A candidata à Presidência inventada por Lula não teria nenhuma chance de êxito se fosse candidata a uma vaga no Enem, comprova o texto de Celso Arnaldo sobre o palavrório de Dilma Rousseff nesta quarta-feira. Na continuação da série “Tema do Dia”, a doutora em nada examinou os números do PNAD. Num dos melhores momentos do naufrágio, atracou-se com o analfabetismo. Ficou evidente que Dilma sabe perfeitamente o que é isso:
Por trás da presidente pré-eleita Dilma Rousseff, há um indispensável grupo de “puppeteers”. Perdoem o termo em inglês: não conheço uma boa e solitária palavra em português para designar os manipuladores de fantoches (“puppets”), os sujeitos que ficam atrás da cortininha puxando as cordas que acionam os movimentos mecânicos e sempre artificiais dos bonecos de pano. Acho que deu para captar a ideia.
Pois bem: uma das funções dos PuppeTeers de Dilma é prepará-la para o “tema do dia” – pois nenhum tema lhe é familiar. No dia 7 de setembro, deu no que deu: Dilma proclamou sua ignorância, mais uma vez. O problema é que puppeteer não é ventríloquo. Quando Dilma abre a boca, a voz é sempre dela. E aí a pantomima vira drama, tragédia mesmo.
Ontem, atada às cordinhas invisíveis de seus manipuladores, o fantoche foi jogado às feras da imprensa com um chumaço de papéis nas mãos, num hangar de Brasília onde ela embarcaria em seu jatinho privativo para um destino qualquer. Ali mesmo se montou o púlpito. Nos papéis, os números do último PNAD, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Sim, esse era o tema do dia – o desastre do dia. Afogada em números e nas palavras que tentavam explicá-los, Dilma deu outra amostra de que sua Presidência será uma fraude – mas muito divertida, se Deus se apiedar de nós.
“Vou cumeçá pela população”, anuncia a demógrafa Dilma Rousseff, já demonstrando pleno domínio do assunto. Querem apostar como vem um “eu acho” por aí?
“Eu acho que tem algumas notícias muito boas. Porque a população tá vivendo mais. No caso das mulheres, é importante dizê que nós, né meninas?, continuamos sendo a maioria e qui, e somos mais longevas e por isso nos concentramos, infelizmente prus rapazes, nos concentramos nas idades mais, mais avançadas, até porque sobrevivemos mais, né?”
Meninas, rapazes – Dilma está aprendendo a interagir com os jornalistas. Pena que ainda não saiba interagir com números e com premissas básicas. Quais seriam as “noticias boas”? Estamos vivendo mais? Estamos vivendo mais desde 1900, pelo menos – não chega a ser uma notícia. As mulheres ainda são maioria? Lógico: do PNAD 2009 para cá, seria mais fácil Serra virar sobre Dilma do que os homens sobre as mulheres – os números se consolidaram em 52% a 48% (“…e somos mães dos outros 48”, ela não dizia?). E essa história de as mulheres se concentrarem nas idades mais avançadas não é por espontânea vontade, pois não?
Ok, Dilma não tem preparo nem para ser recenseadora do IBGE, mas de educação ela entende:
“Eu achei muito importantes os dados sobre educação. Isso não significa que a gente não tenha de acelerá e tê empenho de ampliá por exemplo a proporções de jovens, de 15 a 17 anos, que, apesar de ter aumentado, né, é, eu acho, das coisas suscetíveis”.
Não custa lembrar: embora soe como uma daquelas batatadas que vão parar na internet na rubrica “as pérolas do ENEM”, é a interpretação da futura presidente da República sobre dados importantíssimos do sistema educacional do país. Por aí se vê o tamanho da encrenca que vem por aí.
Mas é na análise dos números sobre o analfabetismo que Dilma se supera – talvez pelo princípio da atração dos semelhantes.
“Queria destacá também a queda no analfabetismo, que hoje se concentra em população, né, acima de 50 anos e na região rural. Mas isso é uma boa notícia por um lado e uma ruim por o outro”.
Dilma começa aí a desenvolver um raciocínio que atingirá seu auge no parágrafo seguinte: os analfabetos acima dos 50 anos não se tornaram analfabetos, mas continuam a sê-lo como eram antes dos 50. Aliás, pensando bem, essa é a notícia boa:
“É uma boa notícia porque ocê num está tendo mais o analfabetismo gerado nas faixas de idade mais baixa”
Não é boa, é ótima! Aliás, não há notícia ruim na pesquisa do PNAD – nem os 14 milhões de analfabetos que ali aparecem. Porque pessoas mais jovens não ficam analfabetas se já souberem ler e escrever. Casos como o de dona Lindu, que nasceu analfabeta, são coisa do passado. A conclusão de Dilma é digna daqueles célebres c.q.d dos matemáticos de Harvard:
“Portanto, o analfabetismo que existe no Brasil, na sua grande maioria, se concentra em processos de analfabetismo que ocorria no Brasil no passado, quando essas pessoas de 50 anos tinham di tê tido escolarização e não tiveram”.
Pronto: a culpa é do FHC. Uma pergunta: quem diz “tinham di tê tido” é o quê?
Fonte: Coluna do Augusto Nunes - Direto ao Ponto.
Imagens da Internet - fotoformatação (PVeiga).
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