quarta-feira, 9 de março de 2011

DESAFIANDO O RIO-MAR - SANDICES AQUÁTICAS

Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 09 de março de 2010.

Sou o piloto que nos mares fixa indormido os vôos das velas;
melancólica e salgada esta barca segue as correntes e as ondas
sabidas pelo piloto de portos singraduras terras
e navegações cumpridas.
(Silvio Castro - Antes da viagem)

O juiz aposentado Disney Oliver Sivieri, 63 anos, atropelou uma menina de 11 anos com uma lancha. O acidente foi em uma praia da Barra Norte, em Balneário Camboriú. A criança estava em uma embarcação inflável (conhecida como banana-boat) que era puxada por uma lancha e foi gravemente ferida no acidente.
Foto: Marcos Porto / Agencia RBS

O acidente provocado pelo juiz aposentado Disney Sivieri que feriu gravemente uma menina de 11 anos no Balneário Camboriú (SC), no dia 5 passado, mostra que as leis, neste país, só existem para proteger os infratores. A criança estava em um “banana boat”, quando foi atropelada e sofreu ferimentos profundos em diferentes regiões do corpo e fratura exposta na perna direita que corre o risco de vir a ser amputada.

A Capitania dos Portos de Itajaí afirmou que Disney se recusou a fazer o exame de bafômetro. De que adianta nossa legislação proibir que se dirija ou pilote após ter ingerido bebidas alcoólicas se nossos juristas, mais preocupados com os infratores do que com suas vítimas, defendem que a imposição do exame violaria o “direito” dos cidadãos de não produzirem provas contra si mesmos. Diversos turistas que presenciaram o acidente afirmaram categoricamente que o piloto estava bêbado.

- Lars Grael - 1998

Grael, campeão mundial e duas vezes ganhador da medalhista olímpica, foi convidado a participar da “44ª Regata Taça Cidade de Vitória”. Quando ele e seu primo Anders Schmidt faziam reconhecimento da raia para o segundo dia da competição foram abalroados pela lancha “Laguna-L”, do empresário Carlos Guilherme de Abreu e Lima. Anders conseguiu pular do barco a tempo, mas Lars foi derrubado na água e sugado pelas hélices, teve sua perna direita cortada na parte superior da coxa.

Guilherme Lima, pai do criminoso piloto, defendeu o filho e vociferou: “Se ficar provado que a culpa foi do Lars, vamos tomar as medidas judiciais e exigir indenização pelo trauma que meu filho sofreu”. Embora atentado tenha ocorrido em 1998, somente em 2003, a Justiça decidiu que Carlos Guilherme de Abreu e Lima teria que pagar R$ 2,4 milhões de indenização a Lars Grael e uma pensão mensal vitalícia de R$ 7,3 mil. Em 2007, o STJ manteve a condenação, mas sua pena foi convertida em prestação de serviços à comunidade.

- Minhas Raias

Nas minhas idílicas e solitárias navegações, nestes últimos trinta anos, pelos maravilhosos caudais, volta e meia, sofro agressões por parte de pilotos de embarcações a motor que se comprazem, abandonando suas rotas normais, em passar o mais próximo possível e, a toda velocidade, de meu caiaque provocando marolas.

No canal que une a lagoa do Armazém à Lagoa da Custódia, em Tramandaí, este tipo de conduta é ainda mais flagrante. Proprietários de mansões, à beira do canal, pilotam ali suas enormes lanchas como se estivessem participando de um rally, sem se preocupar com a segurança dos banhistas e pescadores que navegam nos pequenos botes. Os humildes e conscientes pescadores, entretanto, navegam lentamente até adentrarem nas Lagoas.

- Pilotos Amazônidas

Em uma de minhas amazônicas jornadas, embarcado, observava, atento o Soldado piloteiro manobrar o Barco Regional. Quando penetramos em um pequeno afluente do Tapajós pude notar a preocupação do nosso capitão com as pequenas embarcações que cruzavam por nós. Ele diminuía a velocidade imediatamente evitando que as grandes marolas pudessem vir a provocar algum inconveniente para as montarias dos ribeirinhos. Como seria bom que o comportamento exemplar de nossos amigos remadores e velejadores fosse assimilado pelos pilotos de barcos a motor. Aqueles que vivem das águas e para as águas tem muito a ensinar a estes juízes, empresários e tantos outros que usam suas embarcações como armas e tem vitimado tantos inocentes ao longo dos anos sem que a justiça consiga alcançá-los.

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar; Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB); Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br - E–mail: hiramrs@terra.com.br

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