo das Relações Institucionais. Como a gente sabe, ele é do tipo “que resolve”. Se tudo falhar, Luiz Inácio Apedeuta da Silva pode abrigá-lo no seu instituto, junto com Paulo Vannuchi. Os dois podem ficar trocando “memórias da revolução proletária”. (Fonte: Reinaldo Azevedo)

Privilégio das minorias! Berço de vagabundos!

“Para que o mal triunfe basta que os bons não façam nada”. (Edmund Burke)

O sistema de cotas não encontra amparo na Constituição Brasileira, ela é clara no seu artigo 5°: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza...”. Sou favorável, sim, à reserva de cotas para alunos carentes independentemente da cor de sua pele, preferência sexual ou qualquer outra classificação minoritária que se queira criar, ou inventar, desde que preencham os requisitos intelectuais mínimos exigidos dos demais. Do contrário estaremos condenando estes futuros profissionais a serem excluídos do sistema simplesmente porque seriam fatalmente taxados de incompetentes por terem ali chegado sem o esforço e o mérito necessário.

O Brasil sempre se orgulhou de sua miscigenação racial, não mais que de repente, se descobre que existia, por parte de uma minoria ativista, um ódio arraigado que tenta a todo custo encontrar um ponto de equilíbrio lançando mão das famigeradas e inconstitucionais cotas numa vã tentativa de contrabalançar as diferenças. A única maneira de se identificar origens étnicas é através do exame DNA. Nem sempre a coloração da pele permite afirmar se este ou aquele indivíduo tem uma maior ou menor carga genética desta ou daquela etnia.

Em 2000, um estudo do laboratório Gene, da Universidade Federal de Minas Gerais, causou espanto ao mostrar que 33% dos brasileiros que se consideravam brancos têm DNA mitocondrial vindos de mães índias. “Em outras palavras, embora desde 1500 o número de nativos no Brasil tenha se reduzido a 10% do original (de cerca de 3,5 milhões para 325 mil), o número de pessoas com aumentou mais de dez vezes”, escreveu o geneticista Sérgio Danilo Junho Pena no “retrato molecular do Brasil”. Esses números sugerem que muitos índios largaram as aldeias e passaram a se considerar brasileiros. (NARLOCH)

Na verdade, o que muitos indivíduos querem, é atingir suas metas sem se esforçar para isso. Basta reivindicar pertencer a esta ou aquela minoria para ter um tratamento diferenciado sem levar em conta qualquer tipo de mérito pessoal. Estamos alimentando uma mentalidade da “DEméritocracia”, característica de países subdesenvolvidos onde apenas os apadrinhados, amparados pelo poder ou por leis contraditórias podem alcançar o sucesso sem que para isso tenham de estudar, trabalhar, se esforçar. Como ser justo com a proposta de atender a prerrogativa de cotas se mais de 50% dos brasileiros trazem no seu DNA mitocondrial origens ameríndias ou africanas? O sistema de cotas é uma piada de mau gosto, falta de bom senso e ignorância.

Blog e Livro

Os artigos relativos ao “Projeto–Aventura Desafiando o Rio–Mar”, Descendo o Solimões (2008/2009), Descendo o Rio Negro (2009/2010), Descendo o Amazonas I (2010/2011), e da “Travessia da Laguna dos Patos I (2011), estão reproduzidos, na íntegra, ricamente ilustrados, no Blog http://desafiandooriomar.blogspot.com.

O livro “Desafiando o Rio–Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS, na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br) e na Livraria Dinamic – Colégio Militar de Porto Alegre. Pode ainda ser adquirido através do e–mail: hiramrsilva@gmail.com.

Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:
http://books.google.com.br/books?id=6UV4DpCy_VYC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false.

(*)-Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar (IDMM); Vice Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil - RS (AHIMTB); Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB); Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

Blog: http://desafiandooriomar.blogspot.com

E–mail: hiramrs@terra.com.br

Nenhum comentário: