quinta-feira, 17 de março de 2011

UM FILME MUITO ANTIGO

Por Ubiratan Iorio

"Não existe uma escolha entre inflação
e desemprego pela mesma razão que
não se pode escolher entre comer demais
e ter indigestão”

(F.A. Hayek)

"Imprimir ordem na desordem consiste,
precisamente, na realização adequada
do Bem, que é medida suprema
de todas as coisas”

(Giovanni Reale)

Tenho visto na mídia expressões do tipo “a inflação está de volta”, “a inflação ameaça estourar a meta” e outras semelhantes. Parece um velho filme. Em preto e branco - e mudo. Remetem-nos também à época do cinema mudo a postura do ministro da Fazenda e seus súcubos heterodoxos e – o que é muito preocupante – ao que parece, a atitude do Banco Central pós-Meirelles de adotar uma política monetária tímida diante do problema, preferindo recorrer a medidas paliativas incapazes de derrubar com vigor a inflação, tais como controles aqui e ali, um apertinho acolá e ameaças de restrições mais além. Enfim, desconfio que a autonomia do Banco Central, que Lula teve o mérito de assegurar, já foi para o espaço neste início do novo governo.
Para mim – bem como para qualquer economista conhecedor da Escola Austríaca de Economia – a “volta” da inflação não representa nenhuma novidade. Aliás, não se trata propriamente de uma “volta”: a inflação começou no segundo mandato de Lula, quando o governo decidiu que a candidata oficial teria que vencer a eleição presidencial a qualquer preço. Assim como uma gripe só se manifesta algum tempo depois de contraída, somente agora os índices de preços, que são os sintomas da inflação – mostram os seus dentes. Desde o segundo semestre de 2008, sob o pretexto de “enfrentar a crise internacional”, o governo, simplesmente, recorreu à inflação, com uma irresponsável expansão no crédito ao consumidor e nos gastos públicos.
Cansei-me de escrever que Lula deixaria com toda a certeza uma bomba-relógio para quem viesse a sucedê-lo. A bomba está aí. Já explodiu. E tanto a Fazenda como o Banco Central parece que ainda não entenderam isso a acham que podem desarmá-la com as velhas pajelanças keynesianas...
Haja paciência para aturar o que vem aí pela frente. E haja mais resignação ainda para, por dever de ofício, ser obrigado a escrever e a falar sobre o que nos reservam para o futuro a ganância eleitoreira dos políticos e a incompetência dos economistas intervencionistas do governo!

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