terça-feira, 15 de março de 2011

MULHER, ESTE É O TEU FILHO!

Por Raquel Nascimento Pereira



"Depois que crucificaram Jesus, os soldados repartiram a sua roupa em quatro partes, uma para cada soldado. Quanto à túnica, esta era tecida sem costura, em peça única de alto a baixo. Disseram então entre si: Não vamos dividir a túnica. Tiremos a sorte para ver de quem será. Assim se cumpria a Escritura que diz: “Repartiram entre si as minhas vestes e lançaram sorte sobre a minha túnica”. Assim procederam os soldados.

Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: Mulher, este é o teu filho. Depois disse ao discípulo: Esta é a tua mãe." (João 19, 23-27)

A morte de Cristo na cruz é fato central para o cristianismo. É interessante notar que é da palavra latina "cruz" que vem a palavra "crucial", isto é, central, importante.
A cruz é o símbolo universal do cristianismo, mesmo num mundo onde mais e mais ela tem perdido o seu significado.

Fonte: O que há nas cabeças.

Os exegetas entendem que, nesta hora, Jesus designa Maria como Mãe da Igreja. Quando ele diz a João: “Eis aí a tua mãe”, ele se refere a Maria como Mãe de toda a humanidade. E quando ele diz à sua mãe: “Eis aí o teu filho”, ele quer dizer que, em João, somos todos discípulos amados, todos filhos de Maria, Mãe da Igreja.

Uma outra reflexão se pode fazer neste caso. Maria estaria viúva. Não se encontra nenhuma referência sobre José acompanhar Jesus na sua vida pública, muito menos na sua Paixão. Entende-se, portanto, que Maria estivesse viúva e que Jesus, seu único filho, era o arrimo da família. Sendo assim, Jesus se preocupa com sua Mãe, não quer deixá-la sozinha. Sabe-se que naquela época as mulheres viúvas sofriam todo tipo de descaso. Muitas eram tidas como prostitutas, e outras tantas eram abandonadas por sua família. Passavam fome, frio, e muitas perdiam até suas casas. Vemos o quanto Jesus insistiu, nas suas pregações, que déssemos uma atenção especial “aos órfãos e às viúvas”.

Assim, faz a João – o discípulo que ele amava - o seu último pedido, e o designa para cuidar de Maria. Quando diz a João: “Eis aí a tua mãe”, é como se dissesse: “Cuide dela como se fosse tua mãe, não a abandone”. Qualquer um de nós faria o mesmo numa circunstância dessas. E quando diz a Maria: “Eis aí o teu filho”, é como se dissesse: “Mãe, você não está sozinha. Olhe para João como você olha para mim. Ele cuidará de você. Cuide dele também, como você cuidou de mim”.

Voltando ao raciocínio dos exegetas, João, Maria (Mãe de Jesus), a irmã de Maria e Maria Madalena são os únicos que ficaram aos pés da cruz de Jesus até o último instante. Então, se João representa a Igreja, isto é, todos nós, e se a Maria é dada a incumbência maternal desta Igreja, podemos imaginar: João foi o único discípulo que ficou até o fim. Todos os demais tiveram medo e abandonaram Jesus no momento mais crucial do seu sofrimento. Até Pedro - a quem foi dada as chaves da Igreja - negou Jesus três vezes e não o vemos na cena da cruxifição.

No entanto, João estava ali, dando-nos o exemplo de que é possível. Ficou ao lado de Maria até o fim, mostrando a nós todos – Igreja – que, aconteça o que acontecer, devemos ir até o fim. Maria estará conosco em todos os momentos, cuidando de todos nós com aquele amor de mãe, aquele mesmo amor com que amou Jesus, seu Filho, com que amou João.


Jesus ressuscita Lázaro

E aqueles três irmãos: Marta, Maria e Lázaro (aquele que Jesus ressuscitara), onde eles estavam? Não eram tão amigos do “Mestre”? Jesus não fazia refeições na casa deles? Penso até que ele deveria dormir lá de vez em quando...



Quando Lázaro morreu, Jesus estava longe. Marta correu para encontrá-lo, dizendo-lhe, numa demonstração de fé: “Meu irmão está morto! Se você estivesse conosco, ele não teria morrido!” Jesus foi ao encontro de Lázaro... e ao encontrá-lo morto, chorou. Era seu amigo, gostava dele, e sofreu com a sua morte, porque o homem foi criado para a vida! Jesus o trouxe de volta à vida... ressuscitando-o. (João 11)

Mas Lázaro não estava ali, aos pés da cruz. Nem Marta, nem sua irmã Maria. Seguiram Jesus até certo ponto. Mas depois voltaram. É bem assim que procedemos quando temos interesse nos favores de Jesus, quando queremos que ele nos ajude. Depois do milagre recebido, quando fica difícil segui-lo, damos meia volta e o deixamos para trás.

Quanto à túnica que Jesus vestia, aquela “túnica tecida sem costura, em peça única de alto a baixo”, aquela túnica que os soldados lançaram a sorte sobre ela, para saber quem a levaria para casa... posso imaginar Maria a tecendo. Teria medido a altura de seu Filho, do ombro aos pés, do ombro ao punho, o decote do pescoço... e, com todo aquele amor de Mãe – um amor pleno, perfeito, como nenhuma mãe teria amado – escolheu o melhor fio, a cor mais bonita e a teceu para Jesus. Como deveria ser linda aquela túnica!

O soldado que a ganhou, tendo-a levado para casa, o que teria sentido? Tudo havia acabado, todos já estavam recolhidos, porque era a preparação para a Páscoa. Ele teria chegado à sua casa com a túnica nas mãos, cansado, talvez eufórico ainda, e teria sentado numa cadeira, respirado fundo e olhado para aquela túnica, num momento único de reflexão profunda, repassando na sua mente toda aquela cena da morte de Jesus. O que ele teria pensado? Imagino que Jesus deva ter se manifestado também a ele, naquele momento de graça.

Um comentário:

Anônimo disse...

OLÁ PEDRO DA VEIGA.

OBRIGADO POR ESSA AULA BÍBLICA.

ABS DO BETOCRITICA