Esta é a história de um guerreiro,
Que vivia sua vida triste e a penar,
Se infeliz foi, mas forte e altaneiro,
Da pugna fazia o seu sagrado altar.
Travou pelejas pela vitória da paz,
Sofreu derrotas, mas sempre a lutar,
Venceu o medo por ser ele capaz
Do estandarte, à mão empunhar.
Soldado foi na luta contra o adversor,
No teatro de guerra, sua vida a levar;
Na espreita do inimigo, o seu furor,
Enfrenta o mal preste a lhe causar.
Nas trincheiras da injustiça, foi mentor.
Estrategista hábil em lide e dedicação.
Sua espada era a justiça com destemor,
Nos combates diários... mira da traição.
Certames... vaticínio de mais tristeza.
Avante camaradas! Dizia com ardor!
Hasteiem a bandeira com toda alteza,
Com seu grito de guerra: ave o amor!
Fazia da arma a fortaleza da verdade,
Em cruéis combates sua compreensão,
Saudava os aliados em cumplicidade,
As vítimas em peleja, sua compaixão.
A saga deste intrépido guerreiro,
Que fez desta vida sua proposição,
Glorioso, esse pracinha ventureiro,
Vence a guerra... justa realização!
Hodierno herói! Você em anonimato!
Eventos vis que se propõe a vencer,
Veja neste bravo o seu fiel retrato,
Exemplário de luta, na dor de viver.
Carta a El-Rei de Portugal, 1893
Moniz Barreto
“Senhor, umas casas existem, no vosso reino onde homens vivem em comum, comendo do mesmo alimento, dormindo em leitos iguais. De manhã, a um toque de corneta, se levantam para obedecer. De noite, a outro toque de corneta, se deitam obedecendo. Da vontade fizeram renúncia como da vida. Seu nome é sacrifício. Por ofício desprezam a morte e o sofrimento físico. Seus pecados mesmo são generosos, facilmente esplêndidos. A beleza de suas ações é tão grande que os poetas não se cansam de a celebrar. Quando eles passam juntos, fazendo barulho, os corações mais cansados sentem estremecer alguma coisa dentro de si. A gente conhece-os por militares... Corações mesquinhos lançam-lhes em rosto o pão que comem; como se os cobres do pré pudessem pagar a liberdade e a vida. Publicistas de vista curta acham-nos caros demais, como se alguma coisa houvesse mais cara que a servidão. Eles, porém, calados, continuam guardando a Nação do estrangeiro e de si mesma. Pelo preço de sua sujeição, eles compram a liberdade para todos e os defendem da invasão estranha e do jugo das paixões. Se a força das coisas os impede agora de fazer em rigor tudo isto, algum dia o fizeram, algum dia o farão. E, desde hoje, é como se o fizessem. Porque, por definição, o homem da guerra é nobre. E quando ele se põe em marcha, à sua esquerda vai coragem, e à sua direita a disciplina”.
“Ultima Ratio Regis”
Necessário se faz esta pequena preleção inicial enaltecendo a profissão militar. Ao longo da história as grandes nações concluíram que suas Forças Armadas representavam a “ultima ratio regis”. Só as Forças Armadas são capazes de sustentar as decisões estratégicas do Estado, além de assegurar a soberania, integridade territorial e os interesses nacionais. Meu grande amigo e mestre Coronel Fregapani enviou-me um e-mail que faço questão de compartilhar com todos os verdadeiros cidadãos brasileiros. Conhecendo a alma do valoroso Soldado-Cidadão imagino a dor e o desespero que o atormentam e a todos aqueles que, como ele, optaram a dar tudo de si, sem nada pedir em troca, nem mesmo compreensão. A todos que servindo a seu país, almejam como recompensa apenas a grata sensação do dever cumprido.
Desabafo
Coronel Gelio Augusto Barbosa Fregapani
Confesso que estou desapontado. Passei toda minha vida dando segurança para o meu País, e garantindo-lhe a soberania e a integridade. Pedi e cumpri as missões mais difíceis. Procurei voluntariamente a luta e a tormenta. Era por ideal. Meus próprios colegas me chamavam de “O Patriota”. Era pelo meu País, por suas instituições, pelo meu povo.
Agora olho o meu povo e o vejo prestes a se desagregar em etnias rivais; em conflitos sociais e a desfibrar-se na mesma libertinagem que, se não condenou Sodoma e Gomorra é certo que contribuiu para a queda de todos os impérios.
Olho para o meu Governo e o vejo cercado dos piores ladrões. Olho para o Legislativo e sinto um balcão de negócios, onde poucos se lembram que tem uma Pátria. Vejo um Judiciário que, no caso da Raposa, decide contra a integridade da própria Pátria mesmo contrariando a opinião geral, mas quando está em jogo a ficha limpa, decide não decidir.
Penso comigo: foi por isto que empenhei a vida toda? Valeu a pena brigar por esta gente? Por estas instituições?
Diz o poeta que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Bonitas palavras, mas não são suficientes para impulsionar. Contudo me ressoa na mente o incentivo de minha mãe: “Cabeça erguida, soldado”! – Sim, contudo, ainda há gente boa em nosso País.
Dias difíceis estão a caminho. Tudo bem, se não houvesse dificuldades, a Pátria não precisaria de nós. Se ela necessitar de mim, me encontrará pronto, com a arma na mão. Afinal, como se diz na minha terra: “Não tá morto quem peleia”.
Que Deus guarde a todos vocês.
Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB); Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.
Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br
E–mail: hiramrs@terra.com.br
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