Por Janer Cristaldo
Min kära finska:
Terve! De fato, tenho visto não poucas mulheres apoiando as práticas bárbaras do Islã. Em meus círculos, conheço inclusive uma professora universitária que defende incondicionalmente os cabeças-de-toalha. São hábitos culturais – afirma – temos de respeitá-los. Afinal, não é o clitóris dela que é cortado. São todas, invariavelmente, de esquerda. E votam no PT, é claro. Têm outra característica em comum: jamais estiveram em países árabes nem sonham em visitá-los.
É difícil entender como uma mulher pode defender a tirania exercida sobre milhões de mulheres. Esta atitude corre por conta do assim chamado multiculturalismo, que pretende tomar a defesa das minorias. Como se muçulmanos fossem minoria. As aguerridas feministas, que brandiram lanças contra o macho ocidental, permanecem silentes ante a mutilação física e opressão das muçulmanas pelo macho árabe.
Você deve lembrar-se da Germaine Greer, a escritora e ativista australiana autora de A Mulher Eunuco (1970), no qual descrevia ligações sobre o relacionamento sexual entre homens e mulheres e a dominação sexual. Greer reivindicava a liberdade. Considerava que as mulheres são "o verdadeiro proletariado, a maioria verdadeiramente oprimida" e que a "revolução só pode ficar mais perto com a retirada do apoio delas ao sistema capitalista". Para a autora, a mulher é "o verdadeiro eunuco" da humanidade.
A mulher ocidental é claro, esta mulher que pode ter propriedades, que pode ser presidente, ministra ou deputada, que tem o direito de escolher seu parceiro, que pode inclusive dar-se ao luxo de não escolher nenhum, que trabalha e faz o que bem entende com seu salário. Quando se trata da mulher africana, Greer tem outro discurso.
Para a feminista australiana, a mutilação genital das meninas deve ser restituída a seu contexto. Tentar impedi-la constituiria uma agressão de identidade cultural.
“As mulheres africanas que praticam a mutilação genital o fazem, primeiro e antes de tudo, porque elas julgam o resultado mais atraente. A jovem que fica deitada sem reclamar quando o excisor lhe corta o clitóris com duas pedras demonstra com isso que ela será uma boa esposa, que saberá mostrar-se à altura de todas as angústias da gravidez e das necessidades cotidianas. (...) As mulheres ocidentais, ornadas com o verniz de suas unhas (incompatível com o trabalho manual), com seus sapatos de salto alto (desastrosos para a postura e para as costas, e completamente inadaptados a longas marchas por caminhos difíceis), e com seus sutiãs, denunciam a circuncisão feminina sem suspeitar um segundo de todo o absurdo de seu comportamento.”
Quem te viu e quem te vê! Para começar, a autora emprega um sutil eufemismo para denominar uma mutilação brutal: fala em circuncisão feminina. Continuando, como se verniz, saltos altos e sutiãs fossem torturas comparáveis à excisão do clitóris que, consequências fisiológicas à parte, incapacita a mulher para o prazer sexual. E como se a mulher ocidental fosse obrigada a usar verniz, saltos altos e sutiãs, sob pena de banimento da sociedade onde vive.
Estes dados, min kära finska, extraio do livro de Ayaan Hirsi Ali, Nomade. Em dezembro de 2007, em Melbourne, quando Greer fazia uma palestra sobre Jane Austen, a escritora australiana Pamela Bone perguntou-lhe se ela via um paralelo entre o conceito de honra familiar em Orgulho e Preconceito e os conceitos de honra familiar nas sociedades do Oriente Médio contemporâneas. Perguntou-lhe ainda porque as feministas ocidentais pareciam tão reticentes a se pronunciar contra os crimes pela honra. Greer sai pela tangente:
- É muito delicado. Me sugerem o tempo todo ir ao Darfour interrogar as vítimas de estupro. Eu posso me dirigir às vítimas de estupro, aqui. Por que deveria falar das vítimas de estupro no Darfour?
- Porque lá é bem pior – replica Bone. - Quem disse isso? – pergunta Greer.
Como se os estupros no Darfour fossem matéria desconhecida no Ocidente. Pamela Bone explica que ela fora ao Darfour e lhe assegurou que lá a situação era nitidamente mais grave.
Serenamente, responde a feminista:
- Enfim, eu diria que é muito delicado tentar mudar a cultura dos outros.
Que as sudanesas se lixem – foi o que no fundo disse Greer. Para a feminista, as sudanesas, mesmo castradas, não são os verdadeiros eunucos da humanidade. De minha parte, diria que é muito mais que delicado: é impossível. O Ocidente pode invadir todo o universo islâmico com seus tanques e aviões e mesmo assim não conseguiria mudar estas práticas ancestrais. Mas que ao menos não se justifique o crime, como o faz Germaine Greer. Parafraseando Camus: não se pede um mundo onde não se cometa crimes - não somos loucos a tal ponto! - mas onde ao menos o crime não seja legitimado.
Você me conta que a imigração virou indústria, empregando milhares de psicólogas, assistentes sociais, e outras profissionais do tipo. A maioria mulheres. “É do interesse deles/delas que se abram mais e mais centros de refugiados, que cada somali traga sua família pra cá. E quanto menos o imigrante se integra na sociedade, mais ele vai precisar da assistência, o que gera mais emprego”.
Este é o mal das assistentes sociais. Sem miséria, não têm emprego. Mutatis mutandis, já vi isso aqui ao lado de casa. Nos anos 90, quando sumiram, sei lá por que razões, os mendigos do largo em torno ao metrô Santa Cecília, li a reclamação de uma assistente social num jornaleco do bairro: “onde estão nossos mendigos? Quem os tirou da praça? Queremos nossos mendigos de volta”. Não por acaso, quem fazia esta pergunta era uma mulher.
Tudo isto decorre da atual falta de nortes às esquerdas. Morto e sepultado o comunismo, dele herdaram uma de suas piores facetas, o antiamericanismo. Ou anti-imperialismo, no jargão lá deles. No fundo, ódio ao Ocidente e seus valores. O Islã se opõe ao Ocidente? O inimigo de meu inimigo é meu amigo.
Não vais ouvir, minha cara, da boca de nenhum militante de esquerda, qualquer repúdio às atrocidades sofridas pelas mulheres no universo islâmico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário