sexta-feira, 28 de setembro de 2012

MINISTROS JOAQUIM BARBOSA E MARCO AURÉLIO TROCAM SAFANÕES VERBAIS, PELOS JORNAIS

O ministro Marco Aurélio duvidou, pela imprensa, da capacidade de Joaquim Barbosa em ser presidente do Supremo Tribunal Federal, o relator do mensalão, respondeu que Marco Aurélio só é ministro por ser parente de Fernando Collor. Corre risco, a eleição de Joaquim Barbosa, como novo presidente do Supremo em novembro.

Foto: Nelson Jr./SCO/STF
PARTINDO PARA CIMA - Joaquim Barbosa, considerando-se agredido, verbalmente, pelo ministro Marco Aurélio
Como em qualquer núcleo social, o Supremo Tribunal Federal é palco de intriga e desentendimentos, às vezes profundos. De um grupo de superegos discutindo questões subjetivas, por anos seguidos, não se poderia esperar outra coisa. Mas essas megas-desavenças, não costumavam ser accessível ao grande público, povoava inexpugnáveis intramuros.
De uns tempos para cá, graças ao Ministro Joaquim Barbosa, principalmente, as querelas, tem acontecido também durante as sessões. É celebre sua discussão com o Ministro Gilmar Mendes, então presidente do Supremo Tribunal Federal, e já virou rotina, agora, no julgamento do mensalão, suas agressivas observações em cima do revisor do processo o ministro Ricardo Lewandowski.

Nesta quinta-feira, em mais um episódio da série, o ministro Joaquim Barbosa, respondeu à crítica do ministro Marco Aurélio Mello de que ele não teria condições de ser presidente da Corte devido aos constantes bate-bocas protagonizado com os colegas, em particular, com o ministro revisor do processo do Mensalão, Ricardo Lewandowski.
Barbosa, normalmente arredio à imprensa, perguntado por jornalistas, insinuou que Marco Aurélio não tinha estudado o suficiente para chegar ao cargo, mas se valido do parentesco com o ex-presidente Fernando Collor, que o nomeou.
- Ao contrário de quem me ofende momentaneamente, devo toda a minha ascensão profissional a estudos aprofundados, à submissão múltipla a inúmeros e diversificados métodos de avaliação acadêmica e profissional. Jamais me vali ou tirei proveito de relações de natureza familiar - afirmou.

Foto: Nelson Jr./SCO/STF
BRIGA DE CACHORRO GRANDE E TOGADO - O midiatico ministro Marco Aurélio, provocou Joaquim e levou o troco, haverá tréplica?
O ministro Marco Aurélio Melo havia criticado e lançado dúvidas de que o ministro Joaquim Barbosa, não teria capacidade para ser presidente da Corte. Em novembro, com a aposentadoria do atual presidente, ministro Ayres Britto, Barbosa assumirá o comando do tribunal.
Na última quarta-feira, Barbosa se irritou várias vezes com o ministro revisor, Ricardo Lewandowski, que divergiu dele em alguns pontos. Barbosa atacou Lewandowski afirmando que ele estava fazendo “vista grossa” da prova, que deveria parar com “hipocrisias” e julgar “corretamente”.
Na ocasião, Marco Aurélio e outros ministros saíram em socorro de Lewandowski.
- Como ele (Joaquim Barbosa) vai coordenar o tribunal (quando se tornar presidente em novembro)? Como ele vai se relacionar com os demais órgãos, com os demais poderes. Não sei. Mas vamos esperar. Nada como um dia atrás do outro - disse Marco Aurélio.
- Eu fico muito preocupado diante do que percebo no plenário. Eu sempre repito: o presidente é um coordenador. Ele é algodão entre cristais. Ele não pode ser metal entre cristais - acrescentou mais tarde.
Marco Aurélio citou até mesmo um comentário que ouviu no rádio, segundo o qual o estilo beligerante de Joaquim Barbosa poderia colocar em risco sua eleição como presidente. É praxe no STF que o tribunal seja presidido pelo membro mais antigo que ainda não ocupou o cargo. No momento atual, essa é justamente a situação do ministro Joaquim Barbosa. Mas, apesar de citar o comentário e lembrar que a eleição para presidente no STF não é por aclamação, Marco Aurélio disse acreditar que esse risco não existe no momento.
Foto: Nelson Jr./SCO/STF
ALVO PREFERENCIAL - Lewandowski,
o revisor do mensalão, na alça de
mira de Joaquim Barbosa
Barbosa, por sua vez, disse aos jornalistas que Marco Aurélio costuma ser um problema para todos os presidentes do STF. E ressaltou que obedece às regras de convivência aprendidas não apenas nos livros, mas na vida.
- Um dos principais obstáculos a ser enfrentado por qualquer pessoa que ocupe a Presidência do Supremo Tribunal Federal tem por nome Marco Aurélio Mello. Para comprová-lo, basta que se consultem alguns dos ocupantes do cargo nos últimos 10 ou 12 anos.
O apego ferrenho que tenho às regras de convivência democrática e de justiça me vem não apenas da cultura livresca, mas da experiência concreta da vida cotidiana, da observância empírica da enorme riqueza que o progresso e a modernidade trouxeram à sociedade em que vivemos, especialmente nos espaços verdadeiramente democráticos - disse.
O ministro ainda ressaltou que, quando ocupar a presidência do STF, a partir de novembro, não tomará decisões ilegais e “chocantes para a sociedade”, e tampouco fará intervenções inapropriadas, apenas para se exibir, afirmando que as atitudes eram típicas de seu desafeto.
- Caso venha a ter a honra de ser eleito presidente da mais alta Corte de Justiça do nosso país nos próximos meses, como está previsto nas normas regimentais, estou certo de que de mim não se terá a expectativa de decisões rocambolescas e chocantes para a coletividade, de devassas indevidas em setores administrativos, de tomadas de posição de claro e deliberado confronto para com os poderes constituídos, de intervenções manifestamente ‘gauche’, de puro exibicionismo, que parecem ser o forte do meu agressor do momento - declarou.
Por mais que admiremos Joaquim Barbosa, pela sua capacidade intelectual, cultura jurídica e destemor como julgador, notadamente nesse processo do mensalão, temos que reconhecer que ele frequentemente exagera.
Por causa do seu destempero, o ministro Joaquim Barbosa, corre, sim, o risco de não ser eleito presidente do Supremo, uma possibilidade ainda remota, mas real.
Deve-se levar em conta que a votação é secreta, e ele notadamente tem alguns inimigos públicos entre os ministros eleitores. Pode-se contabilizar a princípio, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, provavelmente Dias Toffoli e agora o Marco Aurélio.
Num universo de 11 eleitores, Joaquim disputaria o cargo, com uma provável rejeição inicial de 36%, sem margem de erro.

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