19 de março de 1964: o dia que as mulheres do Brasil abalaram o Kremlin
Do Observatório de Inteligência-ViVerdeNovo-Brasil acima de tudo.
Por Orion Alencastro
Em um sinistro prédio de Moscou, o empoeirado depósito dos arquivos da ex-KGB guarda a pasta da informação levada ao conhecimento do primeiro-ministro e secretário do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), Nikita Sergeyvitch Kruschev: nas primeiras horas do dia 2O de março de l964, vindo do Brasil, era dado a conhecer o pedido da derrubada do governo do Brasil, por milhares de brasileiros.
Irmã Ana de Lourdes, médica psiquiatra e culta religiosa, neta de Ruy Barbosa, o paladino de todas as liberdades |
Aquela informação fora transmitida através dos telex criptográficos do escritório comercial da Rússia, em São Paulo, e do Consulado da República Democrática Alemã (RDA), pelos agentes secretos russos que, na tarde do dia 19 de março, assistiram impressionados a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, na capital de São Paulo.
A notícia do evento histórico que se espalhou pelo mundo afora dava conta de uma manifestação organizada e pacífica, com a participação de 600 mil pessoas, a maioria mulheres paulistas, além de trabalhadores, religiosos, estudantes, intelectuais, jornalistas, veteranos de guerra, empresários, funcionários públicos e entidades cívicas, maçônicas e de serviços. Vindas do interior e da zona metropolitana se concentraram em praças centrais, se uniram e, em coro, marcharam até a Praça da Sé, diante da Catedral de São Paulo.
Nas escadarias do templo católico, líderes organizadores da marcha e populares protestaram contra o governo esquerdista da República, denunciando a corrupção, a desordem social dos movimentos grevistas, o desrespeito à propriedade privada e as idéias políticas de ameaça às liberdades e à destruição da democracia no Brasil.
Papa Paulo VI despertou com a boa nova
A Secretaria de Estado do Vaticano, devidamente informada pela nunciatura apostólica em Brasília, comunicou o fato ao Papa Paulo VI, já bastante preocupado com a penetração ideológica comunista e os rumos incertos da América Latina.
A rádio Voz da América em Washington emitiu vários comentários sobre a inusitada multidão em defesa da democracia. As rádios de Havana, Pequim e Moscou, como era de se esperar, minimizaram o inédito acontecimento, confundindo os ouvintes de ondas curtas e o seu público, ao tratar o fato como uma manifestação popular que pedia reformas políticas no Brasil.
A avaliação dos Serviços Secretos
Serviços de inteligência dos EUA e da Europa estimaram que a manifestação do povo em São Paulo era um sinal de que as pretensões de conduzir o Brasil para a órbita da URSS, seguindo Cuba, seria muito difícil. O clima de resistência ao governo João Goulart, em evolução nos principais centros metropolitanos - Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo - era o prenúncio de que as forças armadas deveriam surpreender e se posicionar em favor do sentimento nacional de repúdio ao governo, pois a imprensa alertava a sociedade e alardeava os riscos políticos contra a democracia.
Mulheres em Marcha
A imprensa brasileira e internacionais da época registraram em suas páginas os inquietantes fatos conjunturais da política, dando destaque à impressionante manifestação da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, idealizada por uma simples religiosa, irmã Ana de Lurdes, neta do paladino de todas as liberdades, Ruy Barbosa, e que contagiou as mulheres de São Paulo e do país.
"A marcha foi uma reação à baderna que estava tomando conta do país. Não podíamos deixar as coisas continuarem do jeito que estavam sob o risco de os comunistas tomarem o poder", conforme declaração de Maria Paula Caetano da Silva, fundadora da União Cívica Feminina.
A mulher brasileira derrotou o Kremlin e o PCB
Quando o Kremlin recebeu a informação, o secretário do PCB soviético pôde avaliar com seus colaboradores a dificuldade em conquistar o Brasil, principalmente pela força de mobilização de suas mulheres, da cultura católica e religiosidade do povo brasileiro e das forças armadas eminentemente cristãs.
No dia 10 de janeiro daquele ano, Luiz Carlos Prestes, secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro (PCB) foi a Moscou atualizar Nikita sobre o desenvolvimento dos planos que conduziriam o seu país para a órbita soviética. Nikita foi informado de que "os comunistas brasileiros estavam conduzindo os setores estratégicos do governo federal e se preparavam para a tomada do poder".
A bem da verdade, Prestes subestimou as possibilidades de reação da sociedade brasileira e avaliou mal o mosaico de poder estruturado com o PCB dentro do Governo João Goulart, inclusive com os generais do povo e a estratégia aliada de Leonel Brizola, Governador do Rio Grande do Sul, cunhado do presidente, tudo com apoio financeiro de Fidel Castro para a sovietização do Brasil.
Projetava-se a República Sindical Socialista do Brasil, fato bastante conotativo com o que se passa no país hoje, sob os ensaios tirânicos do seu presidente, Luiz Inácio da Silva. Em 31 de março de l964, iniciou-se a sucessão de fatos que livraria o país do comunismo e que contribuiu para ruir as pretensões soviéticas na América Latina.
A poderosa URSS se fragmentou na comprovação do tempo de que o comunismo escravagista foi um imperdoável engano contra a liberdade do homem sobre o planeta Terra.
Em decorrência da Marcha da Família com Deus pela Liberdade e para desmistificar a zombaria da esquerda e a sua ação subterrânea inconformada com a vitória da contra-revolução que garantiu a vitória da democracia no Brasil, é saudável avivar o coração e a alma dos brasileiros para se conscientizarem das ameaças da hora presente, com o sempre atual decálogo dos anos sessenta.
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