quinta-feira, 1 de setembro de 2011

MAIOR FRIGORÍFICO DO MUNDO FECHA UNIDADE EM MARINGÁ

Empresa fecha unidades em São Paulo, Minas e Paraná e reforça produção no Centro-Oeste, com objetivos de pagar menos impostos e aumentar as sinergias

Por Raquel Landim - O Estado de São Paulo

O JBS, maior empresa de carnes do mundo, está promovendo uma reorganização de suas operações produtivas no Brasil, reduzindo sua presença no Sul e Sudeste e reforçando no Centro-Oeste. O objetivo da companhia é pagar menos impostos, driblando a guerra fiscal, e capturar as sinergias de suas inúmeras aquisições.

Serão fechadas três unidades: Presidente Epitácio (SP), Teófilo Otoni (MG) e Maringá (PR). A produção das plantas paulista e paranaense será transferida para Mato Grosso do Sul. Na unidade mineira, o abate e a desossa dos bois continuará sendo feita no Estado, mas nas plantas de Iturama e Ituiutaba.

Também haverá mudanças em Mato Grosso, com mudança de parte da produção de Água Boa e Alta Floresta para Barra do Garças e Diamantino. Nesta última, o abate será duplicado para 2 mil cabeças de gado por dia. Outro remanejamento foi feito em Rondônia entre as unidades de Pimenta Bueno e Vilhena...

"Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, temos mais eficiência fiscal e operacional, porque estamos mais próximos do gado", disse Francisco de Assis, diretor de relações institucionais do JBS. Ele reclamou da legislação de São Paulo, que cobra ICMS dos bois que chegam do Centro-Oeste e não permite compensação de crédito concedido em outros Estados.

Com as mudanças, o número total de unidades de abate do JBS no Brasil cai de 35 para 32, mas a expectativa é que a produção aumente em 5%. Serão demitidos 1,5 mil funcionários nas três unidades fechadas, mas contratados outros 2 mil nas demais plantas. A companhia vai oferecer a oportunidade de mudar de cidade aos funcionários que se interessarem.

Sinergias. O JBS calcula uma redução de custos de R$ 200 milhões anuais com a reorganização produtiva - R$ 70 milhões em eficiência fiscal e R$ 130 milhões em redução de custos operacionais e sinergias.

Essa reestruturação ainda faz parte do processo de integração do frigorífico Bertin, cuja compra foi anunciada no final de 2009, mas efetivamente realizada em 2010.

A movimentação também é uma tentativa de agradar o mercado financeiro, que vem castigando as ações do JBS. Os papéis da empresa já caíram 43% este ano. Ontem, fecharam a R$ 4,08, um recuo de 1,2%.

Os investidores têm dúvidas sobre a capacidade do JBS de integrar as aquisições que realizou nos últimos anos e obter as sinergias produtivas que prometeu. Com a polêmica ajuda do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o JBS comprou várias empresas no Brasil e no exterior.

O momento complicado vivido pelo setor de frigoríficos também assusta o investidor. O setor está pressionado pela alta dos custos da matéria-prima. No primeiro semestre, o JBS teve prejuízo líquido consolidado de R$ 117 milhões, comparado com um lucro de R$ 78,5 milhões em igual período de 2010. Outras empresas do setor também fecharam o semestre no vermelho.

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