Por Osvaldo Broza-Tribuna do Interior dia 12/03/2011
Imagens da Internet e foto da Estação da Luz do acervo do blog - fotoformatação (PVeiga) |
Campo Mourão viveu dias bem agitados por conta da futura instalação da 2ª. Vara da Justiça Federal na cidade. É que teve gente com a feliz (?) ideia de que a sua instalação poderia ser na Estação da Luz, onde está instalada uma biblioteca cinqüentenária e com mais de 30.000 volumes, além de outros espaços culturais. Com isso, provocou a ira de uma boa parte da população – eu estou nela - que vê na cultura uma das coisas boas que a cidade tem, citada, inclusive, como referência para cidades de maior porte, não só do Paraná, mas também de outros estados.
Quando eu era criança – e já um pouco adolescente - cansei de apanhar de vara da minha mãe. Era de marmelo e doía pra burro.
Vara, nesse caso, todo mundo sabe o que é. É um pedaço de pau roliço, que pode ser meio mole ou duro, e de comprimento variado. A da minha mãe era dura e de um metro e meio de comprimento.
Segundo alguns historiadores, a vara já serviu como unidade de medida na Roma antiga, Brasil, Portugal e alguns outros países, até a introdução do sistema métrico. Hoje, em Campo Mourão, ela mede o tamanho da injustiça que, em nome da justiça, estão querendo fazer com a nossa biblioteca e com a cultura de um modo geral. E, porque não?, o grau de inteligência – ou seria de ignorância? – de algumas pessoas que se acham as donas da verdade, da cidade e do nosso destino.
Essa palavra, porém, tem muitos outros significados.
No mesmo tempo em que eu apanhava da minha mãe, por exemplo, conheci um sujeito que gostava de passar a vara nos outros – na linguagem lá do Potinga (lugarejo onde nasci), no sertão de Guarapuava, passar a vara era enganar alguém. Naquela época os políticos já passavam a vara no povo. Só que era mais camuflado. Hoje, com mais transparência, é na cara dura mesmo!
No mesmo Potinga, varar por alguém era sinônimo de passar por alguém. – Fulano varou por mim e não disse adeus, era comum ouvir isso. Queria dizer que fulano passou por mim e não me cumprimentou.
“Pegou na mão de todo mundo e, na minha, vara”, é um ditado popular ainda usado nos dias de hoje, que quer dizer que alguém cumprimentou todo mundo menos eu. Se bem que, somente na linguagem falada – sem vírgulas - essa frase pode ter um significado diferente, que bem ilustra um caso que aconteceu lá na Erveira, distrito de Campina da Lagoa, onde morei por uns anos: um sitiante passou a vara em sua empregada e teve que se casar com ela. Nesse caso, vara é...bem, vocês entenderam.
No caso da justa e necessária reivindicação de Campo Mourão, vara é uma área jurídica presidida por um juiz. Vara Cível, Vara da Família, etc. Quaisquer outras informações nesse sentido, sobre a origem dessa denominação, inclusive, é melhor consultar o Google ou um causídico, porque não existe uma definição clara.
Clara, mesmo, é a intenção de algumas pessoas em querer colocar a vara na Estação da Luz. Como disse um amigo meu, esse pessoal “não estação”. Está precisando de luz.
Se o Professor Egydio Martello, que dá o nome à biblioteca municipal, ainda fosse vivo, sugeriria uma “martellada” na cabeça desse povo. E se a minha mãe também vivesse, não teria dúvida: - Essa gente tá precisando é de vara! De marmelo!
Um comentário:
Tem gente que vara a noite, e ainda assim, tem idéias absurdas como essa!
Broza, ainda existe a vara de sua mãe, prá esses acéfalos?
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