domingo, 25 de março de 2012

UMA MENTIRA CHAMADA DILMA ROUSSEFF

Fonte: Blog “Do Contra”
Dilma Vana Rousseff é uma mentira. Não sou eu quem o digo. É a própria Dilma Vana Rousseff. 
Querem uma prova? Leiam o discurso de posse dela na Presidência da República, em 1o de janeiro de 2011. Lá, ela diz o seguinte (destaquei alguns textos):
"Nossa política externa estará baseada nos valores clássicos da tradição diplomática brasileira: promoção da paz, respeito ao princípio de não intervenção, defesa dos Direitos Humanos e fortalecimento do multilateralismo."
Quem acompanhou pelo noticiário a recente visita de Dilma à ilha de Cuba percebe claramente que o que vai escrito aí em cima não é sincero.  Dilma foi à ilha dos Castro para prestigiar a ditadura mais longeva do Ocidente.  Recusou-se a se encontrar com dissidentes e ainda fez uma declaração das mais idiotas, criticando os EUA e negando-se a dizer qualquer palavra de crítica à tirania castrista. Nisso, seguiu fielmente o mesmo roteiro traçado por seu antecessor e criador, que, numa das cenas mais abjetas da história da diplomacia brasileira, comparou em 2010 os presos políticos da ilha-presídio a criminosos comuns.  
No discurso de posse, ela disse ainda:
"Reafirmo meu compromisso inegociável com a garantia plena das liberdades individuais; da liberdade de culto e de religião; da liberdade de imprensa e de opinião."
As liberdades individuais, como a de culto e de religião, são justamente os alvos de projetos que contam com o apoio, velado ou não, do governo federal, como a PEC 122 (a chamada "lei da mordaça gay") e o PNDH-3, que o governo engavetou devido à repercussão negativa junto à opinião pública (mas que não desistiu de implantar). A referência no discurso à liberdade de culto e de religião deveu-se certamente à tentativa de aplacar setores evangélicos, principalmente depois da celeuma das declarações de Dilma a favor da legalização do aborto (que ela negou de rosário e crucifixo na mão durante a campanha eleitoral, enquanto seus assessores faziam contorcionismos verbais para tentar explicar que ela na verdade não quis dizer o que disse).  Agora que o voto evangélico não é mais tão necessário, o governo volta à carga, e a questão da legalização do aborto retorna com força, com a nomeação, inclusive, de uma aborteira treinada para o cargo de ministra das Mulheres.
Mas, atenção!, o trecho do discurso de Dilma que mais ofendeu a verdade foi o seguinte (prestem atenção aos trechos em destaque):
"Reafirmo que prefiro o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras. Quem, como eu e tantos outros da minha geração, lutamos contra o arbítrio e a censura somos naturalmente, amante da mais plena democracia e da defesa intransigente dos direitos humanos, no nosso País e como bandeira sagrada de todos os povos."
Em claro desmentido à primeira frase, a já mencionada visita a Cuba escancarou que a preferência de Dilma está mesmo é com o silêncio das ditaduras companheiras. Quanto à afirmação seguinte, trata-se de um dos pilares fundamentais da lenda dilmista, reforçada pela hagiografia sobre ela publicada recentemente (e cujo título já diz tudo "A Vida Quer É Coragem" - sic). Pode ser resumido assim: "ela foi presa e torturada; logo, sabe o valor da liberdade". Muitos caíram nessa balela, e passaram a repeti-la como um mantra.
É uma falsidade total. Ninguém se torna "naturalmente amante da mais plena democracia e da defesa intransigente dos direitos humanos" porque passou pela experiência da prisão e da tortura. Jamais fui preso ou torturado, mas uma coisa sei com certeza: a tortura não faz de ninguém um democrata. Pelo contrário: a tendência é que a pessoa, pelo trauma da violência, fique ainda mais revoltada e amargurada, tornando ainda mais profundo seu ódio pelos inimigos. Consta que Aiman al-Zawahiry, o atual chefe da Al-Qaeda, foi preso e torturado no Egito antes de se juntar a Osama Bin Laden. Assim como ele, quantos terroristas islamitas da atualidade não se radicalizaram ainda mais por terem sido presos no passado por ditaduras árabes seculares? (Esse é um argumento, aliás, dos que condenam o tratamento dispensado aos terroristas islamitas em Guantánamo, por exemplo.)
A se levar a sério essa alegada relação causal entre ter sido torturada e amar a democracia, deveríamos agradecer aos torturadores, pois teria sido graças ao pau de arara e aos choques elétricos que os guerrilheiros presos descobriram o valor da democracia. Os lulodilmistas inventaram a tortura pedagógica.
Mais adiante no discurso, a criatura de Lula da Silva faz uma afirmação que, pouco mais de um ano e sete ministros a menos depois, soa como irônica:
"Serei rígida na defesa do interesse público. Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito. A corrupção será combatida permanentemente, e os órgãos de controle e investigação terão todo o meu respaldo para aturem com firmeza e autonomia."
No final, Dilma Rousseff termina seu discurso repetindo uma mentira histórica:
"Chegamos ao final desse longo discurso. Dediquei toda a minha vida a causa do Brasil. Entreguei minha juventude ao sonho de um país justo e democrático. Suportei as adversidades mais extremas infligidas a todos que ousamos enfrentar o arbítrio. Não tenho qualquer arrependimento, tampouco ressentimento ou rancor."
Dilma Rousseff não se arrepende de ter, segundo suas palavras, lutado por um país justo e democrático. De fato, seria ilógico alguém se arrepender de ter-se entregue ao sonho da justiça e da democracia. Quem seria contra isso? Ninguém, obviamente. Mais foi por isso mesmo que Dilma lutou e foi presa e, dizem, torturada? Nesse ponto, é importante saber a que tipo de sonho realmente ela entregou sua juventude. 
Vamos lembrar: Dilma Rousseff foi presa em 1970 e cumpriu três anos da sentença a que foi condenada por ter participado, como militante, de três organizações armadas de extrema-esquerda: a COLINA (Comandos de Libertação Nacional), a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) e a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária-Palmares). Pelo menos nesta última, ela teve algum papel de destaque, tendo sido uma das dirigentes.  
O que queria a VAR-Palmares? Em seu Programa, elaborado em setembro de 1969 - provavelmente, com a participação de Dilma, que usava os codinomes de Estela, Vanda ou Luíza - está escrito o seguinte, na parte referente ao "caráter da revolução" (o texto consta da coletânea organizada por Daniel Aarão Reis Filho e Jair Ferreira de Sá, Imagens da Revolução: Documentos das Organizações Clandestinas de Esquerda dos Anos 1961-1971, Rio de Janeiro, Marco Zero, 1985):
"Só a Revolução Socialista poderá libertar os trabalhadores do campo da miséria e assegurar a expansão das forças produtivas na indústria, propiciando melhores condições de vida às massas trabalhadoras. Só a Revolução poderá assegurar a expansão da economia e a independência nacional, até que, com a destruição do imperialismo em escala internacional e com a construção do comunismo, possam desaparecer todas as demarcações e antagonismos entre os povos". (p. 265)
Corrijam-me se entendi errado, mas, até onde sei, "revolução socialista" é uma coisa, e amor à democracia e defesa intransigente dos direitos humanos, é outra, completamente diferente e antagônica. O mesmo vale para "construção do comunismo": quem tem um mínimo de conhecimento sobre o que foi a URSS ou o que é hoje Cuba ou a Coréia do Norte sabe perfeitamente  que tal regime político é incompatível com qualquer ideia de liberdade individual, sobretudo liberdade de culto e de expressão. Era esse o sonho de um país justo e democrático de que falou Dilma em seu discurso de posse?
Mais à frente, o mesmo documento explicita o tipo de regime político pelo qual se batia a organização a qual pertenceu Dilma Rousseff (mais uma vez, peço atenção aos termos destacados do texto):
"O objetivo da Revolução Brasileira é, assim, o da conquista do poder político pelo proletariado, com a destruição do poder burguês que explora e oprime as massas trabalhadoras. Este objetivo, resultado da vitória da guerra revolucionária de classes, será concretizado com a formação do Estado Socialista, dirigido pelo Governo Revolucionário dos Trabalhadores, expressão da Ditadura do Proletariado." (idem). 
Aí está. O grupo de Dilma pugnava não pela democracia representativa que temos hoje, mas pelo "Estado Socialista" (assim, com maiúsculas), um "Governo Revolucionário dos Trabalhadores", expressão da - mais claro, impossível - "Ditadura do Proletariado". Alguma dessas expressões lembra, mesmo que remotamente, defesa da democracia e dos direitos humanos?
O documento da VAR-Palmares tem, não dá para negar, pelo menos o mérito da clareza. Em vários trechos, fica óbvio que seus militantes tinham em vista muito mais do que eleições livres e democráticas. Na parte concernente à "guerra revolucionária", por exemplo, está escrito textualmente:
"[...] Sendo uma guerra contra o sistema capitalista, a Guerra Revolucionária no Brasil deve ser encarada sob o prisma do socialismo, sendo esta sua lei básica. [...]" (p. 269 - grifo no original).
Duas páginas adiante há uma passagem que especifica a relação entre o objetivo e a forma de luta (a guerrilha). Ao analisar os motivos porque os guerrilheiros estariam isolados e dispersos, o texto afirma:
"Este isolamento e esta dispersão só serão rompidos pela atuação revolucionária da vanguarda, educando as massas na perspectiva da violência e do socialismo". (p. 271).
E, para que não paire qualquer sombra de dúvida sobre o que era e o que queria a organização na qual militou a jovem Dilma, há um trecho que diz:
"A Vanguarda Armada Revolucionária-Palmares, como organização partidária político-militar, constitui-se na vanguarda socialista que, orientada pela ciência e pelo método do marxismo-leninismo, enriquecidos teórica e praticamente pelo movimento revolucionário de todo o mundo, propõe-se a lutar pela revolução proletária e pela implantação do Socialismo no Brasil." (p. 275).  
Creio que o parágrafo acima é suficientemente claro. Ou ainda resta alguma dúvida?
Comparem agora os trechos acima do documento-programa da VAR-Palmares com os trechos selecionados do discurso de posse de Dilma Rousseff na Presidência.  Especialmente aqueles em que ela diz que, por ter lutado contra o arbítrio, é uma amante da democracia e defensora intransigente dos direitos humanos. E que não tem qualquer arrependimento. Pois é...
Uma nota pessoal. Participei, e não escondo isso de ninguém, de um grupo sectário de ultra-esquerda na universidade. Eu era um paspalho, mas não posso dizer que fui iludido. Sempre soube que o objetivo final daqueles aspirantes a Lênin e a Trotsky da província era destruir a sociedade capitalista e impor a ditadura do proletariado. Era, aliás, exatamente isso o que me atraía naquele grupelho radical: a retórica totalitária, o desprezo total à democracia (que chamávamos sempre de "burguesa"). Assim como Dilma Rousseff, acreditei um dia que o futuro da humanidade era o comunismo, e dediquei a essa causa um pedaço de minha juventude. Mas, ao contrário dela, não vejo razão alguma em ocultar esse fato, posando de defensor da liberdade.
Finalmente, vale recordar: em nome da "revolução proletária" e da "implantação do socialismo", grupos como a VAR-Palmares praticaram atos terroristas, como assassinatos, atentados à bomba, sequestros e assaltos, com dezenas de vítimas fatais (o primeiro marido de Dilma, Cláudio Galeno, chegou mesmo a sequestrar um avião comercial, desviado para Havana). Derrotados pelas forças da repressão política, os remanescentes da luta armada passaram a se apresentar, desde então, como democratas. E instituíram uma "comissão da verdade" revanchista que pretende, ao arrepio da Lei da Anistia,  julgar e condenar os que os perseguiram. Com o aval da presidente da República. A mesma que afirmou, no discurso de posse, não ter qualquer arrependimento, assim como ressentimento ou rancor.
Desde que foi escolhida por Luiz Inácio Lula da Silva para ser sua sucessora, Dilma Rousseff, a ex-Estela da VAR-Palmares, passou por uma verdadeira transformação estética. Pelo visto, não foi só sua aparência física que sofreu uma mudança radical: também seu passado político é constantemente retocado por generosas doses de photoshop. Infelizmente para ela, os grupos da luta armada deixaram documentos.
Das duas uma: ou a VAR-Palmares não era uma organização revolucionária marxista-leninista que lutava para instaurar uma ditadura comunista no Brasil, e nesse caso a Dilma Rousseff de 1969 estava participando de uma farsa, ou era, e nesse caso a Dilma de 2011 estava querendo enganar a plateia posando de heroína da luta pelas liberdades democráticas. Em qualquer situação, estamos diante de uma descarada falsificação histórica...
Os aduladores da atual presidente gostam de dizer que ela se comportou bravamente na tortura, e que mentiu para seus interrogadores. Ela mesma faz questão de repetir essa versão quando lhe é conveniente. Ao que parece, ela interiorizou essa tática. Esta se tornou mesmo sua segunda natureza. Quando se trata de Dilma Vana Rousseff, o que ela diz e a verdade quase nunca estão no mesmo lugar.
Como dizia o velho Paulo Francis: "Quer ver um comunista se desmoralizar? É só deixá-lo falar". (Ou lembrar o que disseram, eu acrescentaria). 

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