terça-feira, 15 de março de 2011

"SIGAM-ME OS QUE FOREM BRASILEIROS!" *

Luis Alves de Lima e Silva o Duque de Caxias


por Paulo Chagas

Foto:
"Batalha do Avaí" – Museu Nacional de Belas Artes-RJ – Óleo sobre tela de Pedro Américo
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Caros amigos

Tenho muito orgulho do que sou e se me fosse possível nascer de novo e controlar meu destino, não hesitaria um instante sequer para optar, outra vez, por dedicar-me inteiramente ao serviço da Pátria, cuja honra, integridade e instituições juraria defender, até com sacrifício da própria vida.

Não me arrependo das decisões que tomei como soldado. Não me arrependo das atitudes que tomei, nem lamento as conseqüências dos meus atos, porque sou soldado por vocação, por amor ao meu País. Envaidece-me saber que mesmo morto nunca deixarei de ser um Soldado do Exército de Caxias!

Por outro lado, este mesmo orgulho, que me obriga a controlar a soberba e a presunção, angustia meu coração, meu instinto, minha disciplina e meu preparo para aceitar as coisas que, estando fora do meu alcance e da minha responsabilidade, eu não posso mudar.

Angustia-me a certeza de saber que os meus sentimentos são os mesmos de todos, que, como eu, são soldados por amor ao Brasil e ao Exército. Angustia-me a certeza de que todos, de alguma forma, sabem que estamos sendo engambelados pela falácia de que o passado pertence aos que passaram e que a história é responsabilidade de quem a viveu.

Angustia-me constatar que a cada dia que passa mais frágil fica a nossa resistência à contaminação ideológica de que “os soldados de hoje” são diferentes dos “soldados de ontem” e que as conseqüências dos “males que causaram” somente a eles cabe responder, lavamos, assim, as mãos entre os inocentes com a mesma hipocrisia com que Pilatos o fez diante da infame condenação do Cristo Jesus.

Angustia-me assistir a ameaça de quebra da unidade do Exército que, empenhado institucionalmente em uma guerra suja, não se manifesta de forma ostensiva, pública, altiva e vociferante em defesa de si mesmo e daqueles que, no cumprimento do dever e de ordens de operações, fizeram o que, na circunstância, todos achavam que era o que tinha que ser feito!

Angustia-me supor que, como Instituição de Estado, nos falte coragem e argumentação para enfrentar de peito aberto e coração exposto a crítica e a condenação de excessos e enganos que, pela vontade de vencer e neutralizar, o quanto antes, as ameaças à liberdade democrática, tenham sido eventualmente cometidos pelas forças ou agentes escalados para contrapor-se ao ataque armado da esquerda terrorista, assassina e revolucionária.

Angustia-me tomar conhecimento de inteligente e consistente argumentação, contrária à forma como o governo dos derrotados pretende “revelar a verdade” e deturpar a imagem das instituições militares perante a Nação, pela ação obscura e pela visão distorcida e intriguista da imprensa, em documento que, desta forma, se “supõe”, retrata o pensamento e a posição que, moralmente, todos devemos adotar.

Angustia-me constatar que passados dez anos da criação do Ministério da Defesa, com o que pessoalmente concordo, ainda não tenhamos aprendido a utilizar o espaço que nos proporciona o afastamento do poder político para manobrar ostensiva e dissuasivamente em defesa da nossa missão e da nossa importância como instituição nacional e como segmento da sociedade comprometidos, exclusivamente, com os interesses da Nação que, não necessariamente, devem coincidir com os das facções políticas no poder.

Finalizo, amigos, assegurando-lhes que, em meio a tantas angústias, nada se compara à dor de ferir a própria carne, quando o desabafo se transforma em crítica, pois, mesmo que construtiva, a crítica fere a sensibilidade e ferir o Exército Brasileiro é o mesmo que ferir a mim mesmo, pois não me permito ser menos que um Soldado de Caxias!


Paulo Chagas é General-de-Brigada do "Exército de Caxias".

Publicado no site "TERNUMA – Grupo Terrorismo Nunca Mais" – (Artigos).
Domingo, 13 de março 2011.



(*) N da R. – Frase (título desta matéria) proferida por Caxias no dia 6 de dezembro de 1868, quando o Exército Brasileiro, em solo paraguaio desde 1866, defrontava-se com a "passagem de Itororó", sendo a "passagem" uma ponte sobre o arroio de Itororó. O combate começou pela manhã às 8 horas e terminou às 13 horas. Foi um dos mais cruentos da guerra do Paraguai. Três vezes o Exército Brasileiro fora repelido pelas tropas dos generais paraguaios Caballero e Moreno. Quando os brasileiros estavam sendo repelidos pela quarta vez, Caxias "desceu a colina de onde comandava a luta, desembainhou a espada e 'gritando vivas ao Imperador e ao Brasil', lançou-se sobre a ponte, e nesse ato seu cavalo foi morto pelas balas, assim como vários homens que o acompanhavam". A pé, ele continuou. Várias testemunhas relatam que, ao passar pela tropa, Caxias "deu voz de 'firme' e se arrojou sobre aquela posição, exclamando de espada desembainhada, 'sigam-me os que forem brasileiros!' ". (BOOTLEAD).

Um comentário:

Anônimo disse...

Em nada me comove o texto do militar.
Pelo contrário, fico triste, pois se os homens fossem bons , humildes, desprovidos de agressividade e outros adjetivos, não haveria no mundo todo, necessidade de militares, policiais, etc.
Não haveria essa angústia, nem quadros e fotos de matança, de sangue e guerra.E, esses homens estariam trabalhando em profissões saudáveis, e não nessa que envolve armas mortíferas.
Infelizmente, como disse Platão:
"Só os mortos conhecem o fim da guerra"