sábado, 2 de julho de 2011

A OPINIÃO PÚBLICA

Paulo Barretto

Quando há uma grande questão pendente costuma-se dizer que a maneira mais democrática de achar a solução é consultar a opinião pública. Isso seria correto se a opinião pública fosse formada pela média do que pensa cada cidadão individualmente.

Infelizmente, hoje, as coisas não funcionam desse jeito. Não há autenticidade no que se chama de opinião pública porque ela é formada pela imprensa, que usa técnicas de propaganda subliminar e faz exposição exaustiva até o cidadão acreditar cegamente no que a mídia informa, mesmo que não seja a expressão da verdade.

Os escândalos de corrupção que estouram a cada momento e humilham a nação não têm repercussão por sua importância em si, mas pelo que pode representar de propaganda contra adversários políticos. Valendo-se de uma imprensa marrom, ligada a partidos e a interesses financeiros, divulgam-se manchetes e jargões de forma repetitiva durante longo período para tirar a capacidade de raciocínio do cidadão e submetê-lo a uma lavagem cerebral que o desqualifica para examinar com isenção a natureza e a gravidade das acusações e da culpabilidade dos acusados.

Infelizmente, a corrupção está presente em todos os setores da vida pública. Os desvios de conduta de políticos e servidores públicos podem ser classificados, genericamente, em pequenos médios e grandes. Nos casos de menor monta se enquadram o caixa dois, as nomeações de parentes, a utilização de viaturas públicas fora do serviço e outros de menor expressão. Entre os intermediários estão o “mensalão” do PT e do DEM, os “sanguessugas”, os deputados e senadores concessionários de serviços de rádio e televisão, a compra de votos para reeleição de FHC em 1998, etc. E por último estão aqueles que praticaram os grandes roubos, como o Laláu, a advogada Georgina, o ex-deputado João Alves, o Maluf que em um único dia depositou em conta secreta nas Ilhas Caimã, um bilhão e duzentos milhões de reais (A Folha de S.Paulo publicou Xerox do depósito), quando a fortuna de sua família não ultrapassava 50 milhões de reais, a venda a preço de banana das estatais, construídas com sangue e suor do povo. Esses são os “marajás” da corrupção, mas, estranhamente, não há contra eles a fúria punitiva que existe contra aqueles que praticaram infrações menores, como é o caso típico do caixa dois.

A elite intelectual que pensa com a própria cabeça não foi influenciada pela propaganda enganosa divulgada pela mídia comprometida. Examinou os fatos e deu a eles a importância que realmente têm. A classe mais pobre, por não ler jornais e não ter interesse por discussão política em televisão, não viu nada e se viu não assimilou a propaganda subliminar e não se deixou influenciar, como provaram as últimas eleições gerais. Gente mais simples age mais por instinto e “sente” que as coisas estão melhorando para os pobres e está satisfeita com o governo. Em sentido contrário a maioria da classe média, com maior acesso à informação, não alcançou o que havia atrás das manchetes e foi engodada pela propaganda dirigida, dosada para criar um fanatismo contra o governo, a exemplo do que fez Hitler com a população alemã. Há no ar um sentimento de ódio reprimido, fruto da propaganda insidiosa, além de uma aversão contra as classes sociais de nível mais baixo e preconceito contra os pobres.

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