domingo, 16 de setembro de 2012

HÁ 70 ANOS, UM DISCURSO DE IDELÉVEL MEMÓRIA!

O IV Congresso Eucarístico Nacional — de 4 a 7 de setembro de 1942 — foi um marco na história do Catolicismo no Brasil

No grandioso congresso Eucarístico Nacional de 1942, observou-se um entusiasmo religioso ímpar, fruto da vitalidade do Movimento Católico em cuja liderança estava Plinio Corrêa de Oliveira. E desse evento guardam saudosa recordação todos os que a ele assistiram presenciando manifestações como a da foto acima e a do final. Sobretudo de seu encerramento, realizado no centro da capital paulista, no Vale do Anhangabaú tomado por uma multidão — mais de 500.000 pessoas, vindas de todo o Estado e de diversas partes do Brasil. Este número, impressionante mesmo para nossos dias, o era incomparavelmente mais para a pequena cidade de São Paulo do início da década de 40, cuja população não passava de 1.500.000 almas.  
Plinio Corrêa de Oliveira discursa na sessão de encerramento
Nesse brilhante encerramento, coube a Plinio Corrêa de Oliveira (foto) fazer o discurso de saudação oficial às autoridades civis e militares. O público entusiasmado ovacionou o orador, na ocasião Presidente da Junta Arquidiocesana da Ação Católica. 
Ocupava a presidência de honra desse evento o Núncio Apostólico e Legado Pontifício, D. Bento Aloisi Masella, tendo à sua direita o Interventor Federal Dr. Fernando Costa, representando o Presidente da República. Presentes aproximadamente 60 Arcebispos e Bispos, numeroso clero, autoridades, representações de outros Estados e de alguns países da América do Sul.
A seguir alguns tópicos desse memorável discurso:
“No curso já quatro vezes secular da História do Brasil, jamais se reuniu assembléia mais solene e ilustre que esta. No momento em que a vida nacional caminha para rumos definitivos, quis a Divina Providência reunir em pleno coração de São Paulo os elementos representativos de tudo quanto fomos e somos, de todas as glórias de nosso passado e de nossas melhores esperanças para o futuro. [...]
“Senhores, é hoje o dia 7 de setembro. A data é expressiva, e estou absolutamente certo de que um imenso clamor se levantará neste glorioso dia, transpondo os limites do Estado e do País, para notificar ao mundo inteiro que, como um só homem, o Brasil se ergue contra o imperialismo nazista pagão que trama sua ruína e parece ter chamado a si, exatamente como seu sósia vermelho de Moscou, a diabólica empreitada de destruir a Igreja em todo o mundo.
“Contra os inimigos da Pátria que estremecemos, e de Cristo que adoramos, os católicos brasileiros saberão mostrar sempre uma invencível resistência. Loucos e temerários! Mais fácil vos seria arrancar de nosso céu o Cruzeiro do Sul, do que arrancar a soberania e a Fé a um povo fiel a Cristo, e que colocará sempre seu mais alto título de ufania em uma adesão filialmente obediente e entusiasticamente vigorosa à Cátedra de São Pedro. [...] 
As montanhas do Brasil parecem convidar o
homem às supremas afoitezas dos heroísmo cristão
“Talvez não fosse ousado afirmar que Deus colocou os povos de sua eleição em panoramas adequados à realização dos grandes destinos a que os chama. E não há quem, viajando por nosso Brasil, não experimente a confusa impressão de que Deus destinou para teatro de grandes feitos este País, cujas montanhas trágicas e misteriosas penedias parecem convidar o homem às supremas afoitezas do heroísmo cristão, cujas verdejantes planícies parecem querer inspirar o surto de novas escolas artísticas e literárias, de novas formas e tipos de belezas, e na orla de cujo litoral os mares parecem cantar a glória futura de um dos maiores povos da Terra.
“Quando nosso poeta cantava que nossa terra tem palmeiras onde canta o sabiá, e as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá', percebeu, talvez confusamente, que a Providência depositou na natureza brasileira a promessa de um porvir igual ao dos maiores povos da Terra. 
"Os mares parecem cantar a glória futura de
um dos maiores povos da Terra"
“E hoje, que o Brasil emerge de sua adolescência para a maturidade, e titubeia nas mãos da velha Europa o cetro da cultura cristã que o totalitarismo quereria destruir, aos olhos de todos se patenteia que os países católicos da América são na realidade o grande celeiro da Igreja e da Civilização, o terreno fecundo onde poderão reflorir, com brilho maior do que nunca, as plantas que a barbárie devasta no velho mundo. A América inteira é uma constelação de povos irmãos. Nessa constelação, inútil é dizer que as dimensões materiais do Brasil são uma figura da magnitude de seu papel providencial.
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“Tempo houve em que a História do mundo se pôde intitular 'Gesta Dei per Francos'. Dia virá em que se escreverá 'Gesta Dei per brasilienses' — as ações de Deus pelos brasileiros.
“A missão providencial do Brasil consiste em crescer dentro de suas próprias fronteiras, em desdobrar aqui os esplendores de uma civilização genuinamente católica, apostólica, romana, e em iluminar amorosamente todo o mundo com o facho desta grande luz, que será verdadeiramente o 'lumen Christi' que a Igreja irradia. Nossa índole meiga e hospitaleira, a pluralidade das raças que aqui vivem em fraternal harmonia, o concurso providencial dos imigrantes que tão intimamente se inseriram na vida nacional, e mais do que tudo as normas do Santo Evangelho, jamais farão de nossos anseios de grandeza um pretexto para jacobinismos tacanhos, para racismos estultos, para imperialismos criminosos. Se algum dia o Brasil for grande, sê-lo-á para bem do mundo inteiro.

“'Sejam entre vós os que governam como os que obedecem', diz o Redentor. O Brasil não será grande pela conquista, mas pela Fé; não será rico pelo dinheiro tanto quanto pela generosidade. Realmente, se soubermos ser fiéis à Roma dos Papas, poderá nossa cidade ser uma nova Jerusalém, de beleza perfeita, honra, glória e gáudio do mundo inteiro. [...]

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“Em um Brasil imensamente rico, vereis florescer um povo imensamente rico, vereis florescer um povo imensamente grande, porque dele se poderá dizer:
“Bem-aventurado este povo sóbrio e desapegado, no esplendor embora de sua riqueza, porque dele é o reino dos Céus.
“Bem-aventurado este povo generoso e acolhedor, que ama a paz mais do que as riquezas, porque ele possui a Terra.
“Bem-aventurado este povo de coração sensível ao amor e às dores do Homem-Deus, às dores e ao amor de seu próximo, porque nisto mesmo encontrará sua consolação.
“Bem-aventurado este povo varonil e forte, intrépido e corajoso, faminto e sedento das virtudes heroicas e totais, porque será saciado em seu apetite de santidade e grandeza sobrenatural. 
“Bem-aventurado este povo misericordioso, porque ele alcançará misericórdia.
“Bem-aventurado este povo casto e limpo de coração, bem aventurada a inviolável pureza de suas famílias cristãs, porque verá a Deus.
“Bem-aventurado este povo pacífico, de idealismo limpo de jacobismos e racismos, porque será chamado filho de Deus.
“Bem-aventurado este povo que leva seu amor à Igreja a ponto de lutar e sofrer por ela, porque dele é o reino dos Céus”. (Agência Boa Imprensa)

Transcrito de “O Legionário” de 7-9-1942 — Órgão oficioso da Arquidiocese de São Paulo, onde a íntegra desse memorável discurso encontra-se disponível.

Fiéis participantes do "IV Congresso Eucarístico Nacional

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