José Eugênio Maciel
“Não há consolo mais refinado na velhice do que a sensação de ter concentrado
Quando finda a vida terrena principia o brilhar de uma luz que vem da eternidade para iluminar a retrospectiva da própria trajetória daquele que a percorreu, caminho que se poderá, ao trilhá-lo, reviver os exemplos marcantes e inesquecíveis. É o refazer de um trajeto agora sem a companhia física de quem não mais está entre os vivos, ao mesmo tempo em que se encontrará presente pelo legado memorável que edificou.
O doutor José Carlos Ferreira pautou a vida dele seguindo fiel e naturalmente uma das mais destacadas ensinanças contidas no juramento realizado pelo pai da medicina, asseverou Hipócrates, “tratarei seus filhos como se fossem meus irmãos”. Sem precisar se enaltecer, muito pelo contrário, o doutor José Carlos primeiramente atendia a todos que vinham ao seu encontro ou aonde ele chegasse, sem fazer qualquer distinção, agindo com presteza, denodo e competência. Proporcionava aos seus pacientes a atenção e préstimos devidos.
Ao chegar aqui em 1950, quando Campo Mourão tinha somente três anos como Município, rapidamente foi se tornando conhecido como médico, bom de prosa, fraterno, foi enfim se afeiçoando ao então pequeno lugar. Pioneiro como cidadão e como profissional da medicina, aportou aqui oriundo do Rio Grande do Sul, nascido em Soledade em 1919 e tendo se formado médico em 1947
O Paraná e este rincão mourãoense eram desde então o porto seguro. Aceitou o desafio de uma época em que tudo estava por ser feito, barreiras enormes careciam ser transpostas, notadamente no âmbito da assistência médica. Mas não faltaram ao doutor José Carlos o desprendimento e empenho necessários para exercer o seu mister. E as adversidades não eram as do hospital de madeira e de limitado instrumental cirúrgico, a maioria das pessoas morava no campo, atendê-las era uma longa viagem por estreitas estradas atravessando rios sem pontes, atolando no barro ou enfrentando poeira. Quantas foram as vezes em que ele nem bem chegava em casa e novamente saía para outro chamado, sem se abater, redobrado pelo ânimo, pois a doença não tem hora e circunstâncias predeterminadas. Nos atendimentos que fez ao longo da vida, era notável a bondade e apreço que tinha com os seus pacientes e mesmo nos momentos mais difíceis mantinha a sua fibra sem deixar a si próprio e consequentemente a quem ele estivesse assistindo, esmorecer.
Uma das suas características era o conhecimento que amealhou com dedicação e que não se limitou às lides profissionais, o ser humano era para ele alvo de estudo. A fonte era os livros que lia, as viagens que fazia e o saber ouvir com atenção incomum.
Para o doutor José Carlos Ferreira estar próximo do ser humano era insuficiente, ainda que importante. Para ele o ideal sempre foi o de estar junto dos seus semelhantes, em comunhão e partilha, em generosidade e solidariedade.
3 comentários:
Parabens pela homenagem Pedro. Muito bom!
Emocionante!
Meus cumprimentos por tão justa e merecida homenagem. O Dr. JOSÉ CARLOS FERREIRA, um grande Homem [com H maiúsculo] fez por merecer, que seu exemplo sirva de exemplo aos jovens de hoje e do futuro!!!
Era meu avô... um homem que irá deixar muitas saudades, mas mais do que isso, deixou uma hst de vida linda e honrosa. Tenho muito orgulho de ter tido a oportunidade de conviver e aprender com ele. Muito do que sou hoje, devo a ele. Agradeço em nome de toda nossa família essa linda homenagem.
Maria Ferreira Di Migueli.
Postar um comentário