segunda-feira, 6 de setembro de 2010

SOBRE O PT E O PODER

Os fatos estão gritando, mas as pessoas parecem satisfeitas com o rumo das coisas. O PT foi fundado por intelectuais da USP e pela galera católica da Teologia da Libertação como um partido socialista que, mesmo assim - defendendo um sistema de concentração de poder que naquela época já havia fracassado miseravelmente (fora o baile genocida) - conquistou a esperança das pessoas. A coisa estava errada desde o início, porque o socialismo não funciona e nunca funcionou, mas o apelo "pelos pobres" e "contra as desigualdades" encontrou terreno fértil nas mentalidades coletivistas e altruístas (da boca pra fora) dos formadores de opinião que, com algumas exceções, não iriam fazer um mea culpa e admitir que defendiam há décadas um modelo inerentemente autoritário. Claro que, seguindo o duplipensar orwelliano (impossível não citá-lo diante das circunstâncias), "ditadura" pra essa gente é "liberdade" e assim por diante, num processo de inversão e esvaziamento do significado das palavras como nunca se viu antes na história deste país (obrigado, Escola de Frankfurt, desconstrucionistas e pós-modernistas). Numa sociedade já extremamente estatizada, a tendência é que a solução dos problemas (reais e imaginários) passe pela mão visível do estado e a arenga da "vontade política" petista acabou encontrando bastante eco. Não apenas isso, mas a filosofia católico-altruísta dominante (da boca pra fora) deu ao PT um senso de superioridade moral que permitiu ao partido (e mais ainda, ao seu líder, um sindicalista carismático) certas liberdades éticas, afinal de contas, se houveram desvios eles aconteceram "em nome da causa" (socialismo?). Sim, o socialismo, como está fartamente documentado nas atas do Foro de São Paulo ("recuperar na América Latina o que se perdeu no Leste Europeu") e em vídeos institucionais do próprio partido ("O socialismo petista" veja vídeo abaixo), caso as tentativas reiteradas de controle da imprensa e suas alianças diplomáticas (Cuba, Venezuela e Irã) não tivessem dado pistas suficientes. Óbvio que o socialismo contemporâneo não acontece de uma vez só, como a Revolução Bolchevique, a sua instauração deve muito às formulações de Gramsci e acontece aos poucos, com o domínio da cultura (coincidência os artistas, jornalistas e professores universitários serem majoritariamente "de esquerda"?) assentando as bases pro domínio do partido sobre os instrumentos de poder. A coisa se dá quase de maneira anestésica (pelo menos pros que não se dão conta do que está acontecendo), como algo inevitável pelo próprio consentimento dos "cidadãos conscientes" e o aparelhamento do estado já paquidérmico pelo partido e pelos seus aliados no sindicalismo. Se a "justiça social" (um eufemismo pro socialismo) é um imperativo categórico e o PT encarna esse ideal, não vão ser alguns desvios e corrupções que impedirão esse objetivo, essas falhas serão desculpadas por algo maior, o estabelecimento da "justiça social". Ou seja, esse processo circular de servidão da sociedade ao partido foi e está sendo voluntário, porque ainda há algum espaço pro mercado numa variação fascista ("não estatize as empresas, estatize as cabeças") e o sistema está conseguindo funcionar, pelo menos por enquanto. Com uma vitória no primeiro turno, as tentativas de controle esboçadas pelo "Plano Nacional dos Direitos Humanos" (mais duplipensar) terão mais legitimidade e força pra sair do papel, minando ainda mais as liberdades e a economia. O plano do PT é avançar a estatização o quanto puder com Dilma, pra que Lula volte e tente completar o serviço a partir de 2015. Serão anos interessantes de acompanhar, trágicos, mas interessantes.

Do blog: SOL.

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