(*)-Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS
Quando novilho atropela,
Bufa, pula, se arrepela,
Escrapeteia e se zanga;
Depois... vem lamber a canga
E torna-se amigo dela.
Home é bicho que se doma
Como qualquer outro bicho;
Tem, às vezes seu capricho,
Mas, logo larga de mão,
Vendo no cocho a ração,
Faz que não sente o rabicho.
(Amaro Juvenal)
O “Poemeto Campestre”, acima, de Amaro Juvenal, pseudônimo de Ramiro Fortes de Barcellos, com quase cem anos de idade, parece-nos fruto de uma “Nostradâmica” visão política de seu inspirado autor. Poderia ser aplicado hoje, sem sombra de dúvida, à compra de votos através das famigeradas “Bolsas”. Interessante lembrar que o transporte de eleitores na época de eleição ou doação de pequenos brindes são considerados pelo TSE como crime eleitoral, as “Bolsas”, por sua vez, não. É vetado o uso da máquina pública para favorecer candidatos, mas o TSE fecha os olhos para a propaganda explícita patrocinada pelo “Grande Ditador” em favor de sua prosélita.
“Uma mentira cem vezes dita, torna-se verdade”. (Paul Joseph Goebbels)
Chamo, assim, nosso presidente porque ele e sua “troupe”, assaltados pela soberba, vociferam, constantemente, afirmando que seu governo é o melhor “da história desse país”, menosprezando os grandes personagens republicanos que os antecederam. A propaganda estatal, de hoje, lembra o histórico “Ministério da Propaganda e da Informação Pública” (Reichsministerium für Volksaufklärung und Propaganda), da Alemanha Nazista, que como aquela é capaz de “zerar” a dívida externa total brasileira que, em julho deste ano, chegou a US$235 bilhões. Omitir que a dívida interna passou de R$647 bilhões para R$1,5 trilhão no governo Lulla e ainda esconder os resultados de nosso caótico sistema de ensino só comparável aos mais atrasados países africanos.
Os pronunciamentos de Lulla nos reportam, necessariamente, a figuras igualmente absurdas e caricatas muito conhecidas da “Mama Africa” como Idi Amin Dada, Jean-Bédel Bokassa, Joseph Desiré Mobutu que também se qualificavam como únicos. Amaro Juvenal tem toda razão quando afirma que o povo iludido e manipulado “vendo no cocho a ração, faz que não sente o rabicho”.
O Grande Ditador
O primeiro filme falado de Chaplin, lançado no dia 15 de outubro de 1940, satiriza o nazismo e o fascismo na figura de seus principais protagonistas Adolf Hitler e Benito Mussolini. No final do filme, porém, o personagem “Hynkel” (Chaplin) faz um discurso que deveria servir de inspiração para que os discípulos de Fidel e Chavez refizessem seus ultrapassados programas políticos.
(...) No XVII capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice. É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo.
Ramiro Fortes de Barcellos
O médico, político, professor, escritor, jornalista, historiador e poeta Ramiro Barcellos, filho de Vicente Loreto de Barcellos e de Joaquina Idalina Pereira Fortes, nasceu em 23 de agosto de 1851, em Cachoeira do Sul, RS, e faleceu em Porto Alegre, a 28 de janeiro de 1916. Iniciou seus estudos na Escola Pública de Cachoeira do Sul e depois de concluir o secundário em Porto Alegre cursou a Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro. Foi Ministro Plenipotenciário no Uruguai durante a Revolução Federalista, Secretário da Fazenda do Estado, Deputado Provincial nos períodos de 1877 a 1878, 1879 a 1880 e 1881 a 1882, Senador da República pelo Rio Grande do Sul de 1890 a 1899 e de 1900 a 1906, Embaixador do Brasil no Uruguai, Procurador do Estado do Rio Grande do Sul no Rio de Janeiro e Superintendente das Obras da Barra de Rio Grande.
Amaro Juvenal
Barcellos como redator do jornal “A Federação”, órgão do Partido Republicano Rio-Grandense, escrevia seus poemas satíricos usando o pseudônimo de Amaro Juvenal. Notabilizou-se no meio literário com o “Poemeto Campestre”, publicado em 1915, considerado uma das jóias da literatura gauchesca, no qual satirizava a figura de seu primo Antônio Augusto Borges de Medeiros, Governador do Estado. Como estancieiro estava perfeitamente familiarizado com lides campesinas aproveitando para disfarçar suas sarcásticas críticas na figura de um peão vivaracho e manhoso que contava seus causos ao redor de um fogo de chão. Antônio Chimango reporta pérolas de nossa história e dá mostras evidentes de como a literatura pode cumprir um importante papel social, projetando o futuro, modificando os rumos da história e galvanizando multidões.
Fontes: JUVENAL, Amaro. Antônio Chimango. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1998.
CHAPLIN, Charles. The Great Dictator. EUA, 1940.
(*)-Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB); Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.
Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br
E–mail: hiramrs@terra.com.br
Imagens da Internet – fotoformatação (PVeiga).
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