terça-feira, 9 de março de 2010

ANTÔNIO TEODORO DE OLIVEIRA - O PREFEITO CENTENÁRIO

Inauguração do Paço Municipal em 1964: Dom Eliseu Simões Mendes, Milton Luiz Pereira e Antônio Teodoro de Oliveira. Prefeito e ex-prefeito inauguram obra que até hoje serve de sede do Poder Executivo. Ato de verdadeiros estadistas.

Hoje, se vivo fosse, o ex-prefeito Antônio Teodoro de Oliveira estaria completando cem anos. Importante líder político e prefeito de Campo Mourão, ele foi e continuará sendo historicamente um ser humano de múltiplas camadas.
Antônio Teodoro, ou “seu Toninho”, como ficou conhecido na política, nasceu em 9 de março de 1910, em Pitanga (PR). Veio ainda criança para Campo Mourão, onde já se encontravam algumas famílias, entre elas, a dos Pereira. Em 1933 casou-se com Maria Zuleica Theodoro, que atualmente reside em Brasília. Pai de seis filhos. Um deles foi vereador por duas vezes. Das mãos da parteira Zuleica, centenas de mourãoenses vieram ao mundo.
Em 1947, participou do movimento para criação do Município de Campo Mourão. No início, assessores do governador Moysés Lupion se mostraram contrários à idéia da emancipação. Foi necessária a persistência de Pedro Viriato de Souza Filho e Francisco Albuquerque para a inclusão de Campo Mourão na lista da nova divisão do Estado, prevista pela Constituição Estadual de 1947.
Figura folclórica e detentor até hoje de inúmeros causos, Antônio Teodoro teve centenas de compadres. Tanto é que, a sua casa, em alvenaria, construída no início da década de 1960, teve em seu projeto a inclusão de vários quartos, visando abrigar os “compadres” que vinham de outras cidades para Campo Mourão.
Filiado e fiel ao PSD – Partido Social Democrata, teve seu nome, em um primeiro momento, preterido para disputar a Prefeitura em 1959. Porém, a política dá suas voltas e às vezes de maneira trágica. Em 21 de setembro daquele ano, um acidente automobilístico ocorrido próximo à Engenheiro Beltrão ceifou a vida do prefeito Roberto Brzezinski e do candidato do partido, Harrison José Borges.
A campanha, que mostrava como vitorioso o então deputado Paulo Poli, foi revertida em poucos dias. Um fenômeno eleitoral, nascido graças a sua figura folclórica e aos seus “compadres”, que automaticamente se tornaram em cabos eleitorais, fez com que Antônio Teodoro ganhasse o pleito para o executivo municipal com 5.937 votos.
Assumiu o cargo de Prefeito em 5 de dezembro de 1959, findando seu mandato quatro anos depois, na mesma data. Suas obras e feitos são inúmeros. Todas elas, pequenas ou grandes, se firmaram na base necessária para a urbanização da cidade. Na década de 1960, Campo Mourão passaria pela maior transformação urbana da sua história.
Até hoje o Paço Municipal, cuja construção foi por ele iniciada, serve ainda como sede do Poder Executivo. Sua administração, segundo seus contemporâneos, foi marcada pela liberdade administrativa onde não havia retaliações e nem perseguições políticas.
Seu grupo político passaria pelo desgaste natural que o PSD sofreu nas eleições de 1960, com a derrota de Juscelino Kubitschek e Moysés Lupion. Nesta eleição, Jânio Quadros seria eleito Presidente da República e Ney Braga, Governador do Paraná.
Para sua sucessão, apoiou a candidatura do vereador Ivo Mário Trombini, conceituado empresário. O encerramento desta campanha foi marcado com a presença do ex-presidente e senador Juscelino Kubitschek, que participou de um comício na praça Getúlio Vargas. Porém, o carisma do jovem advogado Milton Luiz Pereira e o “vento forte da mudança”, fizeram deste, o vencedor daquele pleito, com dobro dos votos. Na história política de Campo Mourão somente Daniel Portela, Roberto Brzezinski, José Pochapski e Rubens Bueno tiveram votação, que somada, equivale à soma total dos votos dos seus adversários. No caso de Antônio Teodoro, a diferença de votos com seu concorrente somam-se exatos 1.185 votos, porém utilizou de um mecanismo fundamental numa eleição: o carisma.
No embate eleitoral de 1963, Milton Luiz Pereira dizia que “sua casa, seria a casa do povo”. Ao saber desta afirmação, Antônio Teodoro respondeu: “se a casa dele é a do povo, a minha é o hotel do povo”. Derrotado, Antônio Teodoro de Oliveira deixou de disputar eleições, porém, nunca se afastou dos bastidores da política. Ao assumir a Prefeitura em 1963, Milton Luiz Pereira deu continuidade as obras do Paço Municipal. Concluído o prédio, fez questão de convidar o seu antecessor para a sua inauguração. Pereira ainda se recorda da emoção de Antônio Teodoro ao ver seu nome na placa de inauguração. Fato raro na política de hoje. Atualmente o adversário é tratado como inimigo mortal, e nesta guerra sem princípios, seu nome deve ser apagado e arrancado da história.
Poucos meses antes de morrer recebeu, em 1976, o Título de Cidadão Honorário de Campo Mourão. Adoentado, faleceu em 25 de junho de 1977. Na vida pessoal, foi totalmente desapegado a bens materiais. Respeitava os nobres e, ao mesmo tempo, o mendigo, pelo seu árduo sofrimento.
Ao comemorar seu centenário de nascimento, a vida e obra de Antônio Teodoro de Oliveira devem ser refletidas e analisadas. Dela se deve retirar a lição que o exercício da função pública deve ser norteado sempre pelo espírito comunitário, conciliador e da liberdade. São princípios que hoje constituem as lições que Antônio Teodoro de Oliveira deixou para a história de Campo Mourão.
Do blog do Jair Elias dos Santos Júnior.

Um comentário:

Anatoli. disse...

Meu caro Amigo Pedro da Veiga:

Quando leio relatos históricos da cidade de Campo Mourão, me emociono. Eu que não sou filho da cidade, apenas um gerente regional da TELEPAR que teve a felicidade de conviver com seu munícipes por 18 anos (1970-1988), mas que aprendeu admirar os seus pioneiros... Imagina o que devem sentir aqueles que aí nasceram ou tiveram toda sua vida dedicada a cidade !!!