Por João Bosco Leal
Após minha ida a Aruba, aumentaram bastante meus questionamentos sobre os políticos brasileiros e seus interesses. Não consigo pensar no que vi, sem ao mesmo tempo pensar no que poderia ser a região Nordeste do Brasil.
Em todas as regiões onde se conseguiu irrigá-lo, o Nordeste já é hoje um grande exportador de frutas, o que demonstra, mesmo para aqueles que nunca lá estiveram, a qualidade e as possibilidades de suas terras. Aí minha comparação com Aruba, uma ilha vulcânica, toda de pedra, onde nada se produz pela total inexistência de terra para isso e por lá não existir uma só nascente de água. Na ilha, toda a água necessária para a sobrevivência de sua população e dos milhares de turistas que lá visitam é retirada do mar e dessalinizada para ser consumida.
E nossos irmãos brasileiros continuam abandonando essas terras, pela falta de chuva e de leitos de água que possam proporcionar a irrigação destas. Geograficamente, todos os estados nordestinos que sofrem com a falta de água possuem parte de suas terras no litoral, em pleno oceano Atlântico, e com praias lindas.
A topografia nordestina possui desníveis suficientes para que toda a água existente em um de seus pontos mais altos possa correr para todos os lados pela simples força natural da gravidade. Claro, dirão, mas não existe água nesses pontos mais altos. Respondo então que é vergonhoso não possuirmos água pura, tratada, nos pontos altos, pelo menos nos pontos mais próximos do litoral, o que facilitaria muito também a possuirmos a quilômetros de distância desses pontos por gravidade.
Aruba, com apenas 120.000 habitantes e nenhuma água ou terra fértil, consegue atrair, só através dos que lá chegam por meio de transatlânticos, 6.000 turistas/dia ou 05% de toda sua população, e tem água suficiente para todos e também para uma fábrica de cervejas, simplesmente retirando essa água do mar, dela extraindo o sal e posteriormente a bombeando para os pontos mais altos, situados nos morros, e de lá deixando que desça, por gravidade, através de canos, para ser consumida por sua população e suas mais diversas necessidades, sejam físicas ou industriais.
Assim, qual o motivo plausível para que, em nosso país, continuemos, por décadas, vendo nossos irmãos nordestinos sem água para consumo próprio ou para o plantio de suas terras, senão o roubo sistemático e criminoso, cometido pelos mais diversos políticos e "coroneis" locais, de toda a verba pública que, por décadas, já foi enviada para a região sem que nada fosse resolvido?
Quando teremos um governo federal que, ao invés de enviar mais verbas para estes estados através desses bandidos, vá ao nordeste e, com obras do próprio governo federal, lá implante, por exemplo, as fábricas dessanilizadoras de água citadas e resolva definitivamente a situação nordestina de falta de água?
Com mais água, além da produção das terras, poderíamos também potencializar o aproveitamento turístico regional, possuidor de belezas naturais inexistentes em outros países que, mesmo assim, exploram o turismo.
Os interesses escusos e criminosos de centenas de nossos políticos não permitem que se resolva definitivamente a falta de água, a pobreza e o analfabetismo nos estados nordestinos, pois, resolvendo isso, haveria um enorme aumento da massa crítica brasileira, que não mais votaria em bandidos indiciados ou mesmo já condenados, como muitos que aí estão.
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