domingo, 31 de julho de 2011

O OUTUBRO DOS MOURÃOENSES É (O) 10

Se “eles são feitos um para o outro”, também são efeitos de um e outro. (Gudé).

Por José Eugênio Maciel

“Quando falamos de história, temos o costume de nos refugiar no passado.

É nele que se pensa encontrar o seu começo e o seu fim.

Na realidade, é o inverso: a história começa hoje e continua amanhã”.

D.N. Marinot


Fora de qualquer dúvida a data mais importante de qualquer município é sua criação, a emancipação político-administrativa. Campo Mourão é o dia 10 de outubro instituído através da Lei nº 02 de 1947. O aniversário de Campo Mourão de fato e de direito é o ápice histórico e atual de todos os mourãoenses. A celebração não se circunscreve a mero acontecimento festivo. É sim o momento de união, de reunião cívica para a legítima manifestação autônoma.

Na pessoa dos seus respectivos presidentes, a Associação Comercial e Industrial de Campo Mourão - ACICAM propôs a mudança do feriado de 10 de outubro para o dia 17. A alegação do Nelson Botega é a existência do feriado nacional em alusão à Padroeira do Brasil, assim como do sábado e domingo emendados, situação que representa, segundo ele, prejuízo comercial grande por causa dos dias seguidos fechados, levando os consumidores a irem às compras ou solicitar serviços em outras cidades. O Sindicato dos Empregados no Comércio de Campo Mourão e da Região, através do presidente Mauro de Oliveira, também tornou pública o posicionamento da entidade, contrário a mudança da data, mencionando a importância dela para a história mourãoense.

O 10 de Outubro é de todos os mourãoenses! Portanto, não é uma data de um feriado qualquer, mas um dia magno e amplamente democrático. É a data de todas as religiões e de todos os religiosos, de todas as crenças, ao mesmo tempo em que é dos ateus e dos agnósticos. É a data dos pioneiros e dos moradores antigos, de todas as gerações. É o marco de todas as etnias e grupos sociais. É do industrial e do operário, do comerciante e do comerciário, do empregado e do patrão. Do profissional e do artícife, de todos que predominantemente se valem do esforço intelectual ou físico. É do estudante e do professor, de todas as escolas. É das mulheres e dos homens de todas as idades. É dos que são mourãoenses aqui nascidos ou que aportaram com sentimento de quem se orgulha em ser daqui.

É o dia de parar sim! Mas é o dia de mobilização. De desfile para mostrar na via pública o que já fomos, o que somos e desejamos ser. É dia de expressar orgulhosa e altaneiramente o nosso ser coletivo como mourãoense. De hastear a bandeira, de cantar o nosso Hino, de darmos as mãos na comunhão límpida e vibrante como sujeitos de uma história que deve prosseguir, com rumos e prumos que alcancem, mas que progresso, o desenvolvimento de todos e de tudo, sempre o ser humano em primeiro lugar e não a riqueza produzida para ser acumulada em vez de partilhada por todos aqueles que empreenderam laboriosos esforços.

O 10 de Outubro não é particular e logicamente não pertence a ninguém. É de toda sociedade e deve a data ficar acima de intenções localizadas, por mais que elas possam fazer sentido. Assim, não se trata de uma altercação das entidades envolvidas, no entanto, elas não podem aproar sozinhas decisões tangentes ao destino de todo o município, não podem se constituir em apanágios como se fossem vozes de todo o Campo Mourão. Os mourãoenses, individual ou coletivamente e por intermédio de outras representações, não caberá ficarem apassivados.

Não se trata de uma Lei qualquer. O seu reexame caberá ao Poder Legislativo. De todos os vereadores se espera que votem assumindo o posicionamento acima de interesses particulares ou localizados, de ser oposição ou situação, de ser deste ou daquele partido, mas com a maturidade que assegure o interesse público, no caso o próprio patrimônio histórico-cultural de toda a gente mourãoense, longe de se curvar a mudança da data, pois ela viria a ser um primeiro passo de desrespeito as nossas caras tradições, e o segundo passo constituiria no fim da data, no definitivo afronta à memória que não é apenas o que passou, mas a inspiração como projeção e base de conquistas e de novos desafios.

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