domingo, 26 de fevereiro de 2012

PAINÉIS DA SÃO PAULO ANTIGA


Por Luiz Antonio Domingues – em Orra Meu!
Espalhados por vários pontos da capital paulista, grandes painéis chamam a atenção pela beleza artística e, sobretudo pelo caráter nostálgico de retratar a São Paulo de décadas atrás.
São paisagens urbanas, com cenas do cotidiano das décadas de 1910 a 1960, principalmente, do século passado.
Trata-se de painéis de grandes dimensões, com a mescla da arte tradicional e o grafite urbano.
Geralmente inspiradas em fotos antigas e em preto e branco, respeitando a impressão causada pela foto, mas em alguns casos coloridas, usando a imaginação do artista.
E de quem estou falando, afinal?
É de Eduardo Kobra, paulistano de 36 anos de idade, fortemente influenciado pela arte urbana do grafite e admirador confesso do artista novaiorquino, Eric Grohe.
A Obra de Kobra encanta pelo detalhismo, beleza estética e certamente pelo fator resgate, trazendo uma rara memória paulistana, pois é mesmo difícil a preservação do ambiente urbano numa megalópole como São Paulo, onde a especulação imobiliária, invariavelmente é desumana.
Um dos mais lindos painéis, a meu ver, está na Av. 23 de maio, na altura do Viaduto Tutóia, onde uma São Paulo dos anos vinte, fica observando o caos do gigantesco fluxo de automóveis da São Paulo atual.
Eduardo Kobra tem o seu estúdio próprio (Studio Kobra) e a este projeto em específico, dá o nome de "Muro das Memórias".
Eis aí um exemplo de como o grafite pode ser artístico, belo e promotor de uma memória raramente evocada do paulistano por sua própria cidade.
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 >>>ACRESCENTO/PVEIGA>>>
Eduardo Kobra (foto ao lado) é um expoente da neo-vanguarda paulista. Seu talento brotou por volta de 1987, no bairro do Campo Limpo, com o pixo e o graffiti, e se espalhou pela cidade. Com os desdobramentos que a arte urbana ganhou em São Paulo, Kobra derivou – com o Studio Kobra, criado nos anos 90 - para um muralismo original, inspirado especialmente nos pintores mexicanos, e no design do norte americano Eric Grohe. Ele se beneficiou das características de artista experimentador, bom desenhista e hábil pintor realista para dar continuidade ao seu trabalho.
Nesse caminho o artista desenvolveu o projeto “Muros da memória”, que busca transformar a paisagem urbana por meio da arte e resgatar a memória da cidade. O projeto é síntese do seu modo peculiar de criar, através do qual não apenas pinta, mas também adere, interfere e sobrepõe cenas e personagens das primeiras décadas do século XX. É uma junção de nostalgia e modernidade, por meio de pinturas cenográficas, algumas monumentais, criando através delas portais para saudosos momentos da cidade. O maior destes murais, que mede 1000 m², foi realizado em 2009 na Avenida 23 de Maio, em comemoração ao aniversário de São Paulo.
Kobra desenvolve obras que misturam o traço do grafite rico em sombra, luz e brilho O resultado são murais tridimensionais que permitem ao público interagir com a obra. A idéia é estabelecer uma comparação entre o ar romântico e o clima de nostalgia, com a constante agitação de hoje. Além de inúmeros trabalhos em São Paulo e no interior, Kobra produziu murais em Brasília, Rio de Janeiro, Belém do Pará e Minas Gerais. Em julho de 2010, o artista vai para Londres iniciar seu primeiro mural internacional.
Paralelamente, Kobra desenvolve sua produção pessoal com exposições dentro e fora do Brasil. Em dezembro de 2009, participou do “Salon National Des Beaux-Arts 2009”, exposição que acontece a 148 anos no Museu do Louvre, em Paris. Além de fazer pesquisas de materiais reciclados e novas tecnologias, como a pintura em 3D sobre pavimentos - muito difundida por nomes internacionais, como Julian Beever e Kurt Wenner -, à convite da prefeitura de São Paulo, o artista realizou na praça patriarca a primeira pintura em 3D sob pavimento do Brasil .
A técnica anamórfica consiste em "enganar os olhos"; ela pode parecer distorcida em certo ângulo, mas ao ver do ângulo correto, estipulado pelo artista, ela se torna 3D apresentando uma incrível variação de profundidade e realismo.
Inquieto e irrefreável em suas buscas criativas, Kobra é hoje um fenômeno da arte brasileira da neo-vanguarda que não se permite ignorar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Realmente Kobra é a bola da vez. Quem tiver obras do artista, certamente vai se surpreender após seus passeios pela Europa e EUA. ifcto