segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A PENDÊNCIA DA INDEPENDÊNCIA

“Nada é mais remoto quando se tem o controle-remoto”-Gudé.

Por José Eugênio Maciel
“Miserável país aquele que não tem heróis.
Miserável país aquele que precisa de heróis”.
Bertold Brecht
             A dimensão territorial brasileira é imensa, um continente. O Brasil é o nosso chão. A palavra patriota tem origem no latim que significa terra paterna. Uma pátria como tal implica ter um país, palavra originada do italiano paese, que por sua vez vem do latim pagus, que é aldeia.
         Somos um Brasil de grandes proporções geográficas a parecer impossível abraçá-lo, embora, ao mesmo tempo, a pátria é o meio específico que fazemos parte, a aldeia, espaço pátrio..
         A verdadeira independência é aquela que conquistamos e que cotidianamente exige de nós saber manter o que se alcançou e corresponder de maneira a merecê-la na sua inteireza. Ela não se circunscreve a importante exaltação cívica do hasteamento e do empunhar da bandeira, não se limita a reverência aos símbolos. Menos ainda a expressão discursiva tantas vezes demagógica.
         A pátria somos nós muito mais do que um país, é a pretensão de nos tornarmos uma nação, um longo processo em construção no qual não é incomum nos desviamos ou sofremos da paralisia em relação a esta trajetória.
         A independência é muito mais do que a conquista de um território, a formação do Estado e a constituição de um governo. A pátria pressupõe a liberdade e consequentemente a sua autodeterminação.
         A Pátria é um sonho, utopia até, de um ideal que ainda não se concretizou. Infelizmente se torna necessário advertir, a Pátria não existe por completo nem formal e concretamente, como o analfabetismo que impede que se leia “ordem e progresso”. Crianças sem, evadidas ou fracassadas na escola. A Pátria inexistirá enquanto houver pessoas sem teto, sem trabalho digno e com renda o suficiente para atender com dignidade as necessidades básicas como alimentação e vestuário.
         A pátria brasileira pode ser um sonho, mas não um pesadelo. A Pátria não é o Brasil, deverá ser sim o Brasil como Pátria dos brasileiros. Se estivermos longe disso, devemos caminhar sempre a almejar que sonhos se constituam em realidade, uma vez que somos ainda uma independência caracterizada por uma série de pendências, como da justiça social que não ocupa o espaço da miséria que, se não mais se espraia, não foi erradicada.  

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