domingo, 26 de agosto de 2012

O PREÇO DO FUTURO ALMEJADO


"Estaremos sempre solidários com aqueles que, na hora da agressão e da adversidade, cumpriram o duro dever de se opor a agitadores e terroristas de armas na mão, para que a Nação não fosse levada à anarquia"
Gen Ex Walter Pires de Carvalho e Albuquerque
Talvez, se não fosse essa parte da história - que alguns procuram apagar da memória-, esse futuro almejado, 
que não chega nunca, não existisse nem na esperança dos mais otimistas. Provavelmente, nem estes otimistas 
estivessem  vivos para sonhar... 
Pensem em Cuba, na URSS, na China. Quantos jovens tiveram suas vidas ceifadas por essa ideologia! (imagens da Internet - fotoformatação PVeiga)
Por Paulo Chagas
Estou fortemente convencido de que não é do interesse da Força ou de qualquer de seus integrantes e muito menos dos nossos Chefes de hoje e de ontem a divisão do Exército em “da ativa” e “da reserva”, muito embora tenha identificado atitudes pontuais, de ambos os “lados”, que, mesmo sem querer, fomentam a divisão.
São arroubos de indignação, na maioria das vezes motivados por desconhecimento, desinformação ou precipitação, dos companheiros inativos que, no dizer do Gen Octávio Costa, “têm a farda como outra pele, aderida à alma, irreversivelmente, para sempre”, o que pode não justificar determinadas atitudes e interpretações, mas as explica sobejamente!
São as mágoas e incompreensões dos camaradas da ativa que, por estarem em dia e em ordem com os acontecimentos, decisões, planos, projetos e circunstâncias não aceitam as críticas, devidas ou indevidas, dos que, mesmo errados ou enganados, só pensam e agem em favor do bem da Força e que merecem a complacência e a consideração de uma explicação que, na maioria das vezes, “está no site”, o que é sabidamente insuficiente!
Por outro lado, vivendo em Brasília e estando, portanto, mais próximo do que está a ocorrer no Exército, estou também convencido de que há bons motivos para acreditar que os dirigentes políticos, por piores que sejam, finalmente entenderam que as Forças Armadas são fundamentais e imprescindíveis para dar suporte e garantia aos compromissos internacionais e à conquista do espaço que o Brasil pretende e deve ter no concerto das nações.
Este entendimento, mesmo que não se respalde na lógica do estudo geoestratégico, fartamente conhecido por gerações de militares, se deve à conclusão, também lógica, de que, neste momento, as Forças Armadas são as únicas instituições sérias e confiáveis do País e que, portanto, precisam estar preparadas e equipadas de acordo com a importância das suas missões constitucionais.
A organização e a segurança dos grandes eventos assumidos pelo Brasil para os próximos anos, Copas e Olimpíadas, impõem seriedade e competência e, por isto mesmo, não poderão ser entregues a outras instituições que não às Forças Armadas, em particular ao Exército Brasileiro.
Seja por razões estratégicas ou por necessidade de garantia de sucesso nos eventos esportivos mundiais, a verdade é que as Forças Armadas nunca estiveram tão perto de conquistar as capacidades que sempre almejaram e que farão com que tenham, no momento oportuno e decisivo, o poder e a estatura compatíveis com as dimensões, as responsabilidades, a importância e as riquezas do Brasil.
Por outro lado, infelizmente, também constato que há um preço a pagar por esta perspectiva de conquista do futuro almejado, qual seja o esquecimento de uma parte importante e fundamental da história recente do País, na qual a Forças Armadas, em especial o Exército, desempenharam papel preponderante e asseguraram a preservação dos valores e dos pressupostos que sempre nortearam a evolução da nacionalidade e o amadurecimento político da Nação.
É triste ver velhos camaradas, apontados, até a pouco, como exemplos, que arriscaram suas vidas e expuseram suas famílias às ameaças de fanáticos terroristas, no estrito cumprimento do dever e das ordens recebidas, serem abandonados à própria sorte como se esse tempo, essas ordens, seus feitos e suas vitórias nunca tivessem existido e seu sangue nunca tivesse sido derramado!
Não existem, com certeza, dois Exércitos, mas, aparentemente, uma parte dele está sendo deixada para trás, sua lembrança e seus feitos estão sendo extirpados como se fossem cânceres da história e da memória ou como condição imposta para que o Exército tenha a dimensão e as capacidades que o Brasil precisa e o futuro exige.
Torço e rogo a Deus para que o que interpreto e lamento como fato seja mais um arroubo de indignação, motivado por desconhecimento, desinformação ou precipitação e que eu, mais uma vez, esteja errado!
Paulo Chagas é General de Brigada na reserva.

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