quinta-feira, 1 de setembro de 2011

SETOR PRODUTIVO TEME QUE RECORDE DAS IMPORTAÇÕES GERE RISCO DE DESINDUSTRIALIZAÇÃO

Vice-presidente do Ibef-PR avalia que os dados do governo são motivo de preocupação porque fragilizam a indústria e podem aumentar o desemprego no país


Enquanto os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, divulgados nesta quinta-feira (dia 1º) apontam recorde das exportações e importações, o setor produtivo brasileiro teme que o resultado das importações, de US$ 146 bilhões, leve o país a um processo de desindustrialização. “Existe um mundo que é a propaganda do governo e outro que é o dia a dia real, que é lutar contra tudo. A situação é crítica e não há nada para comemorar. Pelo contrário, é para se preocupar, porque entra produto externo com mais facilidade e isso vem matando nossa indústria”, avalia o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças no Paraná (Ibef-PR), Clécio Luiz Chiamulera.

Ao entrar no país, o produto importado é muito mais barato do que o custo, levando muitos empresários a trazer de fora ao invés de produzir internamente, devendo causar desemprego. “Estamos parando as máquinas todos os meses por causa da entrada de produtos importados em função do dólar, cuja cotação está muito baixa”, revela.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, as exportações brasileiras alcançaram US$ 166,7 bilhões no acumulado de 2011, enquanto as importações US$ 146,7 bilhões, um resultado positivo em US$ 19,9 bilhões. Esse saldo acumulado representa aumento de 70,8% na comparação com o acumulado entre janeiro e agosto do ano passado.

Empresários estão “pagando” para exportar

Assim como o volume de importações, o recorde de exportação não está trazendo benefício para os empresários, porque não estão tendo lucro com a operação. Segundo Chiamulera, os empresários estão mantendo a duras penas as operações de comércio exterior apenas para não perder a fatia de mercado conquistada com muito esforço. “Estamos exportando para não ganhar nada na esperança de que no futuro melhore. Quase todas as indústrias estão pagando para exportar”, critica Chiamulera, que é diretor de operações da Companhia Brasileira de Papel (Ibema).

Para reter a situação, o vice-presidente do Ibef-PR afirma que não se trata apenas de modificar a política cambial. “Além do câmbio, no país temos encargos que nos tira competitividade, bem como a falta de infraestrutura, enquanto foram tomadas medidas de desoneração que atingiram alguns setores que davam mais promoção e visibilidade ao governo. Foram medidas de maquiagem para dizer que desonerou”, afirma Chiamulera.
Para ele, a redução de impostos internos, o aumento do incentivo à produção e a reforma tributária representam o caminho para que a economia brasileira se fortaleça com maior consistência. “Além disso, há empresas que estão sofrendo com a dificuldade na recuperação de tributos com a exportação e que o governo simplesmente não permite a compensação. Com isso, não conseguimos nem obter benefícios para minimizar as perdas”, conclui.

Sinais de desaquecimento do mercado interno
Além do comércio exterior, a Ibema, que produz papel para embalagem de alimentos, remédios, sapatos e perfumes, também está sentindo reflexos da desaceleração do mercado interno. “Por estarmos próximos do consumidor final, nosso setor é um indicador muito realista do movimento da economia e estamos produzindo 20% menos do que no mesmo período do ano passado. E isso acontece em todo setor de embalagem, assim como indústrias de outros segmentos”, adianta.

Literal Link Comunicação Integrada

Ana Paula de Carvalho / Aldo Ribeiro

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