quarta-feira, 23 de março de 2011

JAPÃO ENCONTRA RADIAÇÃO EM 11 VEGETAIS E ALERTA POPULAÇÃO

DE SÃO PAULO-Folha.com
O Ministério da Saúde do Japão afirmou ter encontrado alto nível de radiação em 11 vegetais cultivados na região de Fukushima, incluindo brócolis e repolho, de acordo com um comunicado divulgado pela agência Kyodo News.
Segundo o Ministério da Saúde, o nível de radiação nos alimentos analisados está 164 vezes maior do que o tolerado.
O governo alertou a população para que não coma os vegetais e disse que em alguns casos, a pessoa que ingerir 100 gramas de um alimento contaminado por 10 dias seguidos pode receber a mesma quantidade de radiação a qual uma pessoa está exposta de forma normal durante o período de um ano.
O governo diz que paralisou a distribuição dos alimentos cultivados nessa região na segunda-feira e que desde então os mercados não receberam nada que possa estar contaminado.

Yuta Takahashi/AP/Asahi Shimbun
Fazendeiro verifica plantação de espinafre na região de Ibaraki; brócolis e leite foram contaminados nesta terça
Fazendeiro verifica plantação de espinafre na região de Ibaraki; brócolis e leite foram contaminados nesta terça
Também na região de Ibaraki foram encontrados alimentos com nível de materiais materiais radioativos além do permitido.
Mais cedo as autoridades japonesas detectaram a presença de substâncias radioativas acima dos limites legais no brócolis e no leite não pasteurizado procedentes de áreas próximas à usina nuclear danificada pelo terremoto no Japão, informou a imprensa local.
O leite contaminado foi registrado na província de Ibaraki e o brócolis foi encontrado em Fukushima, local da usina nuclear danificada, informou a agência de notícias Kyodo News, não dando mais detalhes.
O anúncio ocorre em meio ao aumento das preocupações no Japão sobre a segurança dos alimentos do país.
A França pediu à Comissão Europeia que imponha "controles sistemáticos" nas importações de produtos frescos vindos do Japão para a União Europeia, em meio a temores de contaminação nuclear, informou o Ministério da Agricultura em Paris nesta terça-feira.
OPERAÇÕES NA USINA
Horas mais cedo, após religar a energia elétrica em todos os seis reatores da usina de Fukushima Nº1, os técnicos japoneses conseguiram retomar o fornecimento também à sala de controle do reator 3, informou a TV estatal NHK, enquanto a agência de energia nuclear da ONU reclamou de falta de informações sobre as reais condições do vazamento de radiação no país.
A volta da energia elétrica ao centro de controle do reator 3 deve facilitar as condições de trabalho dos operários que correm contra o tempo para evitar que os vazamentos radioativos se alastrem, em meio a informes de que 9.099 pessoas já morreram e outras 13.786 estão desaparecidas após as tragédias no país.

AP/Kyodo News
Imagem divuilgada pela Tepco mostra operações de reparação no reator 4 da usina de Fukushima Nº1, no Japão
Imagem divuilgada pela Tepco mostra operações de reparação no reator 4 da usina de Fukushima Nº1, no Japão
Para evitar novos vazamentos, as operações prosseguiam nesta terça-feira para tentar restabelecer os sistemas de resfriamento dos reatores.
O reator 3 foi o mais danificado e é, entre os seis reatores, o que mais preocupa as autoridades.
Além disso, contém combustível MOX, uma mistura de óxidos de plutônio e de urânio procedente de produtos reciclados, cujos dejetos são considerados mais nocivos que aqueles gerados por um combustível a base de urânio.
PEDIDO DE DESCULPAS
Um vice-presidente da Tepco pediu desculpas nesta terça-feira à população que se viu obrigada a abandonar a região.
"Sinto muito sinceramente, nossa empresa provocou ansiedade e prejuízos aos habitantes das proximidades das centrais, aos do município de Fukushima e aos do país em seu conjunto", declarou Norio Tsuzumi, que se inclinou profundamente, como exige a tradição do país.

Kimimasa Mayama/Efe
A japonesa Kuniko Komuro, de 69 anos, limpa álbum de fotos da neta, na região de Okawa, após o terremoto
A japonesa Kuniko Komuro, de 69 anos, limpa álbum de fotos da neta, na região de Okawa, após o terremoto
Os diferentes organismos públicos repetem que o nível de radioatividade detectado na chuva, na água corrente e em alguns alimentos não representa uma ameaça para a saúde.
As operações foram iniciadas após os primeiros incidentes registrados em 12 de março, apesar do risco que representam para a saúde dos bombeiros e técnicos expostos a fortes radiações. Na segunda-feira, um vazamento de colunas de fumaça afetou os reatores 2 e 3.
AGÊNCIA DE ONU RECLAMA
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) reclamou nesta terça-feira da falta de informações liberadas pelo governo japonês sobre a situação do vazamento de material radioativo.
Os sistemas de monitoramento da agência da ONU detectaram hoje níveis de radiação 1.600 vezes maior do que o normal numa área de 20 km ao redor da usina de Fukushima Nº1.
"Nós não recebemos informações válidas já faz algum tempo sobre a integridade dos conteúdos do reator 1. Estamos preocupados por não saber o status [atualizado]", disse Graham Andres, um oficial de alta patente da AIEA.
O órgão disse ainda que o Japão precisa fornecer mais informações sobre os reatores 1,3 e 4.
MORTOS
Em meio aos esforços das autoridades para conter a crise nuclear, a Polícia Nacional do Japão afirmou que o número de mortos pelo terremoto e tsunami já chega a 9.099 em 12 prefeituras. Outras 13.786 estão desaparecidas, segundo o balanço atualizado às 21h (9h em Brasília).
A polícia conseguiu identificar até agora 4.670 corpos, entre os quais 4.150 foram entregues aos familiares.
Com a extensão dos danos causados e a falta de combustível, as empresas de cremação não conseguem atender a demanda. As cidades de Higashimatsushima e Watari, em Miyagi, já enterram os mortos identificados sem cremação --prática pouco usual no Japão. Todos foram enterrados com o consentimento da família, segundo a agência de notícias Kyodo.
Muitos dos corpos são enterrados em condições precárias, apenas enrolados em lençóis, há que o número de caixões disponíveis não atende a demanda.
Outras nove cidades de Miyagi, assim em Kamaishi e Otsuchi, em Iwate, devem começar a enterrar as vítimas em breve, segundo a Kyodo.

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