domingo, 5 de dezembro de 2010

GUERRA DO RIO

Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS

Origem da “guerra”

Os serviços de inteligência afirmam, categoricamente, que a violência no Rio de Janeiro foi em consequência de um impasse nas negociações entre políticos e policiais corruptos com os chefões da bandidagem. Os quadrilheiros quebraram o pacto de não-agressão porque se negaram a reajustar a tabela de propinas cobradas pelas autoridades policiais e políticas.

Governantes Omissos e Coniventes

A atuação das Forças Armadas nas Operações contra o narco-tráfico no Rio de Janeiro escancaram ao Brasil e ao mundo a inoperância dos governadores do estado do Rio de Janeiro, nas últimas três décadas, a crônica falta de recursos e a corrupção das polícias civil e militar da “Cidade Maravilhosa”. A mídia amestrada usou e abusou das imagens mostrando a apreensão de drogas e armas, mas a fuga dos chefões do tráfico mostra a incompetência de uma operação pirotécnica mais preocupada nas tomadas espetaculares do que nos resultados. O planejamento equivocado realizado pelas Forças Auxiliares (policias civil e militar) é patente quando se permitiu que os bandidos usassem rotas de fuga conhecidas por todos. A série de equívocos e falhas mostra que o comando das operações, como reza a Constituição, deveria ter sido realizado pelas Forças Armadas.

A Guerra no Rio

Cel Gélio Fregapani

Muito já se escreveu sobre o assunto. Além do aplauso pela apreensão de droga e de armamento, me limitarei a preocupações ainda não aventadas suficientemente.

1ª – Não adiantará muito prender ou eliminar os que estavam incendiando os veículos. Estes são familiares de presos menores, forçados a fazê-lo sob ameaça a seus parentes. Maior efeito teria sobre os chefões, castigando-os severamente a cada ação de seus bandidos na rua. Claro, isto não será possível enquanto os direitos humanos dos bandidos forem maiores do que os direitos humanos de suas vítimas.

2º - Todos os pequenos traficantes mortos ou presos são descartáveis e facilmente substituíveis. Os grandes estão fora do alcance. O único segmento que podemos atingir eficientemente é o usuário, que financia tudo. Enquanto quisermos tratá-lo como doente e coitadinho nada funcionará. Temos que impor pesada multa ou trabalhos forçados, conjugado com uma campanha psicológica como a que foi feita contra o cigarro; centrada não sobre o perigo (que atrai os audazes), mas sobre o mote de que “a droga é para os fracos”.

3ª - Quando aquele tenente do Exército entregou três traficantes à facção inimiga apareceram o MP e os “direitos humanos” para atacar o Exército. O Beltrame disse "o Exército não está preparado para atuar na Segurança Pública..." Agora, por passe mágica, o Exército virou "a solução para o Alemão"... Mais cedo ou mais tarde alguém terá que atirar. Será processado também?

Todos sabemos que a responsabilidade terminará nas mãos do Exército, e que em breve o atual aplauso das comunidades se transformará em descontentamento, pelo prejuízo à estrutura econômica baseada no tráfico. O Exército sabe que só poderá ter sucesso acumulando o poder militar com o poder político, sob lei marcial. Ou não?

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB); Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

E–mail: hiramrs@terra.com.br

Imagens da Internet – fotoformatação (PVeiga).

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