segunda-feira, 6 de agosto de 2012

CARRO ELÉTRICO, FALTA INTERESSE

Por Luiz Antonio Domingues – in Planet Polêmica
Toshiyaki Otani, diretor da Aliança
Renault-Nissan, acredita que carros
elétricos já são uma realidade no mundo
e fala em colaboração da esfera pública
e privada para a expansão dos veículos “verdes”
Popularizando-se em muitos países, os carros elétricos têm enfrentado barreiras para entrarem com força no Brasil.
Na ponta do lápis, parece ser o advento ideal para o atual panorama de preocupação com os aspectos sustentáveis do planeta, como um pilar ao lado do investimento em Metrô & trens de subúrbio e o incentivo maciço ao uso de bicicletas.
Em números, não há contra argumentação para desabonar o incremento dos carros elétricos. Rodar 160 KM no trânsito de São Paulo, por exemplo, custaria ao consumidor, a quantia de R$ 5,28. A mesma quilometragem num carro a álcool, sairia por R$ 28,80. No quesito ecologia então, não tem como um detrator argumentar, pois a não existência de monóxido de carbono, dióxido de carbono e óxido de nitrogênio, três dos piores gases poluentes que os carros comuns produzem, simplesmente não existirem num carro elétrico, desarma qualquer contrariador.
Um dia a injeção eletrônica acabou com o carburador e dessa forma, podem-se contar os dias para a extinção do escapamento, pelo menos em tese. Outro aspecto incontestável é o da completa ausência de ruídos.
Sem o método tradicional de combustão, são carros silenciosos ao extremo. No tocante à rede de abastecimento, começam os problemas, logicamente relacionados à questão do choque de interesses. Isso porque em teoria, qualquer tomada caseira pode reabastecer as baterias do carro. Sendo assim, como fica a colossal indústria petrolífera e suas inúmeras ramificações? 
Será que chegou a vez do Brasil produzir um carro não apenas brasileiro, mas também elétrico? Esta é a proposta de uma empresa que parece ter escolhido caprichosamente seu nome: VEZ do Brasil. A empresa emergente está procurando investidores para colocar em prática o projeto de um carro 100% elétrico. O "Seed Green City Car" deverá ter uma autonomia de 100 km. [Imagem: Vez do Brasil]
O uso do combustível, seja fóssil, seja de outra fonte, é o primeiro empecilho mas a seguir nessa pirâmide de interesses, vem as distribuidoras, as redes de postos, indústria de óleos, tudo o que é relacionado à retífica etc.
Já vi pessoas falando que se criaria outro gargalo de consumo, tão nocivo quanto, pois só no Brasil, estima-se que precisaríamos de uma nova Usina de Itaipu, só para suprir o consumo dos carros elétricos. Será?
Reclamações corporativistas sempre existiram ao longo da história.
Quando os carros começaram a se popularizar na América, houve manifestações organizadas por ferreiros, antevendo a decadência de seu ofício, com cada vez menos pessoas usando cavalos, carroças e carruagens no seu cotidiano.
A maior barreira no Brasil é teoricamente a altíssima taxação imposta pelo governo. Não é preciso fazer uma complexa elucubração para descobrirmos qual o motivo dessa taxação absurda.
Desde o governo JK, sabemos que o governo brasileiro e a indústria automobilística vivem um casamento praticamente indissolúvel. E, no bojo dessa relação, tem toda uma gama de interesses análogos, onde a indústria petrolífera tem seu peso e interesse, sempre levado em conta.
Portanto, enquanto os tubarões desse mar revolto não se adequarem, para não deixar de explorar esse mercado com a mesma volúpia de sempre, só veremos dificuldades criadas para os carros elétricos popularizarem-se.

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