terça-feira, 5 de junho de 2012
A CALCINHA NA CÂMARA DOS DEPUTADOS
“Alguns, mesmo querendo ser o centro das atenções, quando muito, são alvos dos olhares de lado” - (Gudé).
Por José Eugênio Maciel
“Não há nada de errado com aqueles que não gostam da política,
simplesmente eles serão governados por aqueles que gostam.”
Platão
Um deputado federal deixou cair do bolso do paletó dele uma calcinha, quando passou a atender o celular, sem perceber a queda. Imediatamente um segurança da Câmara dos Deputados apanhou a peça íntima, aliás, de tamanho grande, e a incinerou. O fato teria ocorrido há aproximadamente quinze dias, mas só foi noticiado pelo Jornal Folha de São Paulo, no último dia 31. O presidente da Câmara Marco Maia (PT) qualificou o episódio como “ridículo”.
A calcinha seria para a esposa? Para uma amante? Ou o parlamentar comprou para uso próprio?
Apesar de a calcinha ter caído em um recinto público, no Poder Legislativo Federal, a questão é, em princípio (talvez não por princípio) pertinente à esfera privada. Em se tratando de Poder, o da Câmara, calcinha tem mesmo poder, de excitar, seduzir, induzir, atrair, mobilizar, paralisar e por aí vai. O episódio faz lembrar o mineirinho que, ao responder quais seriam as melhores coisas do mundo (excluindo o queijo), afirmou ser a calcinha, exclamando, ao completar educadamente a sua raciocínio: “A calcinha não está em primeiro lugar, mas está bem pertinho, colada no primeiro lugar”.
Quem sabe dirá o caro leitor faltar-me escrever sobre temas efetivamente relevantes e, portanto, de grande interesse. O escrevinhador aqui dá toda razão. Provavelmente forçando a barra, me deu uma vontade enorme de escrever algo sobre os acontecimentos de Brasília em termos de algum dos Poderes, Legislativo, Executivo ou Judiciário.
“Escândalo em Brasília” foi a ideia inicial. Entretanto, após muito pesquisar nada encontrei efetivamente de escandaloso oriundo da nossa Capital. Assim sendo, restou-me a trivialidade, somando-se a pachorra ao abordar a questão da calcinha perdida por um ilustre parlamentar, em pleno recinto da Câmara, sou obrigado a concordar com o presidente da Casa, o gaúcho petista Maia, é mesmo algo “ridículo”.
Ridículo ainda eu me sinto por achar que lá teria algum escândalo moralmente indefensável a ser investigado, apurado com a devida punição exemplar, com o intuito de não mais se repetir, para o bem público e felicidade da Nação.
Ainda bem que é apenas e tão-somente uma calcinha, meramente uma peça íntima descuidadamente caída no fofo e bem limpo carpete da Câmara, por uma das suas Excelências tendo as suas forças exauridas de tanto trabalho, sempre em favor do povo, ou ao menos, em favor de uma distinta mulher ou motivado pelo próprio fetiche.
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