Várias queixas digestivas podem ter origem a partir da ingestão de líquidos junto ao almoço ou jantar. Desde a boca até o intestino, o alimento sofre a ação de inúmeras enzimas. Para que haja uma boa qualidade do processo digestivo, questões como o pH do trato gastrointestinal é importante.
Quando ingerimos líquidos (água, sucos, e refrigerantes, sendo este último ainda mais nocivo) com as refeições, ocorre à diluição do suco gástrico com a modificação do pH local fazendo com que a atividade enzimática fique comprometida. Por exemplo, a pepsina precisa de um meio ácido estomacal para ser formada a partir do pepsinogênio, o que é somente garantido com a ótima secreção de ácido clorídrico (HCl).
O mesmo, por provocar a redução do pH estomacal, favorece não somente a melhor digestão, mas otimiza a absorção de ferro, cálcio, piridoxina, zinco, entre outras vitaminas/minerais, utilizadas em diversas reações bioquímicas.
A diluição, portanto do ácido clorídrico durante uma refeição com grande quantidade de líquido favorece uma menor eficiência na absorção de vitaminas/minerais e um déficit clorido-péptico, contribuindo com a má digestão protéica e para a ocorrência de sintomatologias digestivas muito referidas como a distensão abdominal, diarréia/constipação e sensação de plenitude gástrica.
As pessoas que têm necessidade de ingerir líquidos com as refeições normalmente possuem uma baixa ingestão hídrica ao longo do dia e associam o ato de comer a hora de se hidratar. A inclusão de líquidos durante as refeições também se deve, em parte a má mastigação, característica bastante comum em pessoas cada vez mais preocupadas, estressadas e com menos tempo destinado à sua alimentação.
Para quem tem este péssimo hábito de beber líquidos junto às refeições, existem algumas dicas importantes! A primeira e talvez a mais importante é a mastigação! A mastigação estimula a produção de saliva que além de umedecer os alimentos favorecendo a deglutição possui enzimas digestivas que já iniciam o processo de digestão dos alimentos. Quem não mastiga tem a sensação de que a comida está seca mesmo e torna mais difícil o processo digestivo.
A segunda dica é, pelo menos, evitar as bebidas gaseificadas (água com gás e refrigerantes) e limitar-se a 200 ml de líquidos por refeição (um copo pequeno de água ou suco). Primeiramente, faça toda a refeição e depois tome o líquido bem lentamente em pequenos goles. Gradativamente vá reduzindo a quantidade de líquidos ingeridos até a total exclusão.
O ideal seria não tomar líquido nenhum de 30 minutos até 2 horas depois das refeições (tempo necessário para a digestão dos alimentos).
Outra dica é evitar preparações muito secas como: farinha, farofas e empadão, além de não exagerar no sal, pois pratos muito salgados darão mais sede. Esse processo pode levar meses, mas é importante tentar. Com o tempo, o líquido não fará falta nenhuma! Pelo contrário, deixar de tomar líquidos com as refeições só fará bem para sua saúde!
*Por Fernanda Serpa de Carvalho, especialista em Nutrição Clínica Funcional e docente da empresa Nutconsult.
Fonte: Bonde.
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