terça-feira, 13 de março de 2012

IGREJA PERMITE CREMAÇÃO, MAS NÃO QUE AS CINZAS SEJAM ESPALHADAS


Na semana passada, a Igreja italiana estabeleceu a sua abertura para a cremação, através da nova edição do Ritual de exéquias, que inclui no anexo as orações Para o caso de cremação.
O anúncio foi feito numa coletiva de imprensa da Conferência Episcopal Italiana, ressaltando-se, no entanto que o sepultamento do corpo é a forma mais adequada para expressar a fé na ressurreição, para alimentar a piedade dos fiéis e para favorecer a recordação e os sufrágios dos familiares e amigos.
Também se destacou que não está aprovado que as cinzas sejam espalhadas, nem que sejam conservadas em outro lugar que não o cemitério. Essas práticas, especialmente a da dispersão de cinzas na natureza, levantam muitas dúvidas quanto à sua conformidade com a fé cristã, por envolver concepções panteístas ou naturalistas.
A doutrina católica continua a ser a que já conhecemos: A Igreja aceita a cremação, a menos que seja determinada por ódio à fé, ou seja, para negar a ressurreição da carne proclamada no Credo, mas não a incentiva.
Não foi aprovada a proposta que permitiria lançar as cinzas numa área consagrado dos cemitérios, como uma solução intermediária para aqueles a favor da dispersão das cinzas.

Cremação de corpos
O jornalista Ricardo Westin fez uma curiosa e interessante reportagem sobre cremação de corpos na revista Veja – Edição nº 2.217, de 18.05.2011. Abaixo, os principais trechos da matéria.
Novo Jeito de partir.
Multiplicam-se os crematórios no país e muitos deles transformam os rituais fúnebres em verdadeiros espetáculos.
(...) A cremação é feita em fornos a gás sob temperatura que excedem os 1000 graus. O corpo e o caixão são queimados juntos. Passadas duas horas, o que resta do corpo é uma pilha de ossos calcinados. As roupas e o caixão viram um pó muito fino. Esse material é descartado. Os ossos, por sua vez, são colocados num triturador e convertidos nas cinzas que serão entregues à família – 1,5 quilos de material, em média. O destino das cinzas varia conforme o desejo de cada um. Muitas pessoas as lançam no mar ou as depositam num jardim. Podem ser guardadas em urnas ou embutidas em anéis e medalhas.
(...) O crescimento do número de cremações é um sinal de mudança ocorrida nos rituais fúnebres no Brasil nas últimas décadas. Os velórios deixaram de ser realizados em casa, transferidos para hospitais ou para o cemitério. Não raro, são simplesmente evitados. As sepulturas ficaram mais discretas, sem capelas nem estátuas sacras. O costume do luto fechado e do meio luto caiu em desuso.
(...) Para ter o corpo cremado, é preciso deixar uma declaração de vontade registrada em cartório. Sem esse documento, só os parentes de primeiro grau podem autorizar o procedimento. Há também razões de ordem prática na escolha do destino final. O custo é a principal delas. Uma cremação, incluindo a cerimônia de despedida, sai em média por 2500 reais.
(...) No início dos anos 60, o Concílio Vaticano II esclareceu que o catolicismo não condena a cremação. Até então, os católicos levavam ao pé da letra a oração que diz “creio na ressurreição da carne”. Das grandes religiões, o judaísmo e o islamismo proíbem a cremação. O espiritismo recomenda de 48 a 72 horas de espera entre a morte e a cremação, para que haja tempo de o espírito desencarnar. É uma precaução – de acordo com os seguidores dessa religião, alguns espíritos demoram mais que os outros para deixar o corpo. O hinduísmo e o budismo, por sua vez, consideram a cremação essencial para que a alma do falecido ascenda a um estagio superior. As evidências arqueológicas mais antigas de cremação datam de 20000 anos atrás, na Austrália. O ritual de queimar os corpos era possivelmente motivado pelo medo de os espíritos dos mortos voltarem para atormentar os vivos. Os romanos e os gregos praticavam tanto o sepultamento quanto a cremação. Com a ascensão do Cristianismo na Europa, a queima dos corpos entrou em desuso, por estar relacionada a rituais pagãos e ao medo de que impedisse a ressurreição. A cremação só voltou a ser utilizada no Ocidente no fim do século XIX, com os primeiros crematórios instalados na Europa e nos Estados Unidos. Agora, ela se agrega aos costumes brasileiros”.

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