segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

PREOCUPAÇÃO ECOLÓGICA OU OUTROS INTERESSES?


Por Luiz Antonio Domingues in Planet Polêmica 

Preocupação ecológica ou outros interesses?
Desde janeiro de 2012, entrou em vigor em São Paulo, uma nova Lei que proibiu o uso de sacolas plásticas em supermercados. A Lei já estava vigorando em Belo Horizonte, alguns meses antes.
Numa primeira análise, parece uma medida de intenções ecológicas. Como discordar de uma ação desse nível, visto que numa conta grosseira, estima-se que só na cidade de São Paulo, 600 milhões de sacolinhas plásticas eram consumidas mensalmente?
O grande problema do uso de tais materiais plásticos era que as pessoas acostumaram-se ao longo dos anos, a usarem-nas com uma segunda função caseira, além do transporte das compras do mercado para casa. Ou seja, passaram a armazenar o lixo doméstico visando entregá-lo para a coleta.
Dessa forma, em dias chuvosos, esses pacotes mal acondicionados e soltos pelas ruas, passaram a entupir bueiros e bocas-de-lobo e logicamente tornaram-se os vilões das enchentes constantes.
Isso sem contar as explicações biológicas plausíveis sobre o tempo absurdo que demoram para serem absorvidas pela natureza. Argumento inquestionável.
Assim, como não se engajar nessa nova determinação, não é mesmo?
Mas, antes que aceitemos passivamente a suposta preocupação ecológica de nossos mandatários, faz-se necessária uma reflexão.
As sacolas demoram a se biodegradar, enchem bueiros etc. Ora, e se as pessoas parassem de jogar lixo nas ruas, isso não ajudaria? E se a prefeitura fosse 100 % eficaz na limpeza dos bueiros e na coleta de lixo, não ajudaria? E se o lixo ao invés de jogado em aterros fétidos, fosse incinerado e usassem sua combustão para obter gás, não seria uma medida ecológica (e bem vinda como economia)?
Ao invés de proibir as sacolas, pura e simplesmente, não seria muito mais produtivo num médio e longo prazo, investir pesado em educação ambiental nas escolas, formando os cidadãos do futuro?
Aí eu me lembro que outros tipos de sacolas, retornáveis ou não, são sugeridas pelas autoridades. Ora, alguém fabrica esse tipo de material "recomendado", não é verdade?
Isso me faz lembrar a Lei de obrigatoriedade do Kit de primeiros socorros, anos atrás, lembra-se? Certos fabricantes desse tipo de estojinho enriqueceram da noite para o dia. Coincidência quero crer.
A Lei que baniu os Outdoors de São Paulo foi muito elogiada, anos atrás, também, lembra-se? Quem não gostou de ver São Paulo muito menos poluída? Super bacana... mas o que será que aconteceu com as empresas que viviam desse tipo de mídia comercial ?
Então, amigos, o questionamento é esse: O poder público parece preferir medidas bombásticas e antipaticamente invasivas, mas na prática, pouco se esforça para solucionar os grandes desafios dos desgastes urbanos.
Que todo mundo tem que colaborar na coleta e na separação do material reciclável, não tenho nenhuma dúvida. Particularmente, faço-o com prazer. Mas e o poder público, o que faz, exatamente?

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