quarta-feira, 29 de setembro de 2010

ODE A UM VELHO GUERREIRO

Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS

(Rivadávia Leite - A Saga de um Guerreiro).


Esta é a história de um guerreiro,

Que vivia sua vida triste e a penar,

Se infeliz foi, mas forte e altaneiro,

Da pugna fazia o seu sagrado altar.

Travou pelejas pela vitória da paz,

Sofreu derrotas, mas sempre a lutar,

Venceu o medo por ser ele capaz

Do estandarte, à mão empunhar.

Soldado foi na luta contra o adversor,

No teatro de guerra, sua vida a levar;

Na espreita do inimigo, o seu furor,

Enfrenta o mal preste a lhe causar.

Nas trincheiras da injustiça, foi mentor.

Estrategista hábil em lide e dedicação.

Sua espada era a justiça com destemor,

Nos combates diários... mira da traição.

Certames... vaticínio de mais tristeza.

Avante camaradas! Dizia com ardor!

Hasteiem a bandeira com toda alteza,

Com seu grito de guerra: ave o amor!

Fazia da arma a fortaleza da verdade,

Em cruéis combates sua compreensão,

Saudava os aliados em cumplicidade,

As vítimas em peleja, sua compaixão.

A saga deste intrépido guerreiro,

Que fez desta vida sua proposição,

Glorioso, esse pracinha ventureiro,

Vence a guerra... justa realização!

Hodierno herói! Você em anonimato!

Eventos vis que se propõe a vencer,

Veja neste bravo o seu fiel retrato,

Exemplário de luta, na dor de viver.

Carta a El-Rei de Portugal, 1893

Moniz Barreto

“Senhor, umas casas existem, no vosso reino onde homens vivem em comum, comendo do mesmo alimento, dormindo em leitos iguais. De manhã, a um toque de corneta, se levantam para obedecer. De noite, a outro toque de corneta, se deitam obedecendo. Da vontade fizeram renúncia como da vida. Seu nome é sacrifício. Por ofício desprezam a morte e o sofrimento físico. Seus pecados mesmo são generosos, facilmente esplêndidos. A beleza de suas ações é tão grande que os poetas não se cansam de a celebrar. Quando eles passam juntos, fazendo barulho, os corações mais cansados sentem estremecer alguma coisa dentro de si. A gente conhece-os por militares... Corações mesquinhos lançam-lhes em rosto o pão que comem; como se os cobres do pré pudessem pagar a liberdade e a vida. Publicistas de vista curta acham-nos caros demais, como se alguma coisa houvesse mais cara que a servidão. Eles, porém, calados, continuam guardando a Nação do estrangeiro e de si mesma. Pelo preço de sua sujeição, eles compram a liberdade para todos e os defendem da invasão estranha e do jugo das paixões. Se a força das coisas os impede agora de fazer em rigor tudo isto, algum dia o fizeram, algum dia o farão. E, desde hoje, é como se o fizessem. Porque, por definição, o homem da guerra é nobre. E quando ele se põe em marcha, à sua esquerda vai coragem, e à sua direita a disciplina”.

“Ultima Ratio Regis”

Necessário se faz esta pequena preleção inicial enaltecendo a profissão militar. Ao longo da história as grandes nações concluíram que suas Forças Armadas representavam a “ultima ratio regis”. Só as Forças Armadas são capazes de sustentar as decisões estratégicas do Estado, além de assegurar a soberania, integridade territorial e os interesses nacionais. Meu grande amigo e mestre Coronel Fregapani enviou-me um e-mail que faço questão de compartilhar com todos os verdadeiros cidadãos brasileiros. Conhecendo a alma do valoroso Soldado-Cidadão imagino a dor e o desespero que o atormentam e a todos aqueles que, como ele, optaram a dar tudo de si, sem nada pedir em troca, nem mesmo compreensão. A todos que servindo a seu país, almejam como recompensa apenas a grata sensação do dever cumprido.

Desabafo

Coronel Gelio Augusto Barbosa Fregapani

Confesso que estou desapontado. Passei toda minha vida dando segurança para o meu País, e garantindo-lhe a soberania e a integridade. Pedi e cumpri as missões mais difíceis. Procurei voluntariamente a luta e a tormenta. Era por ideal. Meus próprios colegas me chamavam de “O Patriota”. Era pelo meu País, por suas instituições, pelo meu povo.

Agora olho o meu povo e o vejo prestes a se desagregar em etnias rivais; em conflitos sociais e a desfibrar-se na mesma libertinagem que, se não condenou Sodoma e Gomorra é certo que contribuiu para a queda de todos os impérios.

Olho para o meu Governo e o vejo cercado dos piores ladrões. Olho para o Legislativo e sinto um balcão de negócios, onde poucos se lembram que tem uma Pátria. Vejo um Judiciário que, no caso da Raposa, decide contra a integridade da própria Pátria mesmo contrariando a opinião geral, mas quando está em jogo a ficha limpa, decide não decidir.

Penso comigo: foi por isto que empenhei a vida toda? Valeu a pena brigar por esta gente? Por estas instituições?

Diz o poeta que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Bonitas palavras, mas não são suficientes para impulsionar. Contudo me ressoa na mente o incentivo de minha mãe: “Cabeça erguida, soldado”! – Sim, contudo, ainda há gente boa em nosso País.

Dias difíceis estão a caminho. Tudo bem, se não houvesse dificuldades, a Pátria não precisaria de nós. Se ela necessitar de mim, me encontrará pronto, com a arma na mão. Afinal, como se diz na minha terra: “Não tá morto quem peleia”.

Que Deus guarde a todos vocês.

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB); Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

E–mail: hiramrs@terra.com.br

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