A polícia cubana prendeu, nesta quarta-feira, cerca de 30 mães e esposas de dissidentes políticos que participavam de uma manifestação na capital do país, Havana. Intitulado 'Damas de Branco', o grupo exige a libertação de cerca de 50 críticos do governo que estão presos desde 2003.
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A mãe de Orlando Zapata Tamayo, o primeiro ativista que morreu em decorrência de uma greve de fome, participava da manifestação.
AFP |
Líder das Damas de Branco, Laura Pollán é presa durante protesto |
O caso de Zapata gerou críticas internacionais ao regime cubano e apelos pela libertação de dissidentes.
Apelo
A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional (AI) pediu ao governo de Cuba que liberte o que classifica como "prisioneiros de consciência" - pessoas que são perseguidas por motivos como raça, cor, religião, orientação sexual ou crenças, entre outros, desde que não tenham usado violência.
A organização pede ao governo cubano que revogue leis que restrinjam a liberdade de expressão, o direito de associação e pede a libertação de todos os dissidentes detidos injustamente pelas autoridades.
A AI ainda pediu ao presidente cubano, Raúl Castro, que permita a entrada de organizações independentes para monitorar a situação dos direitos humanos no país e convide especialistas da ONU para visitar Cuba.
O pedido foi feito no sétimo aniversário da prisão de 75 dissidentes cubanos, em 18 de março de 2003. Desses, 53 continuam detidos. O governo de Cuba vê os dissidentes como "mercenários" que trabalham para os Estados Unidos.
Greve de fome
Um dia depois da morte de Zapata, outro prisioneiro, o jornalista Guillermo Fariñas, iniciou uma greve de fome, pedindo a libertação dos 26 prisioneiros políticos mais vulneráveis do regime.
Ele afirma que não está tentando derrubar o governo ou buscar maior liberdade de expressão no país. O governo, no entanto, respondeu que não vai ceder ao que chamou de "chantagem".
AFP |
Manifestantes resistem à prisão durante protesto |
O jornal oficial cubano Granma afirmou que a mídia ocidental está "chamando a atenção para uma mentira pré-fabricada" ao reportar o caso.
"Cuba, que já demonstrou muitas vezes seu respeito pela vida e dignidade humana, não vai aceitar pressão ou chantagem", disse o jornal.
Limites
"As leis cubanas impõem limites inaceitáveis aos direitos à liberdade de expressão, associação e assembleia", disse Kerry Howard, vice-diretora para as Américas da Anistia Internacional.
"Cuba precisa desesperadamente de reformas políticas e legais para alinhar o país aos parâmetros internacionais de direitos humanos", afirmou.
"A longa prisão de indivíduos, simplesmente pelo exercício pacífico de seus direitos, é não apenas uma tragédia por si só mas também constitui um obstáculo a outras reformas, incluindo o início do diálogo necessário para o levantamento do embargo americano unilateral contra Cuba."
A AI afirma que algumas leis cubanas são vagas e permitem a prisão de uma pessoa pelo suposto potencial perigo que ela poderia representar no futuro.
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