terça-feira, 28 de agosto de 2012

FECILCAM, 40 ANOS: TRAJETÓRIA E NOVAS CAMINHADAS DESAFIADORAS


 Por José Eugênio Maciel
“A descoberta e a invenção do conhecimento cobrem e fazem um novo ser humano” (Gudé).

“... sempre reconhecemos que o desenvolvimento do município, o desenvolvimento do Estado e o desenvolvimento da nossa Pátria tem o alicerce fundamental na educação (…), com a ajuda
do próprio povo... (…) nós estamos aqui felizes por dois motivos: porque entregamos
 a comunidade mourãoense o prédio onde funcionará o curso superior em nossa
 cidade, velha reivindicação da nossa mocidade... (…)”.
Prefeito de Campo Mourão Horácio Amaral
Em 2002, na festividade do 30º aniversário da Fecilcam-Pedro da Veiga, Conselheiro representante do Município, autor da Ata de criação da FUNDESCAM, foi homenageado pelo Dr. Rubens Sartori e Profa. Sinclair P. Casemiro, respectivamente na época Diretor e Vice-Diretora da instituição.
             Na última sexta feira, a FECILCAM – Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão, completou 40 anos. É natural, necessário também, a comemoração acompanhada da reflexão crítica que envolva o processo histórico inegável e os desafios impostergáveis que resultem na edificação de um novo tempo do conhecimento superior, plasmado pelo saber aplicado ao desenvolvimento, ainda a ser chamado de Universidade.
          O 24 de agosto de 1972 transcende os limites do que seria somente um marco histórico, data em que se institui, pela lei municipal nº 26, a FUNDESCAM – Fundação de Ensino Superior de Campo Mourão. É preciso retroagir no tempo para conhecer ou rememorar aquela década de 70 e assim compreender a dimensão daquela conjuntura, pois falar em ensino superior numa cidade interiorana era mais que um sonho, estava longe de ser uma utopia, sobretudo um delírio, salvo para o visionário Horácio Amaral, o prefeito (01/02/69-31/01/73 que adiantou-se no tempo ao vislumbrar o futuro como algo que seria capaz de realizar com a ousadia de quem sonhou e com a tenacidade para planejar a realização, aceitando o desafio e, com ímpeto e destemidamente, fazer florescer em nossos campos de terra fértil o conhecimento a lançar luzes às gerações de outrora e aquelas que vieram nessas quatro décadas.
Foto de Tony Nishimura
                          É preciso enaltecer que o prédio que sedia a nossa Faculdade constitui uma obra arquitetônica arrojada e bela, avançada para aquela década e hoje mantém a beleza de um espaço com corredores externos pelos quais, além de acessarem as salas de aula, permitiam observar o jardim caracterizado como concepção babilônica. O anfiteatro, que hoje continua a atender a demanda da própria instituição, nele ecoam inúmeras reuniões históricas, os destinos da cidade manifestos como vozes propositivas ou no aplauso das conquistas de Campo Mourão e da nossa região. Sem perder a importância, as linhas suaves, seguras e funcionais do prédio denotam a beleza e o conteúdo da materialização sonhadora de Horácio Amaral, e não é exagero, não fosse ele um visionário com arrojo, tudo não passaria de um devaneio.
          Em época de pleito eleitoral, torna-se importante ressaltar, independentemente do posicionamento partidário, ideológico ou pessoal, todo munícipe deseja que exista um suceder de prefeitos que continuem administrativamente a realizar, consolidar, ampliar e diversificar políticas públicas consistentes e que se fundem no interesse legítimo do bem comum. Assim sendo, Horácio Amaral, ao deixar o cargo de prefeito, pôde testemunhar a FECILCAM prosseguir no propósito do ensino superior, nas mãos agora do prefeito à época Renato Fernandes Silva (01/02/73-31/01/77), que se empenhou ativamente, o que resultou na aprovação do funcionamento da Faculdade pelo Conselho Federal de Educação, dia cinco de outubro de 1973. Foi também notável a preocupação orçamentária do prefeito no sentido de dotar a Fundação dos recursos necessários à sua viabilização, dos cofres públicos.
          Desafios foram marcas balizares da FECILCAM, que, em dadas circunstâncias pareciam intransponíveis, mas não para pessoas audazes e pertinazes. Um grande obstáculo pela frente urgia ser enfrentado, e o professor José Pochapski, que dirigiu a Faculdade, na qualidade de prefeito (01/02/83-31/12/88) não se acomodou um instante sequer e esteve à frente da luta pelo reconhecimento dos cursos então existentes, uma realidade crucial representada pelo fato da formação das primeiras turmas, daí a necessidade impostergável da validação do diploma.
         Mesmo evidente na atualidade, e igualmente nestas décadas todas, embora levando o nome de Campo Mourão, a FECILCAM atendia a uma plêiade de estudantes oriundos de todas as cidades circunvizinhas, jovens ou não que trabalhavam o dia todo para a noite se deslocarem de seus municípios para terem acento aos bancos escolares universitários. Mantida pela Fundação criada para tal fim, tornou-se inconcebível que apenas e tão somente o poder público municipal mantivesse a FECILCAM, o que aliás o fazia mediante a cobrança de mensalidades dos matriculados. A Instituição chegara no limite, “marcava” passo em termos de oferta de novos cursos.
          A outro professor coube a inadiável tarefa de apresentar e viabilizar o caminho que pudesse representar o avanço da Faculdade. O deputado Rubens Bueno apresenta na Assembleia Legislativa projeto de lei da estadualização da Faculdade. E, como desgraça pouca é bobagem, haja vista mais um obstáculo a ser vencido, o então governador José Richa (1983-1986) veta o predito projeto, devolvendo-o ao Legislativo. Rubens Bueno mantem firme a posição inicial e articula a derrubada do veto, o que ocorreu unanimemente, não restando outra condição que não fosse a sanção: Lei Estadual de 15 de janeiro de 1987.
         Atualmente, a construção de um novo campus, a melhoria dos cursos existentes e criação de outros que atendam a demanda e interesses da graduação pertinentes às áreas de humanas e exatas são preocupações e ações que devem ser latentes e capazes de proporcionarem a tão sonhada, justa e portanto merecida viabilização como Universidade, no verdadeiro e legítimo sentido do termo.
          Exemplos históricos não nos faltam, de conquistas diante das enormes barreiras, transpostas por não ter faltado espírito público e persistência. Exemplos de uma história que deve servir agora e no futuro breve, não como advertência apenas, todavia acima de tudo inspiradora de coragem repleta de luz, afinal 40 novos anos (pelo menos) não devem ficar à nossa espera ou a mercê. Ao encontro deles devemos rumar.

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