sábado, 1 de setembro de 2012

TROTES ESTUDANTÍS, ATÉ QUANDO?

Por Luiz Antonio Domingues in Planet Polêmica

Trote na Universidade de Brasília tem
confusão e menor alcoolizada
Até Quando? Na sociedade em que vivemos, a obsessão pelo dinheiro é o normal. Esse paradigma está tão solidificado, que todo o sistema educacional é centrado nesse valor básico. Dessa forma, a pressão para que se tenha a melhor educação, tem como objetivo primordial a preparação para o mercado de trabalho e numa segunda ou terceira instância, o saber, razão nobre pela qual surgiram as academias na antiguidade e as universidades na idade média. 
Posto isso, traço o paralelo dessa pressão por melhores colocações e certamente seria um dos fatores que explicam o porquê da existência desse jogo de dominação, subjugação, sadismo, arrogância, prepotência etc., etc.
Estudante é queimada com ácido
na Unifeb
Segundo dizem, a palavra "trote" seria mesmo uma alusão à relação homem-equino e nesse caso denotaria o "montar em cima", literalmente, como exercício de humilhação e dominação. 
Alguns estudiosos sustentam a tese de que a palavra "Bixo", escrito com o "X" propositalmente, teria uma dupla função depreciativa: 1) Chamar alguém de bicho, animal, como forma de depreciação e 2) O "X" revelaria o estigma com o qual marcam os novatos para persegui-los até que uma nova turma entre na universidade e o ciclo se repita. 
Combate de Gladiadores
A manutenção desse “status quo” de bullying socialmente aceito, se perpetua, pois o oprimido de hoje, sente-se compelido a repetir o padrão, "descontando" no próximo novato e não passa na cabeça de ninguém, quebrar esse padrão idiota que ninguém nem sabe onde começou. 
O circo romano de gladiadores um dia acabou, as rinhas de galos e as touradas hão de acabar um dia e por que essa imbecilidade do trote estudantil precisa existir ainda? Vejo defesa inflamada por parte de entusiastas dessa prática e a argumentação parece pífia, esbarrando no surrado argumento de que tal prática "integra" o novato à instituição e principalmente ao convívio com os veteranos. 
Desculpe, mas não aceito tal argumentação pois mais parece uma mera manutenção de um padrão adquirido sem que haja nenhum sentido prático realmente plausível.
Por quê? Ora, não é possível receber a nova turma com um padrão diferente, com gentileza, respeito, boa educação? 
Estudantes da UEL pisam em cima de calouros
deitados no chão durante trote
(Foto: Reprodução/TV Paranaense)
Se uma pessoa vem pela primeira vez à minha casa, devo-lhe aplicar um trote, com práticas humilhantes e quiçá sádicas, para que ela se sinta bem recebida, "integrada"? O que se vê na maioria dos casos, não tem nada de "integração". 
Vemos apenas cenas de extremo sadismo, humilhação, exploração etc. Isso sem contar as oportunidades que se abrem para constrangimentos de conotação sexual, principalmente com as meninas. 
Acho desnecessário arrolar casos extremos de tragédias perpetradas pelos famigerados trotes. São públicos e notórios e estão nos noticiários policiais. 
Só acrescento que há maneiras mais civilizadas de se recepcionar os calouros. 
Ou podem ser recebidos com festas e atividades culturais, ou mesmo com um caderno de encargos sociais a serem cumpridos, tais como, ajudar na limpeza pública, auxiliar pessoas carentes, doar sangue em hospitais etc. 
E quem sabe, as duas coisas, numa semana inicial de atividades edificantes, coordenadas pelos veteranos. Em suma, é um andar para a frente e deixar as práticas medievais para trás.

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