segunda-feira, 25 de junho de 2012

BALANÇA, MAS NÃO CAI

Do rádio para a TV
Foi um programa humorístico brasileiro. Criado por Max Nunes e Paulo Gracindo na Rádio Nacional do Rio de Janeiro na década de 1950, o programa migrou para a TV Globo em 1968.
Balança Mas Não Cai estreou em 1950 na Rádio Nacional e ali permaneceu até 1967. O programa era ancorado por Wilton Franco. Ele apresentava os quadros humorísticos, supostamente passados nos apartamentos de um edifício residencial fictício, onde moravam as personagens, modelo seguido hoje também pelo “Zorra Total”.
O programa estreou na Rede Globo em 16 de setembro de 1968, permanecendo no ar até dezembro de 1971. Inicialmente, era apresentado ao vivo e tinha como apresentador Augusto César Vannucci. Em 1972, o humorístico passou a ser apresentado na TV Tupi, e só retornaria para a Globo em 1975 até 1983, com apresentação de Paulo Silvino. No ano seguinte, contudo, o programa foi cancelado.
FORMATO E LINGUAGEM
- Um dos maiores sucessos da Rádio Nacional na década de 1950, Balança Mas Não Cai chegou à TV Globo em 1968, dirigido por Lúcio Mauro e apresentado por Augusto César Vannucci. Em um mês, o programa criado pela dupla Max Nunes e Haroldo Barbosa já era líder de audiência, e os bordões de personagens como Ofélia (Sônia Mamede) – “Eu só abro a boca quando tenho certeza!” – eram repetidos em todas as rodas de conversa.
- O formato era semelhante ao consagrado no rádio e se baseava nos moradores de um decadente edifício-cortiço, como os muitos erguidos devido à crise habitacional que o Rio de Janeiro, na época capital federal, atravessava no início dos anos 1950.
- Em 1972, Balança Mas Não Cai passou a ser exibido na TV Tupi e só voltou à grade de programação da TV Globo dez anos depois, nas tardes de domingo. A equipe era a mesma, e a produção, de José Carlos Santos. Paulo Silvino, que já havia substituído Augusto César Vannucci em alguns programas da primeira fase, era o apresentador.
- O desenhista Juarez Machado também foi o responsável pelos cenários surrealistas do programa. No quadro estrelado pelo ator Luís Alves Pereira Neto (o Ferrugem), por exemplo, o cenário era decorado por lápis gigantes espalhados pelo espaço. Na casa da personagem Dona Iaiá (Ema D’Ávila), os móveis eram imensos, com cadeiras e mesas de três a cinco metros de altura.
 Fernandinho e Ofélia
- Entre os vários quadros que marcaram época no Balança Mas Não Cai está o que apresentava a Porforilda Ofélia (Sônia Mamede), uma mulher muito ignorante e sem nenhuma consciência disso, e seu marido Fernandinho (Lúcio Mauro), um homem rico, sofisticado e apaixonado pela esposa, mas que vivia envergonhado com suas gafes, como quando sua mulher dizia a um convidado ilustre que no jantar seriam servidos pratos como “estraga-o-nove”, “homelétrico de queijo” e “pancuecas”.
Primo Pobre & Primo Rico
- Com criação de Max Nunes, o célebre quadro tinha sempre o mesmo esquema: o Primo Pobre (Brandão Filho) visitava o luxuoso apartamento do Primo Rico (Paulo Gracindo) em busca de ajuda para as suas dificuldades financeiras e acabava ouvindo os queixumes do parente milionário. A graça nascia do abismo entre as realidades vividas pelos personagens. Ao ver que o tapete do primo tinha quase oito centímetros de espessura, o Pobre comentava: “Primo, esse seu tapete alto me lembra logo lá de casa”. “Na sua casa tem tapetes altos assim?”, estranhava o Rico. “Quem sou eu, primo! É o capim, que já está mais ou menos nessa altura. Já está entrando pela casa. A situação não está boa, não, primo!” O Primo Rico tinha também um mordomo, Charles, que costumava atender aos seus chamados com um sonoro: “Yes, sir!”, que quase perfurava os tímpanos do Primo Pobre de tão alto que falava. Charles foi interpretado por Arnaldo Artilheiro na primeira fase do programa; e por Tony Tornado, nos anos 1980.
- Como vários quadros do programa, Primo Pobre & Primo Rico era extremamente popular e influente. O público adotava prontamente bordões, como “Primo, você é ótimo!”, e até os nomes mencionados pelos personagens. Foi o caso de Ricardo, o amante da mulher do primo rico. Ela nunca aparecia: estava sempre fazendo compras ou viajando pela Europa com o sujeito. Homem civilizado e pouco afeito às pequenezas do espírito, o milionário parecia não perceber que estava sendo enganado e tinha até afeição pelo rapaz, a quem chamava de “Ricardão”. Não demorou até o nome cair no gosto do público e se transformar em gíria para amante.
- Num dos episódios, os primos conversavam sobre a fome: o Primo Rico dizia: “Olha aqui, primo, de uma coisa eu me orgulho. Nesta casa ninguém passa fome”. E o Pobre respondia: “Mas eu estou passando”. O Rico, então, enchia o primo de esperanças: “Mas será por pouco tempo. Principalmente você, que é meu primo, não vai passar fome aqui em casa”, e chamava o mordomo, Charles. “Leva o primo lá para fora. Aqui em casa você não passa fome. Vai passar fome na sua”, ordenava o Rico. E o Pobre, então: “Primo, você é ótimo!”. O Rico se despedia: “Primo, você também é ótimo!”.
CURIOSIDADES
- Max Nunes afirmou que usou como fonte de inspiração as chamadas “cabeças de porco”, moradias ocupadas por famílias numerosas onde todo mundo se espremia para viver no Rio de Janeiro da década de 50, após a Segunda Guerra Mundial. Com o sucesso do programa, Balança Mas Não Cai virou o apelido de um edifício – igualmente superpopuloso – na esquina da Rua Santana com a Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio. –
 Além dos personagens interpretados pelo estrelar elenco do programa – que Lúcio Mauro definiu como “a seleção brasileira do humor”, e incluía nomes como Walter D’Ávila, Zé Trindade e Lilico (do bordão “Como é bom ser rico!”), o Balança Mas Não Cai também contava com as participações especiais de humoristas de outros programas da TV Globo, como Agildo Ribeiro (TV0-TV1), Jô Soares (Faça Humor, Não Faça Guerra) e Chico Anysio (Chico Anysio Especial).

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